Capítulo XI

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São Paulo estava fria, um pouco lotada e muito diferente do que  imaginei que seria. Não que eu já tivesse vindo a esse lugar a passeio outras vezes, mas, enfim, para ser sincera nunca saí do aeroporto em todas as vezes em que pisei em solo paulista mesmo. Então...

Sorrio comigo mesma.

Soa patética, eu sei.

E diferente de mim, Amanda  parecia muito a vontade com toda aquela situação de estar fugindo dos seus pais para realizar um maldito desejo infantil.
Tomara que o tiro não saía pela culatra.

No táxi, indo em direção ao hotel pousada em que a Patrícia estava nos esperando, observei uma parte do meu país da qual nunca tive a chance de conhecer. São Paulo era bem maior do que eu via nos filmes brasileiros que havia assistido, não eram muitos, claro, pois vamos combinar que filme nacional bom mesmo só 'O alto da compadecida' e acabou-se. Não que eu seja preconceituosa sobre o fato de que Hollywood monopolizou a indústria cinematográfica e por isso os outros países e culturas não tem vez, é só que, se o nosso país não focasse tanto em cenas de sexo e tentasse abordar mais os outros aspectos do filme, talvez a história desse para as crianças de todas as idades assistir em companhia dos seus pais e talvez assim, as pessoas crescessem assistindo os filmes do seu próprio país.

Acho justo.

Assim, ao sairmos do táxi, notei que o ar seco era diferente do que estava acostumada. Estranho.

E lá vai a bomba. O hotel não era hotel. Era só pousada mesmo.  Uma simples, pequena e cheia de adolescentes e pessoas de todas as idades vestidos de várias fantasias e de roupas que não deveriam ser vestidas por uma pessoa com uma consciência em seus plenos direitos facultativos. Enfim, o espaço era pouco e eu estava me sentindo sufocada com tudo aquilo, enquanto a bonita da Amanda tentava ligar para a nossa anfitriã que já deveria estar aqui. Sinto o meu peito apertar em uma discreta agonia.

— Enfim vocês chegaram! — Patrícia segue em nossa direção ultrapassando um homem meio gordo vestido na fantasia do Superman que tomava todo o espaço sem se preocupar com mais nada. — Já está tudo organizado, vamos para o nosso quarto. — Segue nos guiando por entre a multidão de jovens.

Agradecida por não ter trago mais de uma mala, segui com dificuldade pelo estreito corredor até o nosso quarto, que, ocasionalmente conseguia ser bem menor do que o do internato. Quanto elas estão pagando por isso?!

— Não olhem assim, foi tudo o que eu consegui em cima da hora. — Patrícia comenta sentando-se em uma das camas. — Ok, agora vamos decidir quem irá ficar com a cama e o sofá. — Diz retirando o seu óculos escuro do rosto pela primeira vez desde que chegamos.

Sim, o nosso minúsculo quarto somente possuía duas camas e um mini sofá velho, provavelmente fedido, de dois assentos estreitos e sujos. Sei não em, mas já acho que estou me arrependendo de ter aceitado tão facilmente esse suborno. Um fone de ouvido não vale tanto sofrimento... Ou vale?

— Eu... — Inicio esperançosa.

— A Melina é a mais nova, então eu acho que ela não vai se importar em  dormir no sofá por algumas noites. — O QUE?! — E depois, Patrícia tem asma, não pode dormir em meio a poeira. — Amanda continua argumentando enquanto o meu ódio por ela aumenta. — E o sofá não parece ser tão ruim assim.

— Se não é ruim por que você não dorme nele querida? — Pergunto indignada. Quem ela pensa que é?!

— Por que a maravilhosa ideia de estarmos aqui hoje foi dada por mim, e nem pensar que vou dormir num sofá que provavelmente tá cheio de camisinhas usadas. — Faz uma cara de nojo.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde histórias criam vida. Descubra agora