Glass shard

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Pedaço de vidro


 Se, nesse exato momento, quem quer que fosse a pessoa, perguntasse para Wilhelm como ele se sentia, ele teria facilmente um ataque de pânico.

 Estava farto, tudo e todos faziam uma imensa pressão sobre ele.

 Obviamente sábio, herdaria o trono. Ele não era nem lento, muito menos perdido para entender isso mas, por que é que ele deveria ser alvo de TANTA pressão sobre uma coisa que será posta em prática não tão breve?
 Sua mãe estava viva e intacta. Ninguém havia notado isso? Envelhecida, é claro, mas ainda assim bastante viva.

Talvez ele ainda pensasse se era exatamente por essas coisas que seu irmão havia passado. Desse jeito, caótico. Mas isso faria alguma diferença? Erik não merecia o buraco que teve, sabemos que não.

- Você sabe. Se acontecer o que for, pode nos ligar para ir buscá-lo. Você vai ficar seguro, está bem? - E foi naquele instante que passou pela cabeça de Willie, que, quando desse seu primeiro passo no colégio, seria monitorado pelas próximas 24 horas a cada dia de vida. Militares de dois metros de altura, ou algo assim? Talvez.

Torcia para que de fato não fosse.

- Eu sei como será, está bem? Já estive lá. O que tem de novo esperando por mim na metade do ano letivo? - Ele força um olhar seguro de si. - Exatamente.. - Conclui ríspido.

Todos o tratavam assim, como uma criança de três anos, ingênua e prestes a conhecer o fundo fora de casa. Ou como um pedaço de vidro, do vidro mais valioso e sensível no mundo, que pudesse quebrar facilmente com a mínima força vindo com o vento. Mas ele NÃO ERA. Tudo que mais desejava era; paz, que não o "torturassem" dessa maneira e um pingo de serotonina.

 Ele pega suas coisas e se despede da rainha. Erik faria falta agora, no caminho até Hillerska. Faria falta a sua energia radiante e suas músicas de época, por isso, Wilhelm passou toda a viagem quieto. Parecia focado em suas próprias músicas que tocavam nos air pods, mas a verdade é que nem mesmo elas seriam capazes de o salvar naquele momento, com tudo que estava acontecendo. 

[...]- Vou ficar aqui no final de semana.

- O quê? Como assim? Por quê?

- Só pra... estudar. Eu to atrasado, então eu tenho que correr atrás.

- Hum-

- O que foi?

- Quer dizer que você, meu irmãozinho Wilhelm, vai passar o final de semana na escola?

- Vou. O que que tem de estranho nisso? Vou, ué.

- Você conheceu alguém, não foi? Alô-ôo?

- Tá, tá, tá bom é isso! A gente não tá junto, eu ainda não sei o que tá rolando direito, mas...

- Não, não, não precisa explicar não. Eu não quero nem saber dos detalhes. Escuta, aproveita, enquanto as pessoas ainda não sabem. E enquanto ainda não começaram a dar suas opiniões sobre isso.

- Elas só se interessam por você, você é o príncipe herdeiro.

- Ué, agora eu não entendi. Por que que você tá de mal humor no seu quarto quando você tem um crush aí para você se divertir?...

- Vai se fuder! Não é um crush.

- Tá bom, tá bom, então você quer que eu chame de quê?

- Tchau, Erik, eu vou desligar, tchau.

- Tá, tá bom, tchau.

𝐖𝐨𝐮𝐥𝐝𝐧'𝐭 𝐜𝐨𝐦𝐞 𝐛𝐚𝐜𝐤|Onde histórias criam vida. Descubra agora