6- Meu doce amargo

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TW: Namoro abusivo.

Eu estava algum tempo sem ter ninguém, e Mina ja não estava mais fazendo parte dos meus pensamentos. Dahyun me convidou para ir a um club de mulheres da comunidade, que ficava escondido dentro de outro. Era um lugar seguro, pois só era permitida a entrada de mulheres.

Ela foi me buscar em meu apartamento, quando a porta foi aberta, vi ela com uma calça social e uma camisa branca, carregava uma bolsa pequena em seu ombro, e um buquê de flores amarelas nas mãos. Ela era um pouco mais baixa que eu, parecia uma bonequinha. Cabelos pretos, olhos  pretos, e um sorriso impossível de não ser retribuído.

— Oi Sana. — Dahyun sorriu. — Aqui, para você!

— Que lindas... Obrigada! — Eu sorri. — Vou colocar em um vaso.

Eu entrei no apartamento com mais pressa possível para deixar as flores em um vaso. Dahyun era amiga de Nayeon e Jeongyeon, e eu a conheci na casa da meninas, no jantar de noivado de Jeongyeon e Vernom. Ela se interessou por mim, e estávamos conversando por algumas semanas já, eu achei que ela era hetero e até Nayeon e Jeongyeon também, mas pelo visto, estavamos enganadas.

Ela era um doce, muito educada e carinhosa, mas ninguém sabia sobre nós durante esse tempo. Seus beijos eram doces e vagaroso.

— Isso foi muito gentil, não precisava se incomodar Dahyun. — Eu disse quando ela me acompanhou com passos lentos atrás de mim.

Suas mãos estavam juntas na frente de seu corpo, e ela com certeza era totalmente diferente de mim. Ela era uma mulher elegante e fina, provavelmente veio de uma família rica. Era arquiteta, então poderia dizer que ela era uma mulher inteligente também.

— Claro que precisava, você é uma dama. — Dahyun sorriu e eu a acompanhei.

— Vamos? — Eu perguntei, segurando sua cintura. Ela me puxou para um beijo apenas com seus lábios.

— Sim.

Nós nos divertimos demais, dançando e conversando por toda a noite, lá era um lugar seguro para todas nós. Dahyun chegou mais perto de mim com o tempo e deixou beijos pela minha bochecha e boca, no início ela parecia com medo olhando para todos os lados, mas foi se soltando aos poucos.

Nayeon chegou um tempo depois, com uma garota, e Dahyun se afastou de mim. Eu estranhei isso, mas ela parecia se esconder do olhar de Nayeon e eu preferi não tocar no assunto. Dahyun olhou para mim como se eu não tivesse notado nada e sorriu, chegando ao meu ouvido e murmurando.

— O que acha de irmos embora? — Ela pegou minha mão, apertando fraco.

— Ah, claro. — Deixei um beijo em sua bochecha e ela me puxou para fora dali.

Ela me levou até seu apartamento, era madrugada de domingo e ela não trabalhava no outro dia. Ela me deitou na cama e fizemos sexo por horas. Eu estava tão apaixonada que esqueci da forma como ela agiu momentos antes, como se quisesse esconder quem ela era.

Nós ficamos nisso por três meses. Dahyun ficava perto de mim, e ela era um sonho de namorada quando estávamos a sós, mas ela me fez entender que não estava pronta para contar sobre si para outras pessoas. Até mesmo para nossas amigas.

— O que há entre vocês duas? — Nayeon indagou, bebendo sua cerveja.

Dahyun me olhou de canto de olho, como se eu tivesse falado algo para alguém.

— Não há nada entre nós duas. — Ela comentou tão facilmente que isso quase me convenceu. 

— Okay Dahyun, mas você está tão estranha, ta se envolvendo com alguém? — Jeongyeon sorriu levantando as sobrancelhas.

— Não sei do que vocês estão falando. — Dahyun revirou os olhos. — Não me envolvi com ninguém.

Eu fiquei chateada com isso, mas ignorei e continuei outro assunto, fingindo que nada tinha acontecido entre nós também.

Eu estava ficando mais do que acostumada com essa situação, e eu não conseguia entender como podia aceitar tão facilmente qualquer coisa que viesse de Dahyun, mesmo que fosse algo que estivesse me destruindo em pedaços a cada vez que eu era negligenciada.

Nós fazíamos sexo e eu escutava diversas juras de amor, ela falando sobre minha beleza e o quanto era sortuda por me ter. Ela me achava tão linda, mas não o suficiente para me ter fora de quatro paredes, ou quando nossas amigas nao estavam lá.

Eu a amava, era apaixonada. E era como se todos meus machucados tinham sido cuidados e limpos, toda vez que ela voltava para mim com um buquê de flor ou me dava um pouco de atenção.

Ela era o meu doce amargo.

Mesmo sabendo que deveria cair fora dali, que Dahyun estava me apagando cada dia mais, existia momentos em que eu achava que tudo que eu tinha era necessário para um relacionamento. Eu não conseguia deixá-la, não sabia dizer se era medo de ficar sozinha, ou acomodação.

Quando tive coragem de tocar no assunto, ela me manipulou, dizendo que não saberia viver sem mim, e que eu era a mulher de sua vida. Eu acreditei como uma tola.

Nós brigávamos por isso, eu queria postar fotos com ela, mostrar que estavamos juntas, mas nem em marcações no Instagram eu era permitida a fazer.

Você acha que a manipulação acaba depois que ela percebe o que fez.

Mas então ela saia brava do meu apartamento, dizendo que não queria mais passar por essa situação, e me liga bêbada de madrugada pedindo desculpas e dizendo que iria ser diferente agora.

Na segunda briga, ela me encontrava no apartamento com alguma amiga e ficava emburrada, e quando eu perguntava o que havia de errado, ela dizia que não confiava em minhas amigas, que eu era muito linda e que ela só estava cuidando do que era dela.

Na terceira briga, uma pessoa desconhecida da em cima de você, quando ela está afastada por conta de suas amigas estarem juntas no mesmo club. Ela fica furiosa e vai atrás de algum homem pra dançar, e você vê tudo. Vai pra casa, e no dia seguinte, ela aparece com um buquê de rosas, ficando de joelhos na frente da sua cama, e dizendo que perdeu a cabeça pensando que poderia te perder.

Da última vez, você não acredita mais que ela vai mudar, mas não há outra opção a não ser abraçar e aceitar seu beijo, enquanto ela fica chorando em sua frente como um cãozinho abandonado.

E em algum momento, você sabe que é tarde demais para conseguir fugir dessa situação, então você se apoia no box do banheiro e chora tudo que consegue por uma hora dentro do seu banho. Chora o mais quieto que pode quando sente os braços enrolando em você durante a noite, você sabe que não se sente mais segura dentro deles.

E você tenta esconder sua infelicidade de todas as pessoas a sua volta, da mesma forma que fazem com uma mancha em uma roupa ou uma espinha no rosto. Eu estava em um ponto tão desgastante, tão vazia, que não sentia nada por Dahyun, nem mesmo ódio ou rancor.

Então eu contei tudo para Nayeon e Jeongyeon, desde o primeiro momento até o último, e chorei como um bebe em seu colo. Eu acho que alguma das duas teve uma conversa séria com Dahyun, pois ela nunca mais me procurou, nem a elas.

Por causa disso, um dia me peguei pensando que talvez ela não me amasse tanto como falava, nunca entenderia Dahyun.

E eu ainda estive com medo, por algum tempo, de que ela voltasse, e eu não soubesse dizer não. Ainda não tinha certeza do quão forte sua autoridade estava aqui dentro.

todas as mulheres que já tiveOnde histórias criam vida. Descubra agora