Eis o paradoxo:
Um mundo onde todos querem liberdade para dizer o que quiser, mas ninguém suportaria ouvir tudo o que o outro tem a dizer.
Talvez, então, não seja esse o mundo onde todos querem liberdade para dizerem o que quiser, e sim o mundo onde EU, e apenas eu, quero liberdade para dizer o que quiser, e que todos me ouçam.
Mas, porque eu deveria ser abençoado com tal liberdade, e não o outro? Porque quero obrigar todos a me ouvirem, sem a necessidade de ouvir ninguém?
Talvez porque o que eu tenha a dizer é de Deus, ou é do Intelecto, ou é Lógico; diferente da sua ladainha profana, incauta e falaciosa.
Mas, e se fosse o contrário? E se você tiver algo a dizer de verdade? E se for eu o acometido de diarréia verbal?
Óbvio que agora atingimos o absurdo. Pois, se há alguém nesse mundo que tenha sido abençoado com o dom de pensar, falar e doutrinar, é certo que esse alguém seja eu, e não você.
Ok, esse último parágrafo soa demasiadamente arrogante. Não gosto de ver esse defeito quando estou diante do espelho. Sendo assim, nada melhor que a maquiagem:
O mundo deve ser o lugar onde todos tem liberdade para dizer o que pensar.
Melhor assim. Mais condizente com um ser abençoado como eu.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas de um escritor extremamente rabugento
Cerita PendekPra escrever, tem que pensar Quando mais eu penso, mais eu entendo Quanto mais eu entendo, mais mal-humorado fico. Ou é só arrogância e rabugice, mesmo? (2021)