Capítulo 3 - A Paixão Secreta

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(...) Por favor, tenha misericórdia de mim
Vá com calma com o meu coração.
Mercy - Shawn Mendes

𝓓𝒊𝒆𝒈𝒐 🌒

Mais uma sessão. Só mais uma e eu posso ir embora. Contendo um suspiro frustrado, seguro o saco de pancadas à minha frente e me preparo para os golpes de Max.

Maximus... O cara é simplesmente uma montanha de músculos, com golpes tão fortes que acredito que quebrariam o nariz de alguém em milhões de pedacinhos. O engraçado é que ele ainda é muito lento. Essa é a lei da vida... Não se pode ter tudo. Ou você é extremamente grande e forte, mas com golpes lentos, ou pequeno e fraco, mas muito rápido e ágil. Você só pode ser um dos dois.

Firmo os pés com mais forças no chão para não derrapar e aguento mais alguns golpes violentos de Max, que fazem meu corpo chacoalhar. Auxilio Max com suas dificuldades e explico novamente o que ele se recusa a entender.

— Max, você é muito grande, o que te deixa naturalmente mais lento. Não importa o quanto treine, seus golpes nunca serão rápidos o suficiente, já que carregam todo o peso dos músculos nos braços. — ele bufa e seca o suor da testa com violência. Suspiro.

— Já falamos sobre isso. O que você precisa é praticar a defesa e o esquivo para que quando o adversário tente dar golpes rápidos, você o pegue de surpresa com um golpe forte e certeiro. — ele assente com a cabeça e toma vários goles de água em sua garrafa gigantesca, se colocando em posição logo em seguida; pronto para golpear o saco novamente. Volto para minha posição e continuo fazendo meu trabalho, por mais 20 minutos intermináveis.

Finalmente Max termina sua última sessão, pingando de suor e me dá um forte tapa nas costas antes de caminhar até os chuveiros. Me apresso em recolher minhas coisas e então vou até a recepção da academia, onde encontro Leo, meu amigo, o qual é a pessoa mais infantil de todos os tempos.

— Quem é vivo sempre aparece, não é mesmo? — ele diz com um sorrisinho, segurando uma lata de energético nas mãos. Vou até o balcão da recepção e apoio o cotovelo na superfície branca, imitando a pose de meu amigo.

— Desculpa ter desmarcado com você ontem. Aconteceu algumas coisas com a Camila e eu fui ficar com ela. — digo sentindo um aperto no peito ao lembrar da noite anterior.

Ao pensar na Camila, minha mente voa direto para as cenas dela chorando ao pé do sofá, encolhida, tentando se manter inteira enquanto seus soluços quebravam-na em pedaços. Nada, nesse mundo, vai doer mais do que a dor que eu senti ao ver o brilho daqueles olhos se apagar. Ficaram opacos e escuros, envoltos na vermelhidão que as lágrimas deixaram. Foi a coisa mais triste que eu já vi.

— Tá tudo bem? — sou trazido de volta à realidade e quase não presto atenção na pergunta dele. O que eu deveria responder? Não posso simplesmente sair contando as intimidades da minha amiga com meus amigos, mesmo Leo sendo de confiança. Decido então dar uma resposta vaga.

— Agora já está, mas ela ficou mal por ter brigado com o Rafael.

Sinto um gosto amargo na boca ao dizer o nome dele. Meu punho se fecha quando mentalizo o rosto do infeliz e me imagino socando o miserável sem piedade.

— Ah, tudo bem então. Você acabou mesmo se safando por não ter ido ontem à noite. — ele faz uma pausa para abrir sua bebida e então toma um gole estrondoso, aumentando minha curiosidade. — Kelly apareceu por lá... — deixo um suspiro cansado escapar. Por que essa mulher não me deixa em paz?

— Perguntou por você como uma louca e estava vestida como uma prostituta. Acho que ia tentar te seduzir... De novo. — ele abre um sorriso malicioso. Reviro os olhos.

Como Amigos FazemOnde histórias criam vida. Descubra agora