Capítulo 4

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(Sweet Creature - Harry Styles)

Andara Hendrix

Não foi na primeira, nem segunda tentativa, mas Calum me convenceu a ir jantar no centro. Me prometeu um lugarzinho calmo, comida boa e vinho até a gente estar falando bobeira. E como sempre, ele honrou com sua palavra e salvou meu dia.

Fomos a um restaurante aconchegante que eu ainda não conhecia e ficamos numa mesa no canto, sem ver mais de cinco pessoas passando por nós. Não é como se fossemos nos meter em restaurantes famosos e repletos de paparazzi que por algum motivo acham que a vida do Calum os desrespeita. Como também faziam com meu pai, até que entenderam tudo errado e criaram o escândalo que pôs um fim a tudo.

Aqui é seguro e preciso admitir, é muito bom sair. Respirar novos ares e ver o movimento. Los Angeles é um lugar muito peculiar, igualmente fascinante e bizarro.

Não sei dizer se foi planejado ou apenas uma coincidência, mas fico desconfiada. Depois de várias taças de vinho e uma noite ótima em que deixei qualquer preocupação de lado para passar um tempo com a melhor parte da minha vida, entramos no carro e Calum não pega a rodovia para voltar para casa.

–O que foi? – pergunto enquanto estamos parados no estacionamento, com o carro ligado e parado no mesmo lugar há uns dois minutos. 

–Quero te pedir uma coisa.

–Sim? 

–Me deixa passar na sua exposição. – sua expressão é suplicante, mas isso não melhora nada.

De repente, tudo faz sentido.  Devia ter desconfiado dessa história de vir para a cidade, e também devia ter pulso firme para não deixar que seu sorriso esperançoso enuvie minha decisão. Mas não sei como fazer isso.

–Você fez de caso pensado?! – decido acusar.

–Não vou te obrigar a ir lá, só estou sugerindo. – ele deixa claro – Cinco minutos, a gente tinha um acordo.

–Não para hoje.

–Por favor, Andy. Já estamos aqui.

Olho pela janela, angustiada.

–Vou estar lá com você, o tempo todinho. – ele toca meu braço, sutil e carinhoso. O choque do toque mínimo das nossas peles muda todas as cores que vejo no horizonte – Tenho a playlist perfeita, e não precisamos parar para ver tudo. Só passar em frente já vai me deixar feliz.  

Respiro fundo, já arrependida da minha decisão.

–Se é tão importante pra você, tudo bem. Vamos.

Suas mãos grandes puxam meu rosto para perto dele automaticamente, e eu ganho um beijo mais doce que a sobremesa que comemos há pouco. Um beijo feliz e empolgado, que me diz que talvez seja a coisa certa. Sei disso, mas a parte mais obscura da minha mente não concorda. E logo meu corpo responde a ela, com uma preocupação que não consigo justificar, explicar, entender, quanto menos controlar.

Quando descemos do Range Rover novamente, depois de um trajeto de seis músicas até a sofisticada galeria de arte no centro, tenho as mãos úmidas e o ar parece muito pesado de respirar. Já teria voltado para dentro, ou corrido para bem longe, se a mão de Calum não estivesse firme junto a minha. O amuleto que me dá forças para lidar com as ondulações misteriosas e cores descontroladas que o vinho e a ansiedade provocam.

Ele olha para mim e estende o celular com os fones de ouvido conectados.  

–A exposição está linda e é um sucesso, Andy. – garante – Você merece ver isso também. Não precisa tirar os fones em nenhum momento, e pode ouvir na altura que quiser, conforme combinamos. Mas por favor, por favor, aproveite seu momento. Isso é resultado do seu esforço. Você merece. 

Babylon - Calum HoodOnde histórias criam vida. Descubra agora