Capítulo 1 :

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— A gente devia ir até um bar comemorar.

A declaração enfática de meu amigo Dominic Sherwood com quem eu dividia um apartamento não foi nada surpreendente. Ele estava sempre disposto a comemorar mesmo as coisas mais insignificantes. Sempre considerei isso parte de seu charme.

— Sair para beber um dia antes de começar num emprego novo com certeza não é uma boa ideia.

— Vamos lá, Matt.

Dom se sentou no chão da sala do nosso novo apartamento em meio à bagunça da mudança e abriu seu sorriso irresistível. Fazia dias que só cuidávamos da arrumação e ainda assim ele estava lindo. Com seu corpo esguio, cabelos loiros e olhos castanhos, Dom era o tipo de homem cuja aparência, quaisquer que fossem as circunstâncias, raramente era algo menos do que incrível. Isso me deixaria com raiva, se ele não fosse a pessoa que eu mais adorava no mundo.

— Não estou dizendo para a gente encher a cara — ele insistiu. — Só uma ou duas tacinhas de vinho. A gente pega o happy hour e volta para a casa lá pelas oito.

— Não sei se vou ter tempo. — Apontei para minha calça de ioga e minha blusa de ginástica — Depois que eu cronometrar a caminhada até o trabalho vou para a academia.

— É só andar depressa e malhar mais depressa... — A expressão de Dom com as sobrancelhas cuidadosamente curvadas em um arco perfeito me fez rir.

Nunca perdi a esperança de que seu rosto incrível aparecesse um dia em outdoors e revistas de moda do mundo inteiro. Qualquer que fosse sua expressão, ele era um arraso.

— Que tal amanhã, depois do trabalho? — ofereci em troca. — Se eu conseguir sobreviver ao primeiro dia, aí sim vamos ter o que comemorar.

— Combinado. Hoje vou estrear a cozinha nova fazendo o jantar.

— Hã... — Cozinhar era um dos prazeres de Dom, mas não um de seus talentos. — Legal.

Afastando uma mecha de cabelo que caíra sobre seu rosto, ele me olhou com um sorriso.

— A gente tem uma cozinha de fazer inveja à maioria dos restaurantes. Não tem erro ali.

Não muito convencido eu me despedi com um aceno decidido a me esquivar da conversa sobre a cozinha. Desci para o térreo de elevador e sorri para o porteiro quando ele abriu a porta para mim. Assim que pus o pé para fora fui envolvido pelos aromas e ruídos de Manhattan, que me convidavam a sair e explorar. Eu não estava apenas do outro lado do país em relação à minha antiga casa em San Diego — parecia estar em outro mundo. Duas metrópoles importantes uma infinitamente amena e sensualmente preguiçosa e a outra pulsando como um organismo vivo carregado de uma energia frenética. Nos meus sonhos eu me imaginava em um pequeno e charmoso prédio no Brooklyn, mas, por ser um bom menino, acabei no Upper West Side. Se não fosse o Dom eu estaria completamente sozinho em um apartamento enorme que custa por mês mais do que a maioria das pessoas ganha em um ano.

Paul, o outro porteiro, me cumprimentou tirando o quepe.

— Boa noite, senhor Daddario. Vai precisar de um táxi esta noite?

— Não, obrigada, Paul. Bati no chão com os amortecedores do meu tênis de ginástica. — Vou sair pra caminhar.

Ele sorriu.

— Esfriou um pouquinho agora no fim da tarde. O tempo está gostoso.

— Me disseram para aproveitar o mês de junho, antes que comece o calor de verdade.

— Um ótimo conselho, senhor Daddario.

Ao me afastar da fachada envidraçada e moderna que de alguma forma não destoava da idade do edifício e da vizinhança, desfrutei da relativa tranquilidade da rua arborizada antes de chegar à agitação e ao trânsito intenso da Broadway. Eu ainda tinha esperanças de me adaptar rapidamente, mas por enquanto me sentia um falso nova—iorquino. Eu tinha um apartamento e um emprego, mas ainda não me sentia seguro o bastante para me aventurar no metrô, e não tinha me acostumado a acenar ostensivamente para os táxis. Enquanto caminhava, eu tentava não parecer impressionado e atônito, mas era difícil. Havia tanta coisa para ver e experimentar.

Todo seu - ShumdarioOnde histórias criam vida. Descubra agora