Cidade do Panamá, Panamá.2018
Malditas conexões.
Foram as primeiras palavras que inundaram sua cabeça. Ele desabotoou três botões da camisa havaiana, revelando o bronzeado adquirido nos últimos dias. Fazia muito calor naquele istmo que ligava as Américas, quase tanto quanto Fez, no Marrocos. Em seguida, olhou o relógio à prova d'água.
Faltavam quase cinco horas para o embarque.
Ele praguejou em silêncio e observou de soslaio o rapaz que o acompanhava. Canadense com alguns traços de origem chinesa, o adolescente era mesmo irritante, ainda mais com aqueles cabelos lisos que lhe causavam inveja. Precisava dele, precisava da habilidade dele em tecnologia, precisava da habilidade dele de invadir o Pentágono, mas isso não o tornava menos irritante, ainda mais naquelas cinco horas de espera.
Praguejou de novo. Teria fretado um voo direto se não chamasse tanta atenção, se não estivesse acompanhado por um adolescente procurado pela polícia. Suspirou, resignando-se.
Depois de passarem pelo controle de passaporte, eles deixaram o aeroporto e as malas, que só seriam devolvidas no destino final, mas a irritação de ambos não os deixou. Não viam a hora de chegar.
Pelo menos, longas escalas possuíam uma utilidade: passear; já que ficar cinco horas esperando sentado no saguão de embarque até a bunda ficar quadrada e dolorida estava fora de questão. E a ideia de conhecer a cidade famosa por seu canal lhe agradava, mas se ao menos o rapaz que o acompanhava parasse de reclamar....
— Ignácio! Pegaremos uma gripe forte se continuarmos dessa maneira — o rapaz reclamou novamente, agora do tempo. — A cidade faz um calor infernal, mas nos locais fechados o frio é de matar. Estamos no inferno por acaso?
Ele suspirou.
— Quase. — Sorriu e ajeitou o chapéu, cujo nome era homônimo àquele país. — O ar-condicionado é forte justamente por causa do calor das ruas. Venha, cadê seu espírito aventureiro?
— Morreu quando você me deixou sozinho para lidar não somente com as câmeras de nosso último trabalho, como também os alarmes, elevadores e outros dispositivos em apenas dez minutos enquanto você estava no prédio. — O jovem cruzou os braços e olhou para os dois lados da estrada que levava ao aeroporto. Apinhada de táxis e até uma van bem ilustrada, refletia um pouco da correria, cada vez maior conforme se aproximavam do centro da cidade. — Eu mereço um aumento pelos meus feitos.
— Merece é um cascudo, pois quase fui capturado pelos agentes da segurança nacional. Se duvidar, eles ainda estão atrás de mim. — Perscrutou o vai e vem de pessoas, procurando por rostos conhecidos, mas não reconheceria ninguém mesmo se visse. Não era treinado em contra vigilância. — Você merece seus dez por cento mesmo. Considere como pagamento pelo risco.
— Risco? O maior risco foi meu por ter quase todo o submundo atrás do meu código!
Ignácio o segurou pelo braço e o arrastou para um canto menos movimentado da frente do aeroporto.
— Silêncio, Danijel. — Levou o indicador à própria boca. — Quer que o mundo inteiro saiba que roubamos aquilo?
— Isso se já não sabem — Danijel bufou e se desvencilhou de Ignácio com rispidez. — Nada do que Ignácio Cortez faz se mantém em segredo por muito tempo.
— Senhor Yuan, você está dizendo que eu não sei guardar segredo? — Levou a mão direita a região do coração, em um claro sinal de falso espanto e cinismo.
— Eu estou dizendo que seu azar é conhecido até pelas lendas que permeiam seu nome — Danijel anuiu. — Onde vamos nesse fim de mundo?
— Ei! O Panamá é um dos países mais importantes da região, casa financeira das Américas e centro de um dos maiores aero...
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Portal das Almas [Degustação]
Aventura"A estrutura da história foi o que mais me chamou a atenção. A forma como as peças são apresentadas está muito perto dos livros de autores consagrados. Uma das melhores obras que li no Wattpad. Me lembrou da escrita de Dan Brown." - Tay Alves, aval...