Capítulo 1 : Compreensão.

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"Dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos."

— Ensaio sobre a cegueira, José Saramago.

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Era apenas mais uma quinta-feira. O sol estava brilhando, seu cabelo estava se comportando bem e, como todas as outras quintas-feiras, Draco Malfoy odiava seu trabalho.

Ele odiava mais do que chocolate derretido em suas melhores calças, mais do que a amostra grátis estúpida que Blaise deu para ele no Natal, mais do que a Marca Negra avermelhada em seu antebraço.

Draco costumava pensar que poderia ser pior, que sentar em uma cela com barras frias e pensamentos frios seria pior. Que ir dormir e nunca acordar seria pior.

No entanto, toda vez que ele batia na porta ao lado, Draco pensava que nada poderia ser pior do que acabar com o amor.

Afinal, era isso que ele fazia essencialmente. Ele acabava com o amor. Para um dos lados, pelo menos. Para a outra pessoa no relacionamento, o amor já havia acabado, murcho e morto como as plantas que estavam secas no parapeito de sua janela autônoma. O dono da porta em que ele bateu ainda estava apaixonado. Às vezes, esperançosamente, perdidamente apaixonado. E era trabalho de Draco quebrar seus corações.

Os nós dos dedos dele descansaram na porta de madeira fria. Uma batida forte e seu trabalho estaria perto do fim. Às vezes, a batida era a parte mais difícil de tudo, ganhando a confiança para fazer o que precisava ser feito. Seu coração estava batendo no peito, e isso nunca parecia ir embora, não importa quantas vezes ele fizesse isso. A ansiedade de destruir alguém que você nem conhece como parte de seus dias honestos de trabalho.

Ele hesitou, lendo o pedaço de pergaminho em sua mão mais uma vez. Ele respirou fundo, endireitando as pregas do colete, antes de finalmente bater na porta de madeira resistente à sua frente.

Draco podia ouvir passos, abafados, mas se aproximando, e ele inalou mais uma vez quando a maçaneta girou. Uma mulher abriu, de olhos arregalados e curiosa, o cabelo puxado para trás em um coque.

— Senhorita, er, Sarah Hentley? — Draco perguntou, lendo o cartão à sua frente, embora ele praticamente o tivesse memorizado. Ele até se lembraria disso dias depois, daquele nome, daquela mulher.

— Sim? — ela respondeu, abrindo a porta um pouco mais, revelando sua minúscula entrada plana. Draco viu uma moldura prateada segurando a foto de um cara mais alto, com os braços em volta da Srta. Hentley. A imagem deu um loop, mostrando o par olhando nos olhos um do outro antes de dar um beijo furtivo. Seu estômago embrulhou e ele tossiu antes de começar o poema, rodado em tinta preta no pergaminho

"Minha querida Sarah, fui atraído por você como uma mariposa por uma chama, nosso amor era verdadeiro, mas as mariposas às vezes morrem, e acho que nós também. Infelizmente, acabou para mim e para você."

Draco terminou o poema, revirando os olhos com a horrível escolha de palavras. Ele amassou o pergaminho, enfiando-o nas vestes antes de se dignar a olhar para a Srta. Hentley.

— Você é... quem é você? — Sarah perguntou curiosamente. Ela parecia feliz, calorosa. Foda-se. Draco não queria que tudo isso fosse em vão.

Ele tossiu, endireitando o colete novamente antes de começar. — Sou o Senhor Malfoy, guardião secundário do Mestre do Amor. — Ele geralmente começava com seu discurso, mas algo na foto o pegou desprevenido.

— Ok, — Sarah disse, ainda parecendo um pouco confusa.

Draco engoliu em seco e continuou. — E eu não escrevi essa bagunça horrível em forma de um poema. Jack que o fez.

🧙 𝐓𝐔𝐃𝐎 𝐀 𝐏𝐄𝐑𝐃𝐄𝐑 ─ drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora