8. Hora de partir. (Nansy)

2 0 0
                                    

Nansy
Era um dia de sol, eu tinha voltado do hospital, eu e Wendy estávamos no meu quarto, estávamos sentadas na beira da cama com um atestado nas mãos, eu estava com câncer, Wendy ficou muito assustada com àquilo, parecia que era ela que tinha câncer, e eu estava tentando tranquilizar ela, não funcionou muito, ela ainda estava em choque, eu precisei ficar abraçada com ela por meia hora até ela se acalmar, nós duas começamos a mexer em uma caixa antiga, achamos fotos de quando éramos pequenas, a coisas que escrevíamos, assim como um diário antigo, dentro dele tinha uma lista com coisas que queríamos fazer juntas.

Eu peguei uma caneta e risquei o juntas, e coloquei antes de morrer na frente, eu disse pra ela que iriamos tentar pelo menos fazer metade das coisas naquela lista, e ela concordou comigo, por mais que tudo que ela queria naquele momento fosse ficar conversando comigo até não termos nada mais pra falar. Eu nunca aprendi a andar de bicicleta, e esse era o primeiro item da lista, nós duas fomos para a rua e Wendy disse que não ia sair dali até eu saber andar de bicicleta igual ela, ela sempre foi assim, quando colocava algo na cabeça ninguém a fazia mudar de ideia e ao mesmo tempo que eu achava isso legal, eu tinha medo disso.

Wendy e eu sempre fomos amigas, nos comecemos quando tínhamos cinco anos, e desde aquele dia nos tornamos amigas inseparáveis, ela sempre teve vários amigos, sempre teve vários meninos que gostavam dela, mas ela não ligava pra ninguém além de mim, ela me fazia se sentir única, e pra ela eu realmente era unica, mas eu não sei se ela me ve como eu a vejo, porque eu sinto que minha vida não faria sentido sem ela, e eu queria ficar com ela pra sempre, eu não gosto de quando os meninos ficam dando encima dela, eu perguntei pra minha mãe o que é esse sentimento, e ela disse que eu estava apaixonada.

Naquela noite eu e Wendy montamos uma barraca no gramado da casa dela, o segundo item era acampar, então fizemos isso no quintal de casa, eu e ela se deitamos dentro da barraca e eu senti ela segurar minha mão, ela estava chorando, então eu abracei ela, por um momento eu me senti a pessoa mais feliz do mundo, mas sei que Wendy esta longe de se sentir assim. Nós fomos fazendo as coisas da lista, e os dias foram passando, dias, semanas, meses, estavamos em uma casa na árvore que tinhamos feito com o pai dela, enquanto observávamos os pássaros e acariciavamos o nosso gato Tate, ele também era uma das coisas da lista, sempre dissemos que íamos adotar um gato.

Wendy estava passando a mão no meu cabelo, ele era tão longo, agora estava bem curto, as pessoas as vezes achavam que eu era garoto, mas eu não ligava, eu olhei pra ela enquanto ela passava a mão no meu cabelo, faltava só mais um item da lista
"Vamos se declarar para quem amamos."
Wendy não tinha feito isso e nem eu, eu estava com medo e estava nervosa, sempre que eu ia dizer eu acabava não dizendo nada ou eu nem tentava, eu e Wendy descemos a escada da casa da árvore, e eu disse que tinha uma coisa que eu queria dar pra ela, pedi pra ela me esperar na frente da casa dela e fui correndo até minha casa, não foi tão difícil já que morávamos de frente uma pra outra.

Eu peguei um envelope no meu quarto, dentro dele tinha uma carta onde eu dizia o que eu sentia pra ela, e um colar, que era só uma corrente mas eu passei um anel que eu comprei pra ela por ele, e guardei com a carta, quando eu estava na frente na minha casa eu comecei a ficar tonta, e cai no chão, a última coisa que eu vi quando eu cai foi a Wendy correndo até mim e chamando o meu nome, eu acordei no hospital, o médico disse que os sintomas tinham piorado e que eu só teria mais aquele dia de vida, Wendy estava chorando muito, estava chorando mais do que os meus pais, e eu perguntei a minha mãe sobre o envelope, ela disse que guardou e me entregou ele, o médico foi conversar com meus pais fora da sala e eu disse que queria falar com Wendy.

Ela estava chorando e eu estava chorando por ver ela assim, eu a dei o envelope e fiz ela prometer que não ia abrir ele antes que eu morresse, eu não quero que a última coisa que eu escute dela seja que ela não sente o mesmo por mim, e ela concordou que não iria abrir, eu conversei com os meu pais e os pais dela, eles me tratavam com uma filha, e sabiam que eu era importante pra Wendy então os dois também estavam muitos tristes, e eu fiquei segurando a mão da Wendy, olhando pro teto do hospital esperando morrer, e tudo ficou escuro.

Wendy
Eu estava segurando a mão dela, eu mal conseguia pensar naquela hora, eu estava tão triste, tão desesperada, quando a Nancy fechou os olhos e eu vi os batimentos dela pararem, e eu cai no chão, ela era meu tudo, eu tinha perdido o sentido da minha vida, e me pediram pra escrever uma carta pro funeral dela, saímos do hospital de noite, eu me sentei na cama e eu ainda estava chorando, eu peguei a minha bolsa, e eu vi o envelope que ela tinha me dado, então eu abri ele e ela tinha feito uma carta pra mim.

"Wendy
Oi, se você está lendo isso, provavelmente eu não estou mais ai com você, e eu sinto muito por isso, nesses últimos dias terminamos de fazer as coisas da nossa lista, na verdade falta uma, eu não tive coragem pra fazer isso pessoalmente, então resolvi escrever uma carta, eu te amo, eu queria que você soubesse disso, mas eu acho que você não sente o mesmo por mim, e eu espero que isso não tenha destruído a relação que tínhamos, eu espero que consiga fazer o que eu não consegui.
Nancy."

Eu vi que tinha mais uma coisa no envelope, era um colar com um anel, e tudo que eu fiz naquele momento foi chorar e desejar que àquilo fosse só um pesadelo, minha mãe entrou no quarto quando me ouviu gritar, ela me perguntou se eu estava bem, minha mãe era a única pessoa pra quem eu disse de quem eu gostava, só ela sabia que eu amava a Nancy, e só ela podia me consolar naquele momento. A Nancy morreu e eu nunca vou poder dizer pra ela que eu a amo.

____________________________________
Esse foi o capítulo espero que tenham gostado
Bjs e até o próximo
:')

Other sideOnde histórias criam vida. Descubra agora