Capítulo 20:

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Harry chegou bem na hora em que o jantar estava saindo do forno.

Estava com um terno embalado numa das mãos e um laptop numa maleta na outra. Estava preocupado que ele fosse para casa depois da sessão com o Dr. Petersen, e fiquei aliviado quando recebi sua ligação avisando que estava a caminho. Ainda assim, quando abri a porta e pus os olhos nele, senti um calafrio.

— Oi. – ele disse baixinho enquanto me seguia até a cozinha. — O cheiro aqui está uma delícia.

— Espero que você esteja com fome. Fiz um monte de comida, e acho que Dom não vai aparecer para ajudar a comer.

Harry deixou suas coisas perto do balcão e foi até mim com passos cautelosos, procurando meus olhos enquanto se aproximava.

— Trouxe algumas coisas para passar a noite aqui, mas posso ir embora, se você quiser. A qualquer hora. É só dizer.

Expirei em uma bufada, determinado a não deixar o medo comandar minhas ações.

— Quero que você fique.

— E eu quero ficar. – ele parou ao meu lado. — Posso te abraçar?

Eu me virei para ele e o apertei bem forte.

— Por favor.

Harry apertou o rosto contra o meu e me abraçou. Não era um abraço gostoso e natural como de costume. Havia um desgaste entre nós, algo que nunca tínhamos experimentado juntos.

— Como você está? – ele murmurou.

— Melhor agora que você chegou.

— Mas ainda está nervoso. – ele beijou minha testa. — Eu também. Não sei como vamos conseguir dormir juntos de novo.

Recuando um pouco, olhei bem para ele. Era o que eu temia também, e minha conversa com Dom não tinha ajudado muito. O cara é uma bomba—relógio...– Dom havia dito.

— Nós damos um jeito. - respondi.

Ele ficou em silêncio por um bom tempo.

— Nick já tentou entrar em contato com você?

— Não. Ainda assim, eu morria de medo de encontra-lo de novo algum dia, fosse por acidente ou deliberadamente. – ele estava em algum lugar do mundo, respirando o mesmo ar que eu. — Por quê?

— Fiquei pensando sobre isso hoje.

Dei um passo atrás para olhar seu rosto, e senti um nó na garganta ao perceber como estava chateado.

— Por quê?

— Porque existe um bocado de coisa entre nós.

— Você está achando que é coisa demais?

Ele sacudiu a cabeça.

— Não consigo pensar assim.

Eu não soube o que fazer, nem o que dizer. Que garantia poderia dar a ele se não sabia que meu amor e a necessidade que ele sentia de ficar comigo seriam suficientes para fazer nossa relação dar certo?

— E você, está pensando em quê? – ele perguntou.

— Na comida, que está no forno. Estou morrendo de fome. Você pode perguntar a Dom se ele quer comer? Depois podemos jantar.

Dom estava dormindo, então Harry e eu jantamos na mesa à luz de velas depois que ele tomou banho, uma refeição um tanto formal para quem estava de camiseta velha e calça de pijama. Eu estava preocupado com Dom, mas precisava muito de um tempinho tranquilo a sós com Harry.

Todo seu - ShumdarioOnde histórias criam vida. Descubra agora