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Annysia não estava nervosa quando chegou a Corte Outonal

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Annysia não estava nervosa quando chegou a Corte Outonal. A parte mais difícil tinha sido deixar Helion, na calada da noite, sem dizer para onde ia ou o que faria. Pois ele certamente tentaria impedir Annysia de fazer o que ela queria. No fim das contas, lidar com Beron era algo que a grã feérica precisava fazer sozinha. Ela não deixou bilhete, Annysia não avisou nada. Ela apenas o observou uma última vez e partiu.

E agora, estava ali, parada diante dos portões do inferno. Preparada para entrar e enfrentar sua punição. Enfrentar seus medos, seus traumas e acabar, de uma vez por todas, com aquilo.

-Você é corajosa de voltar.- um guarda disse, uma risada cruel. Ele a segurou pelo braço. Annysia poderia facilmente ter derrubado ele, mas não o fez. Poderia ter fugido, mas não o fez.

Ela esteve fugindo pela vida toda. Esteve se escondendo, desejando ser invisível. Chega. Chega daquilo, chega de se sentir fraca, patética e inútil. Era hora de se vingar. Era hora de dar um basta naquilo.

Então ela não protestou quando o guarda a arrastou para dentro, gritando para os outros que tinha encontrado um prêmio para o Grão Senhor. Annysia revirou os olhos.

Mas quando chegaram as portas do salão, ela sentiu a garganta se fechar. Ninguém poderia salva-la agora. Então ela tinha que ser bem, bem convincente se quisesse vencer.

-Trouxe algo para você, meu Senhor.- o guarda disse com uma reverência, parando em frente ao trono de Beron.

Annysia o encarou. Aqueles olhos frios, o rosto cruel. O macho que havia desgraçado a vida dela, bem ali, na sua frente. A analisando, as mãos entrelaçadas.

-Você a achou onde?- Beron questionou. O macho torceu o nariz.

-Bem, ela estava no portão e...

-Eu voltei porque quis. - Annysia disse, o cortando. Se desvencilhando com facilidade das mãos do guarda.

Ela caminhou devagar até Beron. E abriu para ele um sorriso que, para quem visse de fora, parecia ser sincero. Sentiu nojo por fazer isso, mas o fez ainda assim.

-Percebeu que não pode se esconder de mim?- Beron disse com um sorriso cruel.

-Ah, não. Percebi que não posso viver sem você. - Annysia disse. Aquilo pareceu pegar Beron desprevenido. O coração dela batia em um ritmo natural. Ela sabia como mentir, enganar e manipular. Beron a olhava e olhava, analisando Annysia.

-Porque eu deveria acreditar nisso?- ele zombou. -Tentou escapar por cinco séculos!

-Bem, por isso você deveria acreditar em mim, querido.- ela disse, rindo, e se sentou no colo de Beron. Ignorando a repulsa que isso causava nela. -Eu fugi, não foi? Porque voltaria se não estivesse sendo sincera?

Beron pareceu considerar aquilo. Claro que acreditaria; o ego dele era grande o suficiente para que uma mentira daquelas fosse o suficiente para fazê-lo cair em seu jogo.

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