Contrato de amizade (Livro 1)

Capítulo 12

Na manhã seguinte eu me levantei sem disposição para ir ao curso, sabendo que de alguma forma teria que enfrentar Gabriel, a ideia me dava arrepios. Assim que entrei na sala, fui direto para meu lugar, retirando todo o material que precisaria para a aula e aguardando a professora chegar. Eu vi Gabriel entrar e ir direto a mesa da professora, colocando sobre ela uma caixa de chocolates e logo depois se virando para mim, um sorriso largo em seu rosto

—Oi coração! —Ele veio até mim e colocou uma grande caixa de chocolates sobre minha mesa, muito parecida com a que ele havia dado a professora mas em um tamanho maior—Eu sei que ontem nós tivemos um desentendimento mas...

—Não me chame disso—Eu disse entredentes, o desconforto que sempre sentia perto do garoto voltando em força total e eu só queria que um buraco abrisse e me engolisse para debaixo da terra pois assim, não teria que ver maio o garoto

—Mas você é meu coração—Seu sorriso aumentou e eu me levantei desconfortável, já pronta para mudar de lugar, mas a professora entrou na sala dando seu bom dia e se sentando na cadeira, ela pegou a caixa deixado por Gabriel com um sorriso no rosto e a abriu, olhando com interesse os chocolates dentro. Eu então corri até a mulher que me olhou assustada

—Senhorita Alice, você me assustou! —Ela levou sua mão ao peito—Precisa de alguma coisa?

—Por favor, me deixe fazer o trabalho sozinha, eu não consigo ficar perto de Gabriel, eu prometo me esforçar e fazer tudo direitinho até amanhã, eu só não quero apresentar com ele

—Senhorita Alice, nós tivemos essa conversa ontem—Ela me olhava com desinteresse—Eu não entendo o que aconteceu entre você e Gabriel mas preciso que vocês dois sejam profissionais. Em um ambiente de trabalho, você teria que continuar a trabalhar com quem você não gosta

—Mas ele é um assediador! —Eu disse frustrada e pude ouvir um barulho coletivo de surpresa de todos os alunos presentes. Gabriel então se levantou e se retirou da sala, suas mãos cobrindo seu rosto como se estivesse chorando

—Senhorita Alice! —A professora elevou levemente seu tom de voz—Eu não vou aceitar esse tipo de comportamento na minha sala de aula! Você vai continuar a trabalhar com o senhor Gabriel e vocês dois vão entregar um trabalho impecável ou eu vou ser obrigada a falar com o conselho sobre o que está fazendo, isso é bullying e você pode ser expulsa ou pior—Eu engoli em seco ao ouvir a ameaça da professora e acenei com a cabeça—Agora encontre senhor Gabriel e se desculpe, quero vocês dois aqui em 15 minutos, vá! —Eu saí cambaleando da sala de aula, meu coração acelerado e respiração ofegante, tentando digerir o que havia acontecido, lágrimas ameaçavam cair do meu rosto e eu as segurei, me recusando a chorar.

Eu olhei para os dois lados do corredor vazio, tentando imaginar para onde Gabriel poderia ter ido. Uma ideia então veio a minha mente e eu rapidamente corri para fora do prédio, encontrando o garoto sentado no mesmo banco de ontem, suas pernas cruzadas e uma feição tranquila em seu rosto. Eu me aproximei levemente de onde ele estava e ele voltou seu olhar para mim, um grande sorriso pretencioso em seu rosto. Uma onda de raiva tomou conta de mim e eu me segurei para não ir até ele e socar sua cara

—Oi, estava esperando por você

—Desculpa—Eu disse em um tom baixo, serrando meus punhos

—O que foi isso, coração?

—Eu disse desculpa!

—Também não precisa ser tão grossa, meu amor—Ele bateu sua mão levemente no banco, sinalizando para que eu fosse me sentar, eu apenas cruzei meu braço e mantive meus pés firmes no chão—Tudo bem então—Ele levantou suas mãos em um sinal de rendição—Mas só para saber, eu te perdoo—Ele se levantou—Acho melhor voltarmos para a sala, mas vamos conversar mais tarde—Ele me puxou pelo braço para dentro da sala, e eu nem tive forças para lutar contra seu aperto. Nós entramos em silêncio  para não atrapalhar a professora que nos deu um olhar satisfeito. Eu me sentei na minha cadeira me sentindo envergonha pelo olhar reprovador dos meus colegas de classe, Gabriel parecia feliz e satisfeito e em algum ponto, se virou para trás e jogou um pequeno pedaço de papel na minha mesa