O pequeno príncipe e a sua grande morada

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Mesmo estando situada em uma das várias regiões litorâneas do país, o estado da Carolina do Sul não era tão imune às temporadas de inverno quanto os seus vizinhos territoriais. Já haviam se passado duas semanas desde o natal, onde até ali todos os seus habitantes haviam sido banhados com típicos ventos fortes; ninguém esperava uma geada naquela temporada de inverno, então é claro que na manhã seguinte do Natal, boa parte da cidade de Columbia estava mergulhada em neve e gelo.

Olhando perdidamente pela janela da sala de estar, Neil Josten lutava contra o sentimento de arrependimento que aflorava dentro de seu peito por não ter aceitado o convite de Matt para passar as últimas semanas do ano em seu apartamento em Manhattan, com Dan e sua mãe. No momento lhe parecia uma ideia ruim, afinal, havia se tornado uma tradição passar os últimos dias do mês de dezembro em Columbia com Andrew e os Monstros; mas agora, queria muito não se arrepender de não ter aberto uma exceção para a viagem. Mas era uma tradição.

Não era para seus pensamentos voltarem para dois anos atrás quando Neil havia ficado entre a cruz e a espada em relação a sua própria segurança e a de seu antigo colega Minyard, mas é claro que sua mente se lembrou do dia em que mentiu e viajou até os Corvos; pronto para se entregar por uma semana a tudo o que eles queriam lhe oferecer: dor, sangue e ruínas. No momento ele ainda estava perdido pelo real motivo de ter sacrificado tanto em nome de alguém que havia prometido cuidar de sua vida por um período tão curto, mas agora, vendo Ele deitado no sofá da sala olhando sem muita motivação para a televisão enquanto mudava seus canais constantemente, Neil soube o por que havia feito a loucura de se entregar para manter Andrew Minyard à salvo: Ele era a ponte que Neil precisava no momento. Não só ele, mas como toda a equipe, Andrew era a engrenagem principal para que todo o time funcionasse em perfeita sincronia. E quando Neil lembrava dele enquanto o encarava ligando para seu recém telefone, seu estômago apertava com medo de perder alguém que lhe causasse tanta confusão.

Era isso o que Andrew Minyard era: Uma ponte entre dois mundos, repleta de confusões e soluções. E Neil até que gostava disso.

A casa estava estranhamente em completo silêncio, e embora a tarde já estivesse acabando todos ainda estavam em seus devidos quartos descansando após a noite que tiveram. Nicky havia se extravasado como sempre em relação à comemoração, mesmo que fosse para o filho de Deus. Primeiro havia sido a ceia, depois a troca de presentes do amigo oculto onde Neil havia recebido um par de meias com bordados natalinos de Aaron e entregado um par de brincos valiosos para Abby; e então a rodada de álcool se dera início onde fora levava ao karaokê até a dança irlandesa da região. Havia sido divertido. Mas agora, todos estavam destruídos, com dores no corpo pelo excesso de movimentação e dores na cabeça com a ressaca do dia seguinte; mas Neil não havia bebido e Andrew não havia festejado tanto quanto os demais, então quando Neil acordou não demorou muito para seu companheiro notar sua falta no colchão e o seguir como um cão de guarda.

 Um cão de guarda bem pequeno, pensou Neil enquanto olhava Andrew desistir da programação Columbia e assim lançando o controle remoto até o outro lado do sofá. E raivoso também.

Tomado pelo senso de responsabilidade, Neil tomou coragem para se levantar e caminhar até a cozinha para resolver qual seria o jantar que iria sustentar as oito pessoas desmaiadas no andar de cima. Andrew não o acompanhou, não fisicamente já que Neil conseguia sentir seus olhos curiosos para verem o que ele iria aprontar. Mas chegando na cozinha seu senso de responsabilidade se debateu violentamente contra a gaiola que o prendia.

Quando foi que eles haviam ido para a cozinha? E por que havia uma camisa suja de tinta na pia? Obra de algum Monstro, Nicky na melhor das hipóteses e Kevin nas piores. Neil não tocaria naquilo, não mesmo. Desde que havia adentrado às Raposas, Neil havia desenvolvido um irritante bloqueio em questão de mexer em coisas alheias, então era complicado para ele tirar qualquer coisa que fosse do lugar sem saber o destinos que o dono desejava para ela. Então racionalmente ele recorreu à pessoa mais próxima e cara de pau da casa.

Os Problemas Invernais Da Corte Das RaposasOnde histórias criam vida. Descubra agora