Capítulo XXVII

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Ratinho corre aqui por que a audiência vai ser certa.

Comendo quase sem conseguir engolir com o clima super tenso no ar, nós três tentávamos não nos encarar por muito tempo, afinal, por mais que seja inevitável precisávamos pelo menos disfarçar.

Então, recapitulando o episódio anterior a mocinha nada mais é do que uma prima por parte de pai que é visivelmente apaixonada por ele, seu único primo mais velho e namoravel já que ela está aqui, no outro lado do mundo só para o agarrar tão forte quanto um caranguejo com sua miserável presa.

Emi Takahashi é o seu nome e pasmem:  ela só tem quatorze anos de idade e já viaja pelo mundo livremente como se fosse uma adulta capaz de se cuidar... De verdade, pessoas com dinheiro realmente podem fazer o que quiser.

— Então, — Ela me olha com... desdém?— Vocês estudam juntos? — Fala em um inglês perfeito.

— Basicamente. — A respondo com indiferença.

Se ela pensa que pode me tratar do jeito que quiser, vou fazer questão de colocar essa menina mimada no lugar dela.

— E porque você está vestida assim na casa dele? — Continua.

— Emi.  — Joe a chama em um tom de advertência.

— Sem problemas Berat, — O respondo. — Eu me convidei para dormir aqui ontem a noite.

Dou de ombros por que simplesmente é a verdade.

— E de que país você é? — Começa a investigar por todo o meu corpo com o seu olhar afiado em minha direção. — Não parece ser asiática ou inglesa, talvez uma americana ou uma mestiça africana.

— EMI! — Berat deposita na mesa os seus talheres.

— Já disse que eu resolvo Berat. — O olho séria. — Se você pensa que me ofendeu você se enganou. — Sorrio após beber um pouco de coca cola. — Você acertou os dois palpites, sou sul americana com descendência africana e de índios assim como de portugueses. Então, nada do que você me chamar ou disser vai me ofender, porque, a verdade só ofende aqueles que não a querem aceitar.

Sorrio de canto de lábios.
Ela poderia ter ido dormir sem essa.

— Melina... — Berat me chama.

— Não quis te ofender. — A moça o interrompe de forma rápida. — Só falei o que estava pensando.

— Você querendo ou não, não me ofendeu. — Também sou rápida.

— Vocês tem a mesma idade? — Continua sendo chata.

— Ele é um ano mais velho.

— Ah.

Assim, continuamos a nossa refeição comigo em silêncio observando ela o atormentar com um monte de assuntos frívulos e nada interessantes.
Me fiz de desentendida na maior parte da conversa deles, já que, acho que ela não sabe que eu miseravelmente consigo entender tudo o que eles conversam em japonês mas, não consigo falar nada de nada. Vocês entendem?! Porque sinceramente eu não.
E só para acrescentar: já desisti de entender o meu cérebro desde o ano passado.

Assim, após a refeição lavei as louças sujas e me sentindo um pouco melhor da minha dor chata de estômago, decidi que iria para o meu dormitório. Me recuso a ficar no meio dessa ladaia familiar, e depois, Joe precisa de espaço também. Acredito que se ficarmos muito tempo juntos dessa forma, iremos nos confundir e vamos acabar dando um fim na nossa bela amizade.
E isso definitivamente está fora de questão.
Ok, então vamos lá.

— Joe? — Os interrompo enquanto me viro em direção a sala em que os dois jogavam videogame — Acho que vou pra casa...

— Por que ? — Ele se levanta dando pausa no jogo e deixando a menina ao seu lado curiosa sobre a sua reação.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde histórias criam vida. Descubra agora