Primeiro que a gente escreve pra ninguém ler. Quem chega pra ler, já tá com a cabeça feita.
Das duas, uma: ou o sujeito já concorda com o que você diz, e aí é chover no molhado; ou o sujeito discorda do que você diz, e já te mata no título do texto.
A ideia de se comunicar, transcender os muros, falar com alguém que está lá do outro lado? Cadê vez mais ilusória. Só leio quem sigo, só leio o que curto, só leio o que o algoritmo - seja lá que for esse sujeito - decide por mim.
E o pior é que, todos os dias, ele diz que está me recomendando algo "de acordo com as minhas preferências". E pior ainda: gosto de tudo o que ele me recomenda.
No fim, escrevemos para robôs.

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Crônicas de um escritor extremamente rabugento
Historia CortaPra escrever, tem que pensar Quando mais eu penso, mais eu entendo Quanto mais eu entendo, mais mal-humorado fico. Ou é só arrogância e rabugice, mesmo? (2021)