O início do fim 3

57 8 13
                                    


-P.O.V Taehyung-

Não conseguia acreditar que meu domingo, que era para ter sido o primeiro dia da minha semana de descanso, estava se resumindo a eu lutando para fechar malas.

Logo após nosso jantar, recebi uma mensagem de Chin me avisando que o Hoseok havia pedido para eu me mudar para sua casa, apartamento ou sei lá onde ele mora, o mais cedo possível. E, é claro, como ainda estava sobre os efeitos de sua boca extraordinária, aceitei na hora mesmo que agora, enfiado entre pilhas de roupas, eu talvez comece a me arrepender dessa decisão.

Acordei, outra vez, com a voz de Chin conferindo para ter certeza de que eu estava ciente de que Woo passaria para me pegar e levar até minha ''nova casa'' no outro dia bem cedo. Mesmo irritado com sua falta de confiança em mim, tomei um banho demorado e depois de comer deliciosas panquecas, feitas por mim mesmo, finalmente arrumei coragem para arrumar minhas coisas.

Lutando para fazer caber quase um ano de looks em uma mala quase do meu tamanho, além das inúmeras bolsinhas lotadas com produtos de higiene e da minha skin care, afinal tinha que manter meu rostinho lindo impecável, terminei em quase quatro horas de arrumação.

Ignorei a bagunça que restou espalhada pela minha sala e, aproveitando o horário de almoço, fui até o shopping ali perto para comprar umas coisas que eu talvez fosse precisar para o meu ''serviço'', incluindo muitos acessórios para esconder o meu rosto quando saísse para acompanhar Hope.

Voltei em casa e deixei tudo arrumadinho para amanhã só pegar e partir. Terminado isso e com o tédio batendo em minha porta, me joguei no pequeno espaço que não era ocupado pela bagunça do sofá e entrei no aplicativo da Netflix pela TV afim de achar algo que me fizesse pensar em outra coisa que não tivesse relação com o Hoseok. Não que eu não quisesse pensar sobre ele, pelo contrário, suas ações na noite interior ainda rondavam minha mente constantemente atrás de qualquer detalhe que explicasse minha queda repentina pelo idol em questão.

Coloquei um clichê adolescente qualquer, o que só piorou a minha situação mental, depois de passar títulos aleatórios por meia hora e, quando terminei a trilogia romântica, percebi que o sol já se punha pela janela.

Deixei tudo como estava, fiz minha rotina para dormir e fui para o quarto rapidinho. Apesar da minha cama gigante parecer super confortável na maioria das vezes, hoje o seu tamanho parecia mais sufocante do que aconchegante. Até o Kookie, meu coelhinho rosa de pelúcia, parecia triste ali no meio. Deitei o mais abraçado com o animalzinho possível e esperei o sono vir enquanto pensava sobre Hope.

Como ele era da mesma cidade que eu e eu nunca tinha ouvido sobre ele?

Certeza que se minha mãe tivesse noção do que se passava de verdade comigo agora não perderia a chance de me comparar com alguém que "deu certo", ainda mais se ele tivesse vindo do mesmo buraco que eu.

Não que minha cidade fosse ruim, mas não dava para comparar com Seoul. Talvez nem desse para chamar a vilinha de cidade. Quando eu fui embora, 5 anos atrás, não passava de algumas casas de idosos no interior esquecidas pelo governo. Nas memórias da minha infância tudo tinha um pouco mais de cor. Eu lembro de ir brincar no parquinho da praça com o filho do vizinho e sempre sair de lá tão embarrado que minha mãe quase não me deixava entrar de novo em casa e eu tinha que me limpar na mangueira do jardim. Também lembro do meu primeiro beijo em baixo da árvore na entrada do bosque atrás de casa, de novo, com o filho do vizinho. A gente era muito próximo, afinal não tinham muitas crianças na região e na escola da cidade ao lado, onde a gente estudava, não recebiam muito bem quem era do interior. Bullying era quase um elogio para aquelas provocações, ainda mais quando descobriram sobre que eu e o J não erámos só vizinhos. J era o apelido dele que eu criei depois que ele não quis me contar seu nome, ele também não quis saber o meu e costumava me chamar de V dizendo que era melhor assim por que eu não precisaria lembrar dele quando fosse embora. Não adiantou muito, mas também fez com que sua partida não doesse tanto. Quando J mudou para não sei aonde e perdemos contato, pelo menos fiquei com belas lembranças mas sozinho para lidar com aquelas pessoas.

Sentimentos Perdidos ~VHOPE~Onde histórias criam vida. Descubra agora