Capítulo XIII

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O que falar do meu primeiro dia de Comic-Con?! Pareceu mais uma feira dos sonhos do que um evento simples e oneroso para nerds de todas as idades. Agora entendo porque os ingressos acabam quase cinco segundos depois de serem lançados para a compra on-line.

E assim que chegamos no evento, fiz imediatamente Joe comprar um óculos imenso que cobria praticamente todo o meu rosto para eu poder andar livremente sem me preocupar em ser vista pelas duas cobras que eu chamo de amigas.
Sim, ainda estou chateada com elas e não, nem por cima do meu cadáver falarei onde estava e com quem estava.

Quero que sofram até o último instante sobre saber ou não do meu paradeiro.

Enfim, ficamos andando pelos corredores observando as enormes filas para conseguir autógrafos de atores de filmes e escritores de quadrinhos e por aí vai. Com muito esforço, consegui comprar uma camisa masculina linda do Hulk parecida com a que o Sheldon Cooper usava em alguns episódios da série The Big Bang Theory.

Quis comprar a coleção inteira mas, Joe não deixou. Não sei o porquê já que ele havia me dado o dinheiro para gastar do jeito que eu quisesse e com o que eu quisesse, enfim, e ele dizendo que queria ser meu amigo...

Depois de horas andando para lá e para cá, decidimos sair do imenso balcão lotado de gente durante todo o tempo e seguir em direção contrária ao caminho do apartamento. Fiquei nervosa? Claro, quem não ficaria com medo andando com um asiático rico pelas ruas desconhecidas de um país que o machismo prevalece?!

No entanto, continuei o seguindo obedientemente por todo o percurso durante alguns minutos, ignorando os olhares dos rapazes e algumas moças em nossa direção.

Joe parou em frente a um parque de diversões enorme e eu fiquei pensando: " O que ele tá fazendo agora ?" Até entender qual era a sua intenção.
O jovem alto e lindo comprou as nossas entradas e tive que subir a manga da minha jaqueta jeans linda para que pudessem prender em meu pulso direito uma pulseira néon esverdeada escrita "Passe livre".
Fiquei revoltada.
Então, quer dizer que não posso gastar duzentos e setenta reais em camisas da DC, mas ele pode gastar cento e vinte reais em duas entradas para brincar por algumas horas em um parque?! E daí que o dinheiro era dele! Caso ele não saiba, as camisas iriam durar bem mais do que o tempo que passaríamos aqui.

Mas tirando esse detalhe, amei brincar em todos os brinquedos até os mais loucos e altos. Ri, gritei, quis chorar mas segurei, depois gritei novamente e assim foi a noite inteira. Acreditariam em mim se eu dissesse que só nessa primeira noite comigo, Joe gastou bem mais de quinhentos reais?!
Sei que devem estar se perguntando o porquê de eu sempre ficar citando valores, e para ser sincera também não gosto, mas, terei o prazer em lhes responder da forma mais simples e clara possível: Sou pobre.
Pobre faz isso. Contabiliza tudo depois de gastado, não sei dizer o porquê desse hábito e nem o por que fazer isso mas, nós fazemos o tempo todo e toda hora.

E assim que o dia terminou, ele praticamente me carregou até o apartamento e me jogou em cima da cama. Nesse dia, não jantamos. Depois que ele saiu do meu quarto tirei parte da minha roupa e dormi somente de arregata e short, e não, não era preguiça de banhar e vestir o pijama do picachu, era somente cansaço físico e mental.

Somente.

No dia seguinte tudo foi mais tranquilo. Tanto Joe quanto eu já estávamos habituados com o fato de estarmos dividindo o seu apartamento, passando o dia e parte da noite juntos e com o fato de que eu  aparentemente era uma menina e ele um lindo menino.

Não vamos ocultar esse fato por favor.
...

Haviam se passado três dias desde que eu havia chegado em São Paulo e tudo tinha sido tão bagunçado que mal sabia aproveitar a minha estadia por aqui.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde histórias criam vida. Descubra agora