Capítulo 4 - A Separação

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(...) Foi preciso toda a força que eu tinha para não desabar,

Apenas tentando de tudo para juntar os pedaços do meu coração partido.

E eu passei tantas noites sentindo pena de mim mesma;

E eu costumava chorar, mas agora eu mantenho minha cabeça bem erguida.

(...) Eu vou sobreviver!

I Will Survive - Gloria Gaynor

𝓒𝒂𝒎𝒊𝒍𝒂 ☀️

↫ Alguns momentos antes... 

— Quem é aquele mais baixinho da fila? — Nina me pergunta, querendo saber mais sobre os jogadores bonitos, prestes a entrar no campo, lá embaixo.

Estávamos sentadas nas arquibancadas mais baixas, bem próximas do campo. O cheiro da grama recém cortada pairava em nossa volta e todo o ar de expectativa pesava sobre o campo, me deixando meio ansiosa. Precisava que esse jogo começasse logo pra minha mente se distrair, pois já estava perdendo a batalha contra meus pensamentos.

Pra qualquer lugar que eu olhasse, eu me lembrava dele. E isso estava me matando. Graças à Deus a perversidade da Nina estava conseguindo me distrair um pouco.

— Acho que é o Vitinho. — respondo com os olhos cerrados, tentado enxergar além da minha miopia. Por que eu não trouxe meus óculos?

— Vitinho? — ela analisa o nome por alguns segundos. — Bonitinho, mas o apelido é totalmente broxante. — sua risada me faz sorrir.

Coitado do Vitinho. Ele pode ser um pouco mais baixo que os outros, mas é um dos mais bonitos. Com a pele negra, os olhos verdes e o cabelo cacheado, quem poderia resistir? Além é claro do sorriso maroto e o corpo musculoso. Infelizmente não fazia o meu tipo, mas que ele é lindo, ele é. Porém, mesmo com suas qualidades, Nina não quis mais saber dele. Seus olhos famintos agora buscaram um outro alguém para devorar.

— E aquele ali? — ela aponta discretamente para o Rude.

— Esse é o Rude. — respondo e ela faz uma careta. Porém não consegui ver muito bem a cara que ela fez pois estava ocupada analisando o sujeito. Pele clara, cabelo raspado e corpo sarado. Franzo as sobrancelhas. Eu sempre confundo os dois!

— Não, Nina, acho que estou enganada. Acho que aquele é o Queijão. — Ela vira pra mim e aprofunda a careta.

— Mas que nomes são esses? — sua voz enojada me faz rir. Apenas ergo os ombros em resposta. O que posso dizer? Não fui eu quem colocou esses apelidos ridículos.

— Com esses apelidos eu nem quero mais saber sobre eles... — ela murmura passando os olhos pela fila, ainda procurando o mais bonito. Só consigo rir do jeito dela.

— Que tal aquele ali? — aponto para Leo, o amigo mais bonito do Diego, na minha opinião.

Nina vira o rosto pra olhar pra onde eu apontei, mas, ao invés de olhar pros jogadores lá embaixo, ela acaba olhando pra alguma coisa à minha esquerda, segurando meu braço com força, como se tivesse visto um fantasma. Me assusto e olho na direção que ela estava olhando e então o meu coração para, deixando minhas mãos geladas no mesmo instante.

— Rafael? — A pergunta deixa meus lábios como um sopro.

Eu mal podia acreditar que ele estava ali, na minha frente, me olhando com aqueles olhos negros perturbadores. Seu olhar de alívio, raiva e decepção me fizeram sentir como se ele conseguisse enxergar através de mim, encarando cada canto do meu ser e deixando minha alma totalmente exposta.

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