Five More Minutes • ACOTAR

I

Annysia andou de um lado para o outro naquele quarto minúsculo. Ela já estava acostumada com o ambiente, as paredes desgastadas, a janela com grades para impedir que Annysia se jogasse do alto daquela torre maldita. Tudo lá dentro já era velho, feio e sem cor. Annysia odiava, odiava mais a cada dia que passava ali.

Quantos anos, séculos, fazia que Beron a tinha trancado ali? Certamente muito tempo. Eris era um bebê quando Annysia descobriu que seu Grão Senhor era, na verdade, seu parceiro. Que infeliz descoberta; mais infeliz ainda foi ele descobrir no mesmo instante que ela. Não teve escapatória para Annysia, e quando ela se recusou a aceita-lo, Beron a trancou naquela torre.

Ela enlouqueceu, perdeu a sanidade completamente, virou um bicho por anos. E depois se recompôs, sozinha. Como era a sensação do vento batendo livre no rosto? Da grama roçando os pés descalços? Como era sentir o sol queimando o cabelo? A água correndo no rio? Ela não sabia mais. Sequer se lembrava dessas coisas. 

A portinha que tinha sido feita para passar comida foi aberta e uma bandeja deslizou para dentro do quarto. Annysia rosnou; odiava aquele tratamento, como se ela fosse um animal terrível. Odiava a sensação de estar enjaulada.

Ainda assim, seu estômago estava roncando, e ela estava morta de fome. Annysia se sentou no chão, puxando a bandeja para seu colo. Estava quase terminando de comer aquela porcaria com gosto de terra quando escutou: três batidas na porta. Ela parou e escutou e logo vieram mais três.

-Eris?- ela sussurrou, grudando o ouvido na porta na tentativa de escutar algo. Então, a portinha se abriu e algo passou por ela.

Era chocolate quente, e fazia muito, muito tempo que Annysia não tomava um. Ela respirou fundo, absorvendo o cheiro e suspirando antes de pegar aquela xícara e a envolver com suas mãos.

-Obrigada.- ela murmurou. As vezes, Eris ia até ali e não dizia nada, porque era arriscado demais. Mas ele nunca ficava muito tempo sem ir vê-la, e era graças a isso que Annysia não tinha perdido completamente a sanidade mental.

-Vou te ajudar a fugir, Anny.- ela o escutou, tão baixo que achou que estivesse escutando coisas.

Annysia parou, a xícara a alguns centímetros dos lábios. Seria aquilo possível? Ela tinha suas dúvidas; tinha tentado fugir algumas vezes, mas sair da Casa da Floresta sem Beron saber era impossível! Ela nunca tinha sequer conseguido chegar a entrada da torre antes de ser arrastada de volta ao topo. Eris estava maluco se achava que conseguiria tira-la viva de lá. A não ser que...

-Vai precisar morrer.- ele disse e o coração de Annysia foi parar na garganta. -Preciso ir, Anny.

-Eris, espera.- ela disse, mas sabia que ele já tinha partido. Maldito Eris Vanserra, como ela sequer conseguiria dormir agora?

Ela se levantou do chão, a caneca ainda em suas mãos, o chocolate já esfriando. Annysia se sentou na escrivaninha ao lado da cama e abriu o caderno de desenhos. A única coisa que Beron permitia que ela fizesse para se entreter era aquilo: desenhos e mais desenhos. Vários dele de Annysia finalmente conseguindo sua vingança. Claro, todos esses eram abstratos para que Beron não notasse nada em uma de suas muitas inspeções detalhadas no que Annysia andava fazendo.

Ele ainda tentava fazer com que ela o aceitasse, apesar de todos aqueles anos. E a resposta dela era sempre a mesma, não importava se ela estivesse bem, mal, sofrendo, surtando, morrendo por dentro: não. Não, ela nunca o aceitaria.  Não conseguiria passar pelo que a Senhora da Outonal passava e se manter calada. Ela acabaria dilacerando a garganta de Beron no processo.

Fugir. Escapar de lá. Com a ajuda de Eris. Aquilo parecia um sonho, parecia bom demais para ser verdade. E, para Annysia, aquilo era esperança. E esperança só trazia algo para Annysia: problemas.

Boa noite meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Nova fanfic de acotar porque já desisti se falar "essa é a última" K
Enfim né
Esse é nosso começo
Espero que gostem!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 08/07/21