Capítulo V

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— Qual é o problema das garotas dessa escola ?! — O garoto fala como se estivesse pensando em voz alta, e dando de ombros faz um sinal de tchau com uma das suas mãos seguindo em direção a saída sem olhar para trás.

Suspiro profundamente aliviada ao lembrar de respirar. Meu Deus! Fiquei mais de dez segundos sem respirar! Estou viva?! Morri?!

— Você está bem? — Olho para a garota ruiva com uma expressão preocupada me encarando. — Ele te fez alguma coisa? Não se sinta envergonhada... — Continua diminuindo a distância entre nós.

— Ah! — A ficha enfim caí. Estou muito ferrada. Qual é o botão de reiniciar tudo dessa merda aqui por favor!? — Não! — Respondo indo em direção a saída rapidamente. Preciso falar com ele, me desculpar por ter agido como uma idiota.

— SE PRECISAR DE AJUDA, JÁ SABE, É SÓ FALAR!  —  Grita. Mas, já havia saído e estava quase chegando no corredor principal da escola, desapontada, quando não o vejo em lugar algum. Droga!

E agora? E agora? E agora? Sigo em silêncio para o dormitório. O que farei? Terei meu lindo e inocente primeiro ano ferrado por conta da maldita influência da baixinha?! Porque não deixei ela falar?! Porque?! PORQUEEEEEE?! Droga Amanda!

Entro no quarto, deitando-me no chão e em um movimento desesperado bato minha testa no piso frio do quarto repetidas vezes tentando refletir sobre as minhas ações, e o que farei se for alvo de bullying. Ele não parece ser assim, mas, e se for? E se o fizer? Ei! Não lembro de que os meus pais criaram uma covarde, pelo contrário, criaram uma mulher valente e decidida. Não vou deixa-lo fazer o que quer.

— AAAAAAIIIIIIIIIIII! — Grito, ao choque dos pés da Patri e Amanda, quando essas entram no quarto escuro. — Doeu meninas! — Digo me sentando e alisando meus braços e pernas. Elas me pisaram! Perfeito. Agora não falta mais nada... Fizeram um complô contra mim, só pode.

— Desculpa! — Patri rapidamente diz indo em minha direção. — Sinceramente, Mell, não foi minha intenção. Não sabia que você estava no chão da entrada do ... Ei! — Ela parece perceber alguma coisa. — Porque você estava no chão da porta ? — Me pergunta olhando-me curiosa.

— Vocês duas são cheias de problemas. — Amanda diz, desabotoando sua blusa social branca. Isso é sério?! A rainha da personalidade distorcida diz que tenho problemas?! Haha, queria nem rir.

— Ignora ela e me diz como foi com o cara do hospício. — Cara do hospício é?! Hum. Sinto que daqui a alguns dias, eu serei a garota do hospício.

— Não foi. — A respondo suspirando. — Como você imaginou, ele se lembra perfeitamente de nós três  e tentou tirar satisfação... — E estamos ferrada, ou melhor, eu estou. Suspiro novamente.

— E daí?! — Amanda pergunta olhando-me séria, seminua. Reviro os olhos. No momento estou muito cansada para comentar algo a respeito.

— E daí que, algo pior poderia ter acontecido comigo se uma tal de Sophie Martins não tivesse aparecido bem a tempo. — Lhe respondo no mesmo tom de ironia que ela havia falado. Patri me olha arrependida.

— Sério, não imaginei que ele fosse capaz de fazer alguma coisa com você. — Me olha de forma preocupada. Será?! Às vezes acho a Patri muito manipuladora...

— Ele não fez nada com ela. Ou melhor, ele não vai fazer nada com nenhuma de nós, — Amanda a responde antes de mim, — Provavelmente somente quis conversar... — Segue em direção ao banheiro despreocupada.

— Esquece ela, você está bem? — Pergunta me ajudando a levantar. Se não fosse pelo treinamento de ontem, eu estaria em um estado bem menos deprimente do que esse.

O Nascimento De Um Erro FrancêsOnde histórias criam vida. Descubra agora