Estava me arrumando, eu sempre fazia uma caminhada pela escola. Por mais que Anne tivesse viajando, eu ainda gostava de fazer os mesmos passos que fazemos juntas. Ela não era de viajar muito, ela era super inteligente e nunca gostou de ficar longe dos seus cursos, clubes e etc. Ela era super diferente de mim mas a gente se dava super bem.
Olhei para trás e Evan me observava com aqueles olhos vidrados em mim, fiquei incomodada, assumo, odiava pessoas me encarando, então encarei de volta. Uma hora ele tomou consciência de que estava me encarando e desviou o olhar para uma gaveta cheia de tralhas do lado da cama dele e voltava a organizar. Fui ao banheiro para me maquiar e percebi que acabei esquecendo o meu pincel, o que me restava era pedir pra ele pegar pra mim:
- Evan! - Grito da porta do banheiro - Pode pegar pra mim pincel azul pequenininho na 3º gaveta? Valeu.
Depois de um tempo esperando, ele não chegava nunca com esse pincel, por um tempo eu achei que ele não estivesse achando mas assim que coloquei a cabeça para fora da porta do banheiro, me espantei com a cena dele lendo meu diario de quando eu era mais nova, e mesmo que seja velho e de uns 2 anos atrás, não é como se ele pudesse simplesmente pegar as minhas coisas e ver o que tem escrito.
- Ei! O que você ta fazendo!? - Grito, acidentalmente - Larga essa porra! - Andando em passos rapidos, segurando uma paleta de sombras na outra mão, puxo sua camiseta pela gola, dando abertura pra eu poder pegar o caderno de sua mão e jogar no canto do quarto. - O que te deu essa falta de senso de achar que pode simplesmente pegar as minhas coisas sem eu saber?
- E o que tinha de tão especial pra você ter essa reação, Gatinha? - Ele disse, num sorriso de canto, aquilo me ardia a nuca de raiva. - Ou será que vou descobrir qual é o crushzinho da Thomasin de 13 anos de idade? - Soltou uma risada alta e bem clara, aquilo era um insulto pra mim.
- Mano, você me conhece a pouquissimo tempo, você NÃO FAZ IDEIA DE QUEM EU SOU! - Digo, extremamente irritada até porque, invadir minha privacidade é um dos piores erros que ele poderia ter cometido. Sério! Eu não fuço as coisas dele, o que custava ele fazer o mesmo?
- Ou então você vai... O que é aquilo? - Ele disse, seu enorme sorriso de canto se tornou uma cara séria, quando me virei e vi o que tinha...
- É por isso que você tem que parar de pegar as minhas coisas! - Pego um pacotinho com lacrado com um pó dentro e rapidamente coloco no bolso.
- Agora além de suicída eu também compartilho quarto com uma drogada? - Disse de braços cruzados, bravo comigo, como se fosse ele que teria que tirar a resina de dentro do meu nariz. Babaca. - Ótimo! Esperava mais de você Thomasin.
- O problema é totalmente seu se você criou expectativas em cima de mim, até porque eu nunca te dei abertura. - Depois de um tempo parados olhando um pra cara do outro, lembrei de uma coisa que ele tinha dito que me fez ficar curiosa.
Como assim "suicída"? De onde ele tirou isso? Enfim, eu estava brava demais pra conversar mais com ele, então peguei meu pincel de sua mão e corri ao banheiro, fechando a porta. Escutei seus passos pesados até a porta, saindo do quarto. De alguma forma me senti aliviada, ele não me ameaçava e nem me daria medo se este fosse o caso, mas finalmente poderia ficar sozinha e respirar um pouco ar puro.
Afinal, não entendia ainda o fato dele ter posto "suicida" na mesa e ainda ter reclamado de eu ser uma drogada, e olha que ópio nem é meu maior problema. É fácil manter o vício quando se tem dinheiro pra paga-lo, e difícil quando não se tem mais um traficante, porra Anthew! Cadê você?
Meu celular vibrava sem parar, não parava nunca e isso me irritou tanto que fui ver quem era.
| 23 MENSAGENS DE Annizita ás 11:23 |
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Essa Dor Que Não é Minha
Teen FictionAntes "Apenas Colegas", uma história escrita por mim quando eu tinha 12 anos de idade. Thomasin é uma adolescente de 15 anos de idade, estudante em um internato no centro-sul da Inglaterra, em Oxford. E talvez seja uma bomba-relógio. Sua falta de s...