ℂ𝔸ℙ𝕀𝕋𝕌𝕃𝕆 𝕆ℕℤ𝔼

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Notas: a partir de agora pode ter mais referências a tog, mas em respeito a quem não leu continuarei fazendo meu máximo pra ficar sem spoiler, boa leitura...

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Lis

Batidas soam na porta me fazendo pular da cama, a adaga já em minhas mãos por puro hábito, mesmo eu sabendo que é impossível alguém perigoso invadir aqui além de que não faria sentido baterem na porta, mas já é um gesto que me acostumei tanto que se tornou algo automático, mas logo escuto meu irmão falar do outro lado.

—Precisamos conversar.

Suspiro de alívio ao ouvir sua voz e guardo a adaga antes de abrir a porta, não vou negar que estou surpresa, ele não é o tipo de pessoa que bate na porta repentinamente no meio da madrugada, em geral ele só entra sem avisar, no máximo grita que ta entrando se sentir outro cheiro além do meu, mas bater só quando é algo realmente importante.

Assim que Navi está do lado de dentro eu fecho a porta e me viro pra olha-lo, assim como eu, ele já está com trajes de dormir, uma camiseta branca com uma bermuda frouxa, os cabelos loiros bagunçados, ele certamente acabou de levantar, não muito diferente de mim, já que dormia tranquilamente há poucos minutos usando uma camiseta dele que peguei em seu guarda roupa do quarto há umas horas atrás (que eu tenho total certeza que ele não viu) e uma calça folgada.

Eu não esperava pela visita dele, não era raro ele aparecer de noite no meu quarto no Palácio, mas quase nunca ele estava sério, muito menos falava que precisamos conversar.

Vou até ele e me sento na beira da minha cama já bagunçada, ele não tarda a me seguir e se senta ao meu lado, sua expressão mostra que há algo errado, os olhos verdes exibem hesitação, alguma coisa aconteceu, Navi respira fundo e passa uma das mãos no cabelo, o bagunçando ainda mais.

—Precisamos conversar sobre?— pergunto já que ele não abre a boca.

—Sobre nosso pai.

Ah.

Engulo em seco, embora eu e Navi tenhamos uma boa relação, talvez não tão boa quanto a que tenho com o Lulu, mas ainda assim uma relação de irmãos, nossas conversas sobre Tamlin sempre acabam em gritos ou xingamentos, em geral porque odeio meu pai, já Navi tenta o proteger, tentando me dar motivos para não o odiar, embora eu já tenha percebido que ele também tem algum rancor pelo nosso pai, acho que não o perdoou por me chutar pra fora de casa.

—Você sabe sobre sua cicatriz?— ele me questiona e olha fixamente pro lugar onde ela costuma ficar, em um gesto automático cubro-a com um pouco de magia, a pergunta me apegando desprevenida, nunca falei sobre ela com ele.

—Sei o suficiente— uma meia verdade, tudo que sei é que tenho ela desde os cinco anos e que foi preciso que Thesan a curasse pessoalmente pois nenhum curandeiro da corte diurna foi capaz de fazer alguma coisa, e mesmo o Grão-Senhor não foi capaz de faze-la sumir por completo, sendo preciso que eu use magia pra esconder os vestígios do corte.

—Lucien te falou quem a fez?— ele me questiona.

—Você sabe quem a fez?— pergunto, a raposa caolha jamais me falou quem a fez, todas as vezes que perguntei simplesmente respondeu que era história para outra hora, a hora jamais chegou, e eu acabei desistindo de perguntar.

Corte de Primavera e TrevasOnde histórias criam vida. Descubra agora