Sentimentos Perdidos ~VHOPE~

O recomeço 2

P.O.V-Taehyung-

Por quanto tempo eu tinha imaginado ele sentado ali, no meu sofá, alheio a como seu corpo parecia o centro do mundo para mim?

Por quanto tempo eu quis que ele tocasse a campainha, chegando de surpresa e me puxando para seus braços tão familiares assim que cruzasse a porta?

Por quanto tempo eu sonhei com ele me esperando em nosso quarto depois de colocar a Cho na cama, ou me observando da porta do quarto dela, para que fossemos dormir juntos?

Por quase três anos, eu só queria que ele estivesse ali.

Mas agora que ele finalmente estava, eu só conseguia observar o contraste entre sua imagem confusa e meu apartamento simples.

Depois da nossa breve conversa no café, ele se ofereceu para nos trazer para casa. Como estava tarde, e só de pensar em carregar a Cho dormindo até a estação de metro meus braços se recusavam a levantar, acabei aceitando.

Ele estava dirigindo um carro que eu não reconheci de primeira, mas percebi de imediato a blindagem e os vidros escuros que ele sempre insistia em colocar com a desculpa de '' manter a discrição''. Bom, isso funcionava na maioria das vezes, já que estávamos ali justamente por um vidro escuro não ter conseguido tampar nada.

Com ele no volante, eu fui na parte de trás com Cho deitada no meu colo. Por alguns segundos eu pegava ele a observando pelo retrovisor, mas assim que ele percebia que eu também o observava ele desviava o olhar dela para mim.

Em geral o caminho foi tranquilo, e quando chegamos eu ofereci que ele levasse ela no colo. Apesar da aparente insegurança em seu rosto ele foi muito cuidadoso e me olhava a cada segundo para ter certeza que eu estaria ali caso ele '' fizesse algo errado''. Poderia rir de sua pose confiante desmanchando caso o contexto não deixasse o ar tão pesado.

E por isso estávamos ali em silêncio. Ele variava entre me encarar e analisar o apartamento por completo, sentado no meu sofá enquanto eu, permanecendo a uma distância segura, apoiava no balcão da cozinha.

Queria toca-lo, sentir sua pele e ter certeza que seus olhos continuavam os mesmos. Mas lendo o ambiente, achei melhor me segurar por também conseguir ver em suas mãos, tocando tudo que alcançavam de forma ansiosa, que ele também estava se segurando.

Talvez até mais que eu.

— Eu quero saber como isso aconteceu Tae. — Hoseok disse mantendo a cabeça baixa, encarando as fotos na mesa de centro, e as mãos inquietas em seu colo. — Eu entendo que você talvez não esteja pronto para nós, e eu talvez também não esteja pronto para ela. Mas eu preciso saber. — Ele ficou de pé, olhando para mim.

— Eu vou fazer um café e ai... — Hoseok me interrompeu antes que eu pudesse virar para a cozinha.

Estava fugindo dele. Todo o  tempo que pedi em silêncio para que ele me encontrasse parecia queimar no meu peito conforme eu insistia em correr dele para me esconder.

E ele sabia disso.

— Tae, por favor. Você não acha que já adiou isso o bastante? Eu esperei três anos para te encontrar, agora por favor não se esconda outra vez. — Hoseok segurou meus ombros com suas mãos, que  eu sentia tremer ao tocar minha pele, e nos conduziu até o sofá onde me fez sentar de lado e de frente para ele.  — Eu sinto muito por ter procurado você, sei que você foi embora com razão mas não aguentava mais não saber onde você estava ou se estava bem. Não fazia nem ideia de como reagiria quando te encontrasse, mas precisava te encontrar.

— Como você...? — Disse, entre as lágrimas que passaram a ser constantes toda vez que ele me tocava, enquanto nos encarávamos e o silêncio pesava no ambiente.