Capítulo 1

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Suspirei alto ao entregar mais um café a uma das garotas que conversavam animadamente umas com as outras, celulares em mão e aplicativo de câmera aberto. Desviei o olhar para a janela de vidro, que me dava a visão das pessoas caminhando na calçada no dia perfeito de domingo, apenas aproveitando o sol que brilhava e a leve brisa de verão. Ela caminhou em direção ao balcão e sorriu de um jeito falso

—Bom dia, já está pronta para fazer seu pedido? —Eu tentei sorrir para a mulher, mas sabia que não ia ser tão genuíno. Kayla era a esposa do dono da rede de cafés em que trabalhava e, apesar do dono ser um homem até que tolerável, Kayla era a personificação da mulher rica exigente

—Eu quero um capuccino de chocolate branco vegano com leite de soja por favor—Ela disse e eu anotei na caixa registradora

—Sim senhora, já está a caminho—Eu disse e me afastei, indo até a cafeteria e começando a preparar o café. Ela então saiu de seu grupo de amigas e entrou na área em que estava, indo em minha direção e olhando intensamente tudo o que fazia com seu café. Assim que terminei, me virei para ela quase empurrando o copo em suas mãos

—Vamos ver então—Ela disse e levou o café a boca, bebendo um pouco da bebida quente. Ela fez uma careta e me devolveu o copo—Está muito doce, você colocou adoçante ou açúcar normal? —Seu tom de voz era rude, e fez com que alguns dos clientes dos café se virassem para ver o que estava acontecendo

—Eu coloquei adoçante, como sempre—Eu me virei para sair de perto dela antes que surtasse mas ela pegou meu braço, apertando ele com força para me impedir de mover

—Eu acho que não, faça outro para mim, e dessa vez faça certo

—Senhora, eu tenho outros clientes para atender—Eu apontei para a pequena fila de pessoas que havia se formado—Eu coloquei exatamente uma colher de adoçante, como sempre faço

—Eu exijo que você faça outra bebida para mim! —Seu tom de voz se elevou ainda mais e eu respirei fundo, me soltando do aperto dela e indo em direção ao caixa—Paul! Sua funcionária idiota está me desobedecendo—Ela gritou e pude ouvir passos descendo as escadas apressado

—O que está acontecendo aqui?! —O homem sempre foi um chefe muito legal, mas seu maior problema era fazer tudo o que sua esposa queria— O que acha que está fazendo!? Falando com os clientes dessa forma—Ele se virou para mim—Você está demitida!

—Se...senhor Paul...

—Nada de explicações, eu quero você fora daqui, vai pegar suas coisa e suma da minha frente! —Ele gritou uma última vez, fazendo com que todos do café se virassem para ver a situação. Eu então engoli minhas lágrimas e me virei de costas para ele, ainda conseguindo ouvir o leve riso de Kayla e suas amiguinhas

—Parece que não é tão fodona mais não é, Alice.

Assim que sai do café com uma pequena caixa de papelão na mão com as coisas que havia deixado no armário no café, pude sentir o quão frio havia ficado

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Assim que sai do café com uma pequena caixa de papelão na mão com as coisas que havia deixado no armário no café, pude sentir o quão frio havia ficado. Já se passavam das 7 da noite e a rua estava quase completamente vazia, apenas alguns adolescentes vestidos com roupas de festa prontos para uma noite divertida e apesar do sentimento de nostalgia, eu não me sentia nada feliz com minhas escolhas de vida naquele momento.

Eu suspirei e me sentei no ponto de ônibus, esperando que o transporte passasse rápido para que eu pudesse ir para a casa chorar e me afogar na minha própria tristeza. Foi então que vi um grande carro preto parar a minha frente, meu sangue gelou e eu já pensei no pior, mas a janela do motorista se abriu e eu olhei para uma mulher bem baixinha com óculos escuros e terno me observando, eu já havia a visto antes no café, sempre ia e pedia um simples café, mas acabava por ficar horas no estabelecimento com seu computador, parecendo trabalhar em algo

—Boa noite Senhorita, eu sou Bea, e estava no restaurante quando aconteceu toda aquela cena, gostaria de te oferecer uma proposta de emprego—Ela então esticou seu braço, me entregando um pequeno papel com um número de telefone nele—Por favor, se tiver interesse, ligue para esse número, pode acreditar, é uma oportunidade única—Ela sorriu e fechou a janela, dando partida no carro e me deixando completamente incrédula, minha mão ainda esticada com o papel, eu então a retrai, colocando o papel no bolso e olhando aliviada para o ônibus vindo em minha direção.

Contrato de amizade (Livro 1)Onde histórias criam vida. Descubra agora