Melody
Eu perguntei a todo mundo sobre a morte deles, já que eles não pareciam se importar com isso. E cada um deles me contou uma historia detalhada sobre as suas mortes, eu estava tentando perguntar pro Allan o que tinha acontecido, mas parecia impossível chegar até ele. No fim da tarde eu fui pra biblioteca e me sentei na escrivaninha, abri um livro e dormi, eu não sei exatamente quanto tempo eu dormi, acordei de noite com Allan acendendo as luzes da biblioteca.
- Desculpe, eu não sabia que você estava aqui...
- Ah, tudo bem.
Eu disse e ele caminhou até a prateleira, pegou um livro e se sentou em uma cadeira para folhear o mesmo, encostei minha cabeça na mesa e fiquei olhando ele, pensando o que poderia ter acontecido com ele, e qual seria a razão pra ele ser tão quieto, tão na dele, tão frio com as pessoas ao seu redor. Apenas gostaria de saber o que o deixou assim.
- Vai ficar me encarrando ou vai dizer o que você quer?
- Que?! - eu levantei a cabeça da mesa e me ajeitei na cadeira.
- Você está me encarrando desde quando chegou aqui, você vive fazendo perguntas pra todo mundo, mas nunca vez nem uma pra mim.
- Uau...
- O que foi?
- Eu nunca ouvir você dizer tantas palavras de uma vez.
- O que você quer saber?
- Eu perguntei pra todo mundo sobre você, ninguém sabe seu nome completo, nem o porque você não gosta da sua habilidade, ou como você morreu. O que aconteceu?
Ele me olhou e depois olhou pro chão, se levantou e veio até mim, de dentro daquele livro ele tirou uma foto queimada, de uma família feliz, no verso tinha uma mensagem escrita a mão.
- Allan Davis Johnson, feliz aniversario Emily Margaret Davis Johnson...
Ele encostou na estante de livros e se sentou no chão, me virei e ficamos de frente um com o outro, desci da cadeira e me ajoelhei ainda na frente dele, ele olhou dentro dos meus olhos antes de dizer qualquer coisa.
Allan
Desde que eu nasci sempre tive tudo do bom e do melhor, uma família que me amava, boa condição financeira, muitos amigos, boas notas, tudo que eu queria eu ganhava. Mas nada se comparava com a minha irmã mais nova. Ela valia mais pra mim do que todo o ouro no mundo, e a única coisa que eu queria fazer é proteger ela, não importava o preço que eu pagaria por isso, o importante era ela. Esse era o único objetivo da minha vida.
Tinha onze anos na época, minha família estava em casa assistindo um filme, eu, minha irmã e meus pais, tínhamos colocado um filme de terror e minha irmã estava me abraçando de medo, isso já era de se esperar de uma criança de cinco anos, eu estava rindo dela quando a energia caiu e ela me abraçou ainda mais forte, mas logo a casa ficou iluminada pelas velas que meu pai acendeu.
- Allan! Olha que bonito! - ela disse tentando pegar a chama.
- Não faz isso! - eu falei segurando a mão dela - Isso pode te machucar, fique longe do fogo!
- Você sempre vai me proteger? - ela disse cruzando os braços.
- Vou, eu sempre vou te proteger, eu prometo.
Ela sorriu e me abraçou, eu a peguei no colo e a levei pro quarto, coloquei ela na cama, e deitei na minha, depois meus pais vieram até o nosso quarto, disseram de iam sair e resolver o que aconteceu com a energia, ouvi a porta sendo trancada e cai no sono. Acordei no meio da noite e vi minha irmã tentando descer da cama dela.
- O que você esta fazendo?
- Eu vou pegar um copo de agua pra mim...
- Deixa que eu pego. - eu disse se sentando na cama.
- Não precisa! Eu consigo.
Ela saiu do quarto e me deitei novamente e eu cai no sono, mas não demorou muito pra mim acordar com o grito desesperado dela, me levantei da cama correndo, tudo que eu via era fogo por todo o lado, minha visão estava turva, meus olhos estavam ardendo, me levantei e caminhei o mais rápido possível até a cozinha, quando cheguei lá vi minha irmã chorando e tossindo, tinha uma queimadura enorme no braço dela.
Eu corri até ela e a segurei em meus braços, a nossa casa estava caindo aos pedaços, meus pais não estavam por perto e eu senti o coração da minha irmã parar de bater, ela fechou os olhos e ficou pálida, gelada, eu chamei o nome dela varias e varias vezes, eu abracei ela e implorei pra ela ficar comigo, mas ela já tinha morrido, eu morri depois de um tempo pela fumaça, segurando ela em meus braços.
Melody
- Eu sinto muito...
- Isso não foi sua culpa, foi minha... eu era responsável por ela, eu deveria ter ido com ela, quando eu cheguei aqui eu esperava encontrar ela, mas ela tinha comprido o objetivo dela...
- Ela te disse o que ela queria?
- Ela queria morrer nos braços de alguém que amasse ela tanto quando eu...
Eu estava olhando pra baixo, e quando olhei pro Allan vi uma lagrima no rosto dele, ele colocou as mãos cobrindo o rosto, e eu me aproximei dele. Ele me consolou quando eu precisei, então eu estava ali para devolver o favor, eu me aproximei ficando na frente dele, e coloquei minha mão no ombro dele, não sabia que ele ia me abraçar, mas foi o que ele fez, me puxou e me abraçou.
- Obrigado...
- De nada...
- Se importa se eu ficar assim mais um pouco?
- Tudo bem, pode ficar.
Eu sabia que ele estava segurando aquilo dentro dele a muito tempo, e nos ficamos ali abraçados por um bom tempo até ele se sentir melhor.
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Esse foi o capítulo, espero que tenham gostado
Bjs e tchau
;)
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Other side
ParanormalMelody é uma órfã que sofre um acidente e acorda em um mundo omde ela descobre estar morta, e é acolhida por uma "família". Não recomenda para menores de 11 anos, contém: Violência, drogas e assédio. As fotos usadas não são minhas, foram fotos que...