Capítulo 15 - Hadasha

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O dia não podia ficar ainda mais especial. Desci as escadas como se eu fosse a princesa mais feliz do mundo. Fiquei sentada no jardim um bom tempo só pensando em tudo que vivi em apenas um dia, mas que era tudo que eu havia pedido a Deus a muito tempo. Deus sabe o melhor para nós.

Com o fone de ouvido, escutando música no último volume e sonhando acordada nem percebi a presença de outra pessoa no jardim. Senti alguém me cutucar e já sabia que poderia ser a irmã Marina com a minha bolsa que tinha esquecido no meu quarto mais cedo. Ao me virar tirei os fones rapidamente e arregalei os olhos, a pessoa também ficou assustada e juntos gritamos:

- VOCÊ!

Eu continuei gaguejando e confusa:

- O que ... como ... o que faz com a minha bolsa?

- Só me responde uma coisa, era você tocando "Caminho no deserto" hoje?

- Por que está com minha bolsa?

-Era você?

- Sim era eu, porque está com minha bolsa?

Meu Deus, que mundo pequeno, como um rapaz que vi no aeroporto podia estar agora na minha frente e com a minha bolsa? Isso só pode ser mistério de Deus, não estava entendendo nada. Ele continuou falando um pouco desconcertado:

- Olha, me desculpe ter agido daquela forma no aeroporto, prazer meu nome é Pedro. Eu queria conversar com a pessoa que ouvi tocar teclado hoje mais cedo. Posso me sentar?

Cheguei para o canto do banco de madeira daquele jardim e deixei o rapaz se sentar:

- Meu nome é Hadasha. Por que está com a minha bolsa? - Aquilo estava me dando agonia e não conseguia parar de perguntar

- Nossa, quantas vezes você me perguntou isso? Aqui está a sua bolsa! Não a peguei, pedi a senhora que estava com ela para eu te entregar, mas não sabia que era você. Não sou enxerido como algumas pessoas que leem papel de outras sem qualquer permissão!

Neste momento já não sabia ao certo o que responder, mas tentei absorver toda aquela situação:

- Me desculpe não quis insinuar que você havia pegado. Que papel é este, você está falando do que você deixou cair hoje mais cedo?

- Desculpada. Exatamente, aquilo era pessoal meu, não tinha o direito de ler. Acho que isso me deixou um pouco chateado e por isso não conversamos muito. Mas tudo bem, não estou mais preocupado com isso na verdade vim te falar que...

- Eu não li o seu papel, te entreguei do jeito que deixou cair no chão - o interrompi mais que depressa

- Não precisa dizer isso só porque leu e agora sabe como me sinto com as situações dos meus pais e ...

- Pedro, não li! - o interrompi mais uma vez - Não sabia que se tratava disso, mas também gosto de escrever os meus sentimentos e experiências. É bem pessoal, e não leria os de outra pessoa sem a permissão da mesma.

- Você não leu o meu papel? - perguntou ainda um pouco apreensivo - Então porque se preocupou em me entregar e me tratou com tanta compaixão?

- Todos nós deveríamos olhar para as pessoas aos nosso redor como se fossemos amigos delas. Hoje em dia o amor está se esfriando muito, apenas por isso.

- Me desculpa mesmo, acabei te julgando. Aquele papel falava muito sobre mim e me senti um pouco instável achando que você tinha lido o que se passava.

-- Tudo bem, eu também gosto muito de escrever. O que você ia me falar sobre a música que escutou?

O amor não é invisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora