Toda quarta-feira, um pessoal da escola se vestia de rosa por causa daquele filme lá que tinha sido famoso a alguns anos atrás e como estava na moda fingir que gostava de conteúdo vintage, a maioria da escola ficava numa paleta cor-de-rosa. Eu sempre adorei ser a diferença, nunca me incomodou este fato, então ditei uma regra pra eu mesma de que eu, toda quarta-feira, iria usar preto.
Estava em frente o espelho, já tinha se passado um mês desde a volta as aulas e consequentemente, um mês desde que "ganhei" um colega de quarto.
- Achei que as meninas tem esse acordo de toda quarta andar por ai de rosa, gatinha. - Eu odiava quando ele me chamava de gatinha, mas ele já tinha se dado o direito de me chamar assim, não como flerte mas é porque eu mio enquanto durmo. É, eu mio enquanto durmo. Eu sei que pode parecer na verdade uma apnéia do sono mas eu juro que não ronco.
- Passou um mês comigo e ainda acha que eu vou usar rosa? Justamente no dia do rosa? Me respeita, cara.
Cantarolei um pouco de Do Re Mi do Blackbear, escuvata muito ele a uns meses atrás mas nunca fui de fato fã.
Yeah, if I could go back to the day we met
I probably would just stay in bed
You run your mouth all over town
And this one goes out to the sound
Of breakin' glass on my Range Rover
Pay me back, or bitch it's over
All the presents I would send
Fuck my friends behind my shoulder
Next time, I'ma stay asleep
I pray the Lord my soul to keep- Essa música é boa pra caralho. - Ele disse, quase nun suspiro. - Por que parou de cantar?
- E desde quando eu te devo satisfação? - Digo, como se fosse óbvio.
- Desculpa ai gatinha, não queria te aborrecer. - Num tom cínico, suas palavras pareciam fazer carinho na minha cabeça de tão manhosas, e me deixava mais irritada ainda.
Estava inteira de preto, meu rosto parecia um ponto branco no meio do nada.
Não comentei sobre, mas estou lidando com a escola sozinha, Hasel e as outras meninas, Evan, todo mundo sozinha. Anne viajou, foi para a Alemanha, segundo ela, seus pais estavam pensando em morar lá e isso, de um certo modo me deixava totalmente insegura, não aprendi a lidar com meus dias sem ela, e isso seria árduo de lidar, mas acho que eu supero. Não há nada que não dê pra superar com algumas garrafas de vodka e vários cigarros importados.- Bitch, you're crazy - Ele diz baixinho, ainda num tom irônico e não cantarolando, o que me fez virar drasticamente o corpo e, se for realmente isso o que eu escutei, ele estava me chamando de puta?
- Você me chamou do que? - Desligando seu gameboy advanced muito ultrapassado, olhou pra mim com uma cara de manha, ele jogava charme em cima de todo mundo, era algo que uma hora, você já não sabia se era aquilo mesmo ou se ele estava flertando com você.
- B I T C H - soletrou, letrinha por letrinha. O que fez meu couro cabeludo arrepiar e minhas mãos formigarem, mas num tom engraçado respondi:
- Sua mãe é o que? - Logo seu sorriso se tornou uma cara séria e eu cai em gargalhada, eu adorava tirar sua paciência já que, ele também achava incrível tirar a minha.
Logo, fui ao banheiro ao lado, ele tinha um chuveiro fajuto (e olha que eu pago uma mensalidade imensa de cara pra ter um chuveiro fajuto como este) por cima de uma banheira minúscula, mas funcionava pra mim, já pro Evan eu não sei. Bom que pelo menos ele era limpo, então o banheiro sempre se mantinha a mesma limpeza, já que somos nós responsaveis pela limpeza de todo o dormitório.
Estava passando algumas camadas de rímel quando de repente, sinto um ombro vir e acertar em cheio minha cabeça, me fazendo manchar toda minha bochecha com aquele líquido preto.
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Essa Dor Que Não é Minha
Teen FictionAntes "Apenas Colegas", uma história escrita por mim quando eu tinha 12 anos de idade. Thomasin é uma adolescente de 15 anos de idade, estudante em um internato no centro-sul da Inglaterra, em Oxford. E talvez seja uma bomba-relógio. Sua falta de s...