capítulo 1

297 16 2
                                    

        Dez e cinquenta da manhã, o dia parecia bonito. Samuel acordara desnorteado. Havia ido dormir tarde, mas se obrigava a levantar-se cedo.
Tinha começado a pouco tempo na empresa de advocacia, não queria decepcionar seu chefe por isso dedicava a maior parte do seu dia com seu trabalho.

     Samuel se obrigou mais uma vez à se levantar, abriu a janela e viu como o sol estava lindo e agradável. Seu celular fez barulho informando que tinha chegado novas mensagens e atraindo sua atenção para cima da cômoda onde o aparelho repousava. O pegou e notou que a nova mensagem em questão era de sua namorada Molly que o lembrava que nessa noite ela iria apresenta-lo para família em um jantar em sua mansão. Samuel não estava muito animado em ir, mas para deixar Molly feliz ele acabou aceitando.

     Depois de ter feito suas higiene matinas, preparou o almoço e o resto do dia revisou seu mais novo cliente. Um deputado acusando um zelador de ter o roubado. O cliente era o zelador. Samuel adorava pegar casos pro Bono.

    Já se passava das sete e quinze da noite. O Jantar estava marcado para as oito, então decidiu ir se arrumar. Só encontraria Molly lá. Saiu de seu apartamento e foi de moto até a mansão onde sua namorada morava.

      - Oi, bebê. – Molly apareceu animada agarrando o pescoço de Samuel.

        - Oi, tudo bem? – Falou com um simples sorriso.

        -  Sim. – Ela retribuiu o sorriso. – Vamos entrando. Papai ta louco pra te conhecer. – Pegou na mão de Samuel o puxando pra dentro.

       - Então esse é o famoso Samuel? – Leon disse ao ver o rapaz. – Muito prazer. – O mais velho esticou sua mão para cumprimentá-lo.

     Samuel estava segurando seu capacete em um mão e em outra um ramalhete de jasmim.

        - Desculpa – Disse colocando o capacete entre as penas todo atrapalhado. Por fim, conseguiu cumprimenta-lo.

        - Onde está meu irmão, papai? – Molly perguntou tentando cortar o clima de constrangimento e aliviar a situação do namorado.

       - Está com a noiva na sala de jantar, apenas esperando por nós.

     Ouviu-se passos de salto descendo a escada. Era Maria, mãe da Molly.

        - O famoso Samuel finalmente chegou. – Disse quando chegou perto dos três.

         - Eu disse a mesma coisa quando o vi. – Informou o marido. Samuel sorriu constrangido. Não sabia que Molly fala dele para os pais.

          - Isso é pra senhora. Muito prazer. – Samuel entregou o ramalhete de flores pra Maria.

         - Obrigada, rapaz. Muito gentil da sua parte. – A mulher deu um meio sorriso chamando a empregada para cuidar das flores. Em seguida os quatro foram até a mesa de jantar.
     
        Samuel ainda aparentava estar meio desconfortável com essa situação toda.
      
         - Samuel!?! – Disse uma voz feminina enquanto ele entrava na sala de jantar. Ele conhecia aquela voz, mas não era possível ser dessa pessoa. O mundo não faria isso. Parou de conversar com Molly e olhou em direção de onde aquela voz tinha vindo.

        -  Carla! – Sua voz parecia surpresa, seu coração disparou no mesmo instante.

        Os olhos de Carla se encheram de lagrimas. Todos na sala não conseguiam entender o que estava acontecendo.

        - Vocês se conhecem da onde, em? –  Barney, noivo de Carla questionou olhando firmemente pra ela e pegando em seu pulso, o apertando.

        - Hum? Ah. – Assim diz Carla quando sai do seu devaneio e tenta se soltar.  – Estudamos juntos em Las Encinas.

        -Só isso? Pela surpresa parecia ser muito mais que isso. – Barney lhe lança um olhar lotado de desconfiança após a sentença.

           - Só isso. –Tentou disfarçar a voz trêmula da melhor maneira que pôde, puxando seu pulso disfarçadamente para que ninguém notasse o que estava acontecendo. – Nós éramos de classes completamente diferentes. Estou falando de classe social mesmo. – Carla falava o mais convincente que podia.

            - Não sabia que você era um classista de merda, cunhadinha. – Molly adorava provocar Carla. Elas não se davam bem. Molly achava que Carla não amava seu irmão, ao menos não como ele merecia

         - Eu só acho que cada um deve viver em seu mudo sem se misturar. – Mentiu tentando parecer forte. Molly ia responder, mas Leon os interrompeu.

      Samuel olhava para Carla com decepção. Ela nunca foi assim, ou pelo menos era o que achava. O jantar ocorreu normalmente na medida do possível, com algumas farpas trocadas entre Carla e Molly.

      Quando já passava da meia noite, Samuel se despediu de seus sogros e cunhado. Mas com a Carla deu simplesmente um meio sorriso. Molly queria acompanhá-lo até o etacionamento, mas estava chovendo, ele disse que não precisava.

         Samuel já estava no estacionamento, sentindo as fracas gotas de chuva cair em seu corpo quando ouviu vozes atrás de si.
     
         - Barney, não precisava vir até o estacionamento, está chovendo. – Era Carla.

         - Por que em Carla? Não quer a minha companhia? – Samuel notou que seu cunhado parecia um pouco alterado.

        -  Não é isso, é só que... – Carla desvia o olhar e interrompe a própria fala ao notar a presença de Samuel ali.
    
        Barney direcionou ao olhar para onde a noiva olhada, afim de saber o que havia a interrompido, quando notou de quê... Ou melhor, quem se tratava, bufou irritado.

       - Não foi ainda? – Barney parecia com raiva pelo rapaz ainda estar ali. Não gostou nada de saber que Carla e ele se conheciam e não engoliu essa história que eles nunca se falavam, a reação dela diante do rapaz comprovava a sua desconfiança.

        - Já estou indo. É que estou sem pressa, sabe? – Falou com tom de ironia, pousando o capacete em sua moto e cruzando os braços, já percebendo que seu cunhado não foi com a sua cara.

          - Doutor Barney, desculpa incomodá-lo, mas tem um senhor chamado Gonçalo Alcântara dizendo que precisa urgentemente falar com o doutor. Ele está na linha te esperando. – Um homem de terno apareceu no estacionamento, segurando um guarda-chuvas.

            - Merda. – Ele praguejou. Barney  não queria deixar Carla sozinha com Samuel. – Eu já vou. – Ele se aproximou do ouvido de Carla e disse calmamente. – Não se esqueça que eu estou de olho em você, sempre. – Diz baixo e de forma ameaçadora. Aquelas palavras assustaram Carla.

      Barney era um pouco agressivo, mas nunca chegou a agredi-la. Não até hoje.

      Barney saiu após lançar um olhar ameaçador para Samuel e outro para Carla, deixando os dois finalmente sozinhos.

         - Marcação cerrada em. – Provocou Samuel. – Até parecia que não queria nos deixar sozinhos.

         - Impressão sua. – Carla revirou os olhos com a provocação. Samuel riu irônico.

         - É, pode ser, já que a gente nunca se falou né? – A ironia permanecia em sua voz ao olhar nos olhos de Carla.
     Ela, intimidade, desviou o olhar. Não conseguia encará-lo. Não sabia como ainda fosse possível, mas seu coração acelerava toda vez que o via.

Not even time can eraseOnde histórias criam vida. Descubra agora