1. looks like we have a mistake here

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Você já se perguntou em algum momento de sua vida se estava realmente feliz com a maneira que vivia? Já se questionou, vez ou outra, se estava mesmo certo fazer isso ou aquilo de tal maneira que você julgasse ser a certa?

Bom, posso dizer que por muito tempo eu sequer cheguei a pensar nessas coisas, ter pensamentos lotados de dúvidas quanto à minha vida ou me questionar se aquilo estava mesmo me fazendo feliz. Em minha cabeça — bem oca, diga-se de passagem — tudo estava muito bem, obrigado. Não havia motivos para reclamar ou querer mudanças diante daquele cenário, como um lindo — e patético — país das maravilhas.

Por mais que eu ouvisse frequentemente do meu melhor amigo que eu estava simplesmente sendo, no vocabulário mais simples e direto, trouxa, eu acreditava fielmente que aquilo era apenas implicância dele com o estilo do qual eu levava a minha vida tranquila de universitário. Ah, a propósito, isso não se tratava da faculdade em si, do meu curso ou da minha vida letiva, mas a Universidade Pukyong, localizada na cidade de Busan, sempre foi um cenário bastante presente em toda essa trama. Ela foi palco de diversos momentos da minha vida em que eu sequer ousei questionar minhas próprias atitudes, na verdade, foi o palco principal de todos estes momentos.

Mas para ser mais do que claro e chegar ao ponto exato que quero, um nome precisa ser citado antes de mais nada: Kim Taeyong. Um estudante de direito de 25 anos, alto, cabelos escuros, sorriso retangular completamente cativante e olhos castanhos que eram capazes de hipnotizar qualquer bobo que os olhasse — inclusive eu.

Taeyong sempre foi o motivo para que eu não quisesse mudar as minhas perspectivas, para que eu me mantivesse exatamente do jeito que estava, pois tudo parecia uma adorável zona de conforto onde eu não corria o perigo de perder o que eu mais prezava perto de mim: ele. E quando digo que a Pukyong foi palco de muitas coisas, quero dizer que foi lá que o conheci, que acabei me envolvendo com Taeyong e principalmente quebrei regras junto com ele.

Nosso envolvimento nunca foi exatamente convencional. Taeyong e eu nos conhecemos em uma festa do campus, de maneira atípica e que até hoje me causa certos arrepios. Um carinha qualquer na festa passou a noite inteira me devorando com os olhos e quando eu finalmente cedi e fomos para um lugar mais reservado — lê-se uma sala vazia no prédio de aulas —, eu não tive a experiência mais agradável da minha vida com relação a sexo. O cara transava mal. Mas, para piorar a situação, aquela mesma porta destrancada que nos separava de todo o resto do mundo, foi aberta exatamente por Kim Taeyong, que teve o desprazer de ver aquela cena horrível. Mas ele não fez cara de nojo ou simplesmente fechou tudo e saiu correndo. Ele me olhou com interesse. Em seus olhos, a minha imagem completamente desconfortável com aquele cara por cima de mim fodendo mal, a vergonha por ter sido pego e mais alguma coisa que até hoje não entendo, despertou seu interesse, então ele me procurou logo depois que dei um belo pé na bunda do cara que não sabia transar e tudo começou entre nós.

No entanto, pode ser que isso tenha tons de história romântica e do início nada convencional de um relacionamento. Mas não é. Taeyong e eu nunca fomos convencionais, nunca fomos como os outros. As salas vazias da faculdade, principalmente no entardecer, que era quando o prédio estava vazio, eram nada mais que nossas enquanto ele me mostrava o que era sexo de verdade. Não só as salas, mas armários de vassouras, o terraço, cada cantinho que se imagina proibido para essas atitudes libidinosas foi explorado por nós nesse quase um ano desde que nos conhecemos.

Era um pouco estranho, uma vez que eu morava sozinho no alojamento da faculdade e tinha meu quarto totalmente para nós dois, mas Taeyong sempre dizia que o perigo deixava as coisas mais intensas e interessantes. E também havia o bônus de que ele tinha que estar em casa durante a noite, mas nunca soube o motivo concreto disso. Por todo esse tempo, nós nos aventuramos às escondidas de tudo e todos, explorando cada canto da Pukyong, descobrindo novas salas, novos cantinhos para viver as nossas aventuras. E ninguém sabia disso, ninguém sequer desconfiava que fazíamos aquilo — na verdade, uma pessoa sabia, e esse era meu melhor amigo, Jung Hoseok. Conforme os meses foram passando, eu achei que toda aquela aventura pudesse resultar em um relacionamento, mas ao mesmo passo que pensei assim, Taeyong me mostrou uma perspectiva diferente, a de não rotular as coisas.

Double Trouble  | TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora