Capítulo 2 - A Dor da Traição

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(...) Você me traiu...
E eu sei que você nunca vai se arrepender
Pelo jeito que me machucou.

Traitor - Olivia Rodrigo.

𝓒𝒂𝒎𝒊𝒍𝒂 ☀️

— O que você vai fazer? — Nina pergunta vindo em minha direção.

Nas minhas mãos o celular vibra e a foto dele me encara. Não consigo desviar os olhos da tela; daquele sorriso divertido e daqueles olhos sedutores. Sinto um aperto horrível no peito e, usando toda minha força de vontade, desligo a ligação. Porém menos de 5 segundos depois, o celular volta a vibrar e aquela foto aparece de novo. Por que isso tinha que acontecer? O que nós tínhamos era tão lindo e doce... Um amor verdadeiro. Até mesmo nessa foto dá pra ver que ele me ama, apenas olhando em seus olhos.

Suspiro tristemente. Essa foto... Eu ainda me lembro como se fosse ontem quando a tirei. Estávamos na fazenda do avô dele, num campo de girassóis ao pôr do sol e ele estava tão lindo que eu tive que tirar uma foto pra registrar aquele momento. Ele então se virou e abriu aquele sorriso fazendo uma pose ridícula logo em seguida. Quando fui mostrar a foto, ele roubou o celular das minhas mãos e me puxou para um beijo apaixonado... 

Foi um dos melhores dias da minha vida.

Mas agora, vendo esses lindos lábios eu só consigo me lembrar deles na boca de outra mulher. Os braços musculosos em suas costas e aquelas mãos perfeitas no rosto da outra.

A Outra.

Esse pensamento libera algo perigoso em mim. Sentindo o corpo inteiro reverberar em ondas furiosas, fico em pé num pulo e jogo o celular com toda força no chão. O impacto do aparelho no chão fez com que as ligações parassem de uma vez por todas.

Ao olhar para o celular quebrado no chão a raiva deixa meu corpo de repente, dando lugar novamente para a tristeza que me acerta com toda a força, me fazendo sentar no chão, totalmente desestabilizada.

Sinto algo se avolumar no meu peito e subir até minha garganta me sufocando, me tirando a sanidade, tirando todo o meu controle e meu ar. Pego alguma coisa macia ao meu lado e pressiono contra meu rosto, liberando finalmente aquilo que estava preso desde o momento em que vi aquela cena na janela.

Um grito dolorido sai de meu peito, deixando minha boca seca. Eu não sei se foi alto ou não. E muito menos sabia qual era a reação de meus amigos naquele momento, mas não me importava com nada. Tudo o que eu prestava atenção era nas imagens que minha mente tortuosa criava, me mostrando ele com a outra fazendo coisas que ele fazia comigo. Palavras, carícias, gestos, presentes... Tudo o que vivemos foi uma mentira? Jogo a almofada molhada com violência para o outro lado da sala e abraço meus joelhos com força, tentando conter os soluços que fazem meu corpo sacudir violentamente.

Por que ele faria isso? Por que Deus? Por quê?

Sinto um toque suave no meu queixo levantando meu rosto e me deparo com um par de olhos azul escuro me encarando com angústia e raiva. Eu o conheço bem e sei o que ele quer fazer. Parte de mim até quer, quer muito na verdade, que Diego vá até aquele desgraçado e acabe com ele. Mas, ao mesmo tempo, eu não quero isso e jamais permitiria que ele fizesse isso.

Tento lhe dar um sorriso tranquilizador, mas acho que só consegui fazer uma careta estranha, que mais parecia que eu estava tendo um derrame. Ele não expressou nenhuma reação, apenas continuou me encarando com aquela tristeza perturbadora nos olhos; a mandíbula trincada, os ombros tensos e os punhos serrados.

Eu tentei respirar fundo, mas meu nariz fez um barulho nojento e eu desisti de tentar fazer qualquer coisa. Vi a minha amiga se levantar e ir pra algum lugar antes de eu soltar todos os meus músculos e meu corpo se esparramar ao pé do sofá. Eu parecia, e me sentia como uma poça derramada no chão.

Como Amigos FazemOnde histórias criam vida. Descubra agora