Capítulo 1 - Hadasha

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Amanheceu com aquele cheirinho de chuva que eu amo, nesta noite confesso que não dormi bem. Mas é de se imaginar, quem iria dormir bem sabendo que vai ter a oportunidade de ir ao evento "Minha primeira vez com os Gideões" ! Abri a janela e vi um lindo sol refletindo luz para o meu quarto. Havia um pequeno arco-íris formado em minha janela e deixava cores no meu teclado. Logo me dei conta de como iria ser difícil ficar alguns dias sem tocar naquelas teclas que expressam tão bem os meus sentimentos, o meu mecanismo de adoração e louvor. Depois de me despreguiçar de uma forma bem escandalosa escutei uma voz infantil dizendo:

-HADASHAAAA! Coloca o DVD "3 palavrinhas" para eu assistir na televisão, por favor.

Este foi o meu irmão, Gabriel. Não consigo negar que essa é a melhor parte da infância, acordar e ir direto para o sofá assistir um desenho e tomar achocolatado. Quando coloquei o desenho a primeira musiquinha reproduzida foi: Deus é amor. O que me fez refletir, como apenas 3 palavras podem falar tanto ao nosso coração. Fui fazer o "ritual da manhã" e me dirigi ao banheiro, olhei para o espelho e lá estava, uma quase mulher de 19 anos que ainda se acha adolescente, que ama a sua miopia que a deixa usar óculos estilosos, morena de cabelo curto cacheado, nada padrão para sociedade, mas muito amada pelo seu Pai Celestial.

Comi o meu pão de queijo o mais rápido possível, porque sou mineira uai! E antes de tirar o pijama fui até o quarto do meu pai e o abracei o mais forte que podia. Ele sempre me apoiou, e foi ele quem me inscreveu para o projeto "Minha primeira vez com os Gideões", com esse projeto conseguimos que eu fosse a Santa Catarina realizar o meu pequeno sonho. Deus cuidou de tudo, é mesmo real aquele louvor que diz "Deus ainda realiza sonhos...". Liguei para a minha mãe e para a minha avó, as minhas melhores amigas, e as avisei que daqui a algumas horas já iria ir para o aeroporto. Avião! Aí estava o problema, nunca tinha viajado usando o céu como estrada, mas aventura era meu segundo nome, principalmente quando o assunto é falar de Jesus, então vou encarar esse desafio!

Tirando essa frase que sempre ensaiei para dizer, na verdade eu não sabia nem o que vestir. Sou estudante de enfermagem e por isso visto branco a semana inteira então, resolvi apostar na minha blusa preta com estampa bem colorida, uma calça jeans e o meu All Star cinza, que estava sendo o meu preferido. Com minha mochila, minha bíblia e o meu caderno dei o abraço mais caloroso possível no meu irmãozinho e fui para o ponto de ônibus que me levaria até Confins, cidade onde fica o aeroporto. No balançar do transporte aproveitei para ler um livro de ficção cristã no meu celular e fiquei pensando em como os romances são lindos, mas ao mesmo tempo podem parecer tão invisíveis na vida real. Ali, aproveitei para orar a Deus para guardar a minha viagem, me usar como instrumento e guardar o meu coração, que tirasse da minha mente o pensamento de que o amor era invisível, pois afinal, conseguia sentir o seu amor por mim todos os dias.

O amor não é invisívelOnde histórias criam vida. Descubra agora