07. can we talk?

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— Um mês e vocês ainda não fizeram nada mais que... beijar? Seokjin, eu juro que não tô te reconhecendo.

Hoseok tagarelava ao meu lado enquanto andávamos pelo jardim do campus. Sim, já havia se passado um mês desde que, inconscientemente, entreguei meu mais sincero "sim" para Kim Taehyung e estávamos juntos. E, não, a gente ainda não havia dado o próximo passo por escolha dele. Foi uma forma de me provar — mesmo que eu já estivesse mais do que convencido — de que ele não ia apenas conseguir o que queria e depois meter o pé. Bom, eu já estava ficando mais do que sedento e frustrado.

Nosso mês junto se resumiu a muitas coisas boas, na verdade. Nos víamos todos os dias pelo campus, mesmo que nossas salas fossem em prédios e andares diferentes na maioria das vezes. Cinema, praia, restaurantes, festas e filmes em meu quarto eram muito recorrentes entre nossos encontros, eu gostava muito mesmo disso. Ele sempre seguia sendo o que era: fofo, porém com grandes pitadas de um cafajeste do bem que me provocava e me levava a alturas que eu desconhecia. Cada beijo dele parecia o primeiro, cada toque era diferente, mais leves, mais intensos, mas nunca iguais ou monótonos.

Posso dizer que meu coração estava batendo a cada dia mais rápido por ele. Toda vez que eu via aquele sorriso ladino e os braços cruzados acima do peito, me esperando na soleira da porta, as famosas borboletas percorriam todo o meu corpo e minha derme arrepiava de um jeito gostoso. O nome disso não podia ser outro além de paixão. É, ele conseguiu, me conquistou e agora eu estava apaixonado por ele.

E você pode estar se perguntando agora "Seokjin, e quanto ao Taeyong?". Bom, a resposta é simples: eu não via Taeyong desde o dia em que brigamos. Não me mandou mensagens, provavelmente estava evitando os mesmos caminhos que eu no campus e simplesmente sumiu da mesma forma que entrou em minha vida, muito rápido. Eu até poderia ter ficado triste se a situação fosse diferente, provavelmente estaria em um fundo do poço terrível, me lamentando pelas expectativas que eu mesmo criei diante de tantas migalhas, mas eu entendia agora que todo aquele ano em que passei ao seu lado foi perdido. Quer dizer, talvez não, pois sem isso, eu nunca teria chegado até Taehyung.

Seu sumiço foi benéfico, sua falta de interesse em querer resolver as coisas me deu paz e tranquilidade para aceitar sentimentos de verdade agora. Pois é, eu não estava recebendo restos, mas sim o que eu queria. Tinha ao meu lado um cara que se importava muito, que me fazia sorrir, que não tinha vergonha de andar de mãos dadas comigo por aí, na verdade ele gostava bastante de me exibir. Confesso que eu me sentia muito especial.

Outra coisa marcante e que me deixou de coração quentinho foi o dia em que Taehyung levou seu notebook para meu quarto e fez uma chamada de vídeo com sua família lá no Japão. Indiretamente — ou não — conheci a senhora Kim e o padrasto de Taehyung. Ele fez questão de salientar que estávamos juntos e que gostava imensamente de mim. E claro que seus pais foram extremamente carinhosos e simpáticos comigo, mesmo que eu estivesse vermelho tal qual um pimentão. Pois é... conheci a família dele — da forma que pudemos, mas conheci.

O ponto é que minha vida parecia bem mais leve agora. Mesmo que eu ainda não tivesse conseguido arrancar de Taehyung os verdadeiros motivos de Taeyong, eu estava bem só de saber que eu não precisava mais me humilhar pelo mínimo de carinho que eu merecia.

Mas voltando aos questionamentos de Hoseok, olhei para ele e dei um longo suspiro enquanto segurava a alça da minha mochila. Todos meus amigos sabiam bem que eu adorava sexo e fazia questão, mas também adorava só a companhia de Taehyung ao ponto de ficar sem aquilo.

— Ele tá fazendo de tudo pra demonstrar que não é aquilo que pintaram ele. Mas eu já tô convencido, já tá bom! — resmunguei enquanto adentrávamos o prédio das aulas.

Double Trouble  | TAEJINOnde histórias criam vida. Descubra agora