Pulando alguns degraus, Olívia desceu, chegando rapidamente até a sala de jantar onde seus pais estavam conversando. Já que pararam ao perceber sua presença. Ela tentou pensar se escutou alguma parte da conversa, já que as ações deles de disfarçar rápido a deixaram curiosa.
Mas só escutou o murmúrio de um nome. Lamontre? Talvez fosse mais um daqueles nomes pomposos e estranhos.— Quem é Lamontre? — Indagou, pegando uma maçã do cesto de frutas, a mordendo. Enquanto mastigava, encarava os mais velhos de forma intensa. — Heyyy.
Ela cantarolou, balançando de forma exagerada a mão livre.— Lamontre, minha filha? — Com uma risada bem armada, a mãe negou, ajeitando os fios da mais nova. — Deve ter se confundido. Nós estávamos falando sobre sua irmã. É claro.
— E o que tem a Amanda?
Era adorável ver sua mãe se esforçando para convencê-la. Não sabia o que estavam escondendo, mas com toda certeza não era sobre sua irmã. Até mesmo se ela estivesse grávida, Olívia seria a primeira a saber, sem dúvidas.
E então, sua mãe jogou no ar algumas palavras sobre o Levi e a alergia dele aos gatos, depois dizendo que Amanda havia adotado um. Fingindo satisfação com a explicação esfarrapada, Olívia deu uma volta pela casa, até encontrar com Kevin.— Está muito arrumado para quem vai passar a noite lendo com a melhor prima de todas. — Passou o olhar sobre ele, se sentando perto do mesmo.
— Oh, é verdade. Eu prometi que faria companhia para você, não foi? — Ele parecia distraído, isso a irritou, mas não de modo muito agressivo. Mas por ter percebido que seu primo maravilhoso, esqueceu-se dela.
— Prometeu. — Resmungou, pressionando os braços sobre o tecido do vestido simples.
— Se eu fosse voltar mais cedo com certeza lhe faria outra promessa. Uma como, trazer mais bolinhos para você. — Olhando a mais nova, ele soltou um suspiro seguido de um meio sorriso. — Bem, pelo visto nem mesmo se eu oferecer uma visita ao lago você vai aceitar. Que triste.
— Ao... Lago? — As sobrancelhas arqueadas mostraram, mesmo que sutilmente, o interesse dela.
— Esteja pronta de manhã. Saímos antes que a sua mãe tente nos impedir de viver outra bela aventura. — Kevin então se levantou, dando um beijo na testa de sua prima antes de sair. Tudo o que ela ouvia no momento, era o relógio, mais lento e irritante do que o normal.
Inspirou fundo, e soltou devagar. Impacientemente ela esticou o pescoço para olhar os corredores, parecia que ninguém percebia o silêncio perturbador que a casa fazia. Poderia apenas dar uma espiada, para ver com quem seu primo iria sair. Depois meia volta para voltar, junto com uma desculpa ruim como as de suas mãe para justificar sua escapada.
Quando percebeu já estava do lado de fora, agasalhada, seguindo os passos preguiçosos dele. Não foi de carruagem, nem de cavalo. Sorte a dela, e que sorte. Mas foi uma boa caminhada até chegar à praça mais próxima da casa.
— Malditas pinturas, secaram muito rápido. — Praguejou enquanto era arrastado por Caleb, pela praça. — Seu amigo com toda certeza, estava preparado para encontrar apenas com você.
— Kevin é um cara legal, tão legal quanto eu. Vai adorar você meu amigo, adorar. — Soltou uma risada animada, gesticulando de longe ao avistar Kevin. — Lá está ele!
E então eles se aproximaram mais, e se cumprimentam sem muita cerimônia ou formalidade. Olívia não podia ouvir muito da distância em que estava, então espremeu bem os olhos para ver se ao menos enxergava melhor. Haviam mais dois rapazes, os dois pareciam familiar. Depois de muito esforço, muito esforço mesmo, conseguiu se lembrar. Aquele sujeito com a cara esculpida, só podia ser Caleb. Ele e Kevin eram grandes amigos, e como ela vivia grudada no primo ( em todos os momentos em que o drama ao implorar permitia ) claro que o conhecia também.
Ele era pintor, e não poderia negar que tinha um rosto um tanto… agradável. Mas suas brincadeiras começam a perder a graça depois dos primeiros dois anos, claro.— Mas quem é o outro… — sussurrou, percebendo que os rapazes sumiram de sua vista. Ela passou muito tempo procurando saber quem era o Caleb. Deu uma volta, analisando entre as árvores e bancos que se escondiam na noite já caída. Decidiu que não se importava mais, e não porque estava com medo de ficar sozinha ali. Mas sim porque Caleb e Kevin não poderiam fazer nada que fosse muito interessante para ela. E nada que fosse apropriado descobrir.
Pronta para dar a meia volta. Ergueu o tecido do vestido, caminhando em passos largos e silenciosos. Não demorou muito até que soltasse um grito de surpresa ao sentir algo tocar seu ombro. Seus braços trêmulos se posicionaram, prontos para atacar qualquer que fosse a ameaça. Perdeu a pose ao ouvir a risada feia de seu primo.
— Kevin! Eu poderia muito bem morrer do coração, você sabia? — Ela xingou baixinho, abraçando o próprio corpo. Ajeitou a postura para encarar o maior com um semblante calmo.
— Não era para estar na rua, sabia disso? É uma surpresa imensa esbarrar em você por aqui. — Ela soprou o ar, insinuando não ter achado graça. — Mas sério, Olívia. Sair assim no meio da noite é meio arriscado, ainda mais para me seguir. Não vale a pena ter uma reputação arruinada por ter seguido o primo e assistir ele e os amigos fazerem uma competição de quem pinta um pato melhor.
— E aonde seus amigos estão?
Claro que ainda estava curiosa.— Eles estão bem, é uma gentileza da sua parte perguntar, senhorita Watson.
Ela revirou os olhos. Ele a imitou.
E sem demora ele estava acompanhando ela de volta para casa. Mesmo sendo de noite, estava cedo. Ele aproveitou para voltar até onde os outros estavam. E ela? Bem, passou o resto da noite tentando imaginar como ela pintaria um pato, se estivesse bêbada, é um detalhe importante.O jovem Lamont nunca foi um grande fã de reuniões. Sejam essas de família, amigos, e principalmente desconhecidos. Por outro lado, Kevin era um desconhecido legal. Com histórias malucas e interessantes. Fazia ele se questionar se algum dia, faria algo que o mundo considerasse loucura apenas por diversão.
— E como vai a Olívia, Kevin? — Caleb perguntou, enquanto escolhia as tintas para o seu quadro. Alex voltou a prestar atenção nos dois, e ao mesmo tempo saboreava o vinho que lhe deram.
— Agradavelmente peculiar, como sempre.
Eles riram.
Alex não era o mais novo, mas entre os dois se sentia assim. Não de modo ruim, mas eles tinham muitos assuntos novos. Igual ao assunto Olívia.— É sua namorada, senhor Watson? — Curioso, deixou escapar. Em seguida, foi acalmado pela risada calorosa de Kevin misturada com a de um fumante do Caleb.
— Por favor, me chama apenas de Kevin! E Olívia é minha prima. Na verdade, quase como uma irmã para mim. Seu cabelo me lembrou ela.
— Lembrou? Mas Olívia não é ruiva. — Caleb parecia pensativo, como se tivesse esquecido um detalhe estupidamente óbvio. — Certeza que ela não é ruiva…
— Não, mas ela aprecia muito pessoas com essa cor de cabelo. — Mentiu, para evitar algum constrangimento a sua prima. Mesmo que ela nunca fosse saber.
O Sol se levantou, e Olívia junto com ele. Não importava se Kevin estivesse morrendo. Nessa manhã, ele prometeu levar ela até o lago, então ele vai levá-la até lá. Simples assim.
Seu único e maior obstáculo, era sua mãe. Simplesmente proibiu Olívia de passar perto do lago quando a mesma tinha seis anos ou menos. Era um dos poucos mistérios que a menina nunca teve resposta.Tinha acordado até mais cedo, para passar na cozinha antes que qualquer pessoa estivesse lá. Pegou alguns doces e salgados, aproveitando para montar uma cesta de piquenique. Quando essa parte ficou pronta, a única coisa que restou foi pegar um lençol para jogar sobre a grama.
— Olívia, acorda.
Ela escutou o sussurro que vinha de trás da porta e logo respondeu.— Estou acordada! — Seu tom não era muito alto, era o suficiente para que seu primo a escutasse, mas mesmo assim, ele repetiu a mesma frase duas vezes até que ela abrisse a porta. — Parece que está surdo, meu Deus.
Ele riu, pegando uma das bolsas para ajudar.
— Eu que estou?
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Como Conseguir O Cavalheiro Dos Sonhos
RomanceAquele sonho, outra vez. Faziam dias em que Olívia tinha sonhos com aquele cavalheiro misterioso. E ela particularmente, havia encontrado seu porto seguro ali, naqueles pequenos momentos irreais.