Senhora | ⚢

Capítulo 3-Gerente Moore.

-Três minutos.-A Reagan de repente se levanta.-Você estava certa sobre o restaurante, demorou um pouco para eu entender, mas eu quero fazer as pazes com você. Você me disse que você ama o seu trabalho aqui, e eu confio em você. Você é uma excelente membro da equipe, você tem o perfil certo para este trabalho. Você estará encarregada de todo um departamento, terá muitas responsabilidades, decisões a serem tomadas, dificuldades para superar. Você será invejada, algumas pessoas ficarão ressentidas, você terá que se impor, sair da sua zona de conforto, vai ser difícil, mas eu acredito em você... Você não conseguiu este emprego porque eu quero você, Letícia. Você conseguiu porque eu quero o melhor para a corporação. Você é totalmente dedicada no que faz. Eu sei que você quer administrar o projeto do Burundi, vai administrá-lo e muitos outros mais. Você quer mudar as coisas, quer um mundo melhor, e tem o poder da Fitscher Corp com você. Você vai recrutar uma equipe e, para isso, você tem carta branca, vamos ter uma reunião toda semana sobre quais ações tomar.-Por um momento me lembro da primeira vez que vi o Willian conversando com a Reagan. Sua capacidade de integrar tanta informação em tão pouco tempo me impressionou. Eu vou ter que fazer o mesmo... Foco, Letícia! A Reagan dá uma volta na cadeira. Ela para ao meu lado e abaixa a cabeça para se inclinar para mim. Um olhar solene no rosto dela.-Você quer brincar no meu playground, me mostrar o que você tem? Eu não vou entregar as coisas a você de mão beijada.-A amante desapareceu. Eu tenho na minha frente a chefe da empresa. Se não quero ser engolida viva, devo permanecer firme.

Sou tomada por um sentimento estranho... Apesar das dúvidas que tenho, posso sentir a emoção. Essa sensação é semelhante à que tantas vezes me dominou no início do meu relacionamento com a Reagan. Não importa o quão confiante eu esteja, a Reagan acredita em minhas habilidades. Cabe a mim correr atrás. O tom do desafio está de volta entre nós. A Reagan finalmente me considera digna, ela está me dando a oportunidade de entrar em seu mundo. Eu me viro para encará-la.

-Então eu tenho carta branca para escolher meus colaboradores?

-Sim.

-O Willian sabe?

-Primeira coisa que eu fiz esta manhã, foi mandar uma mensagem para ele.-Eu levanto meu queixo e olho em seus olhos.

-Onde está meu contrato?

-Já está sendo escrito.

-Vou precisar de algum tempo para pensar.

-Você tem...-Ela marca um silêncio calculado e depois me dá um sorriso malicioso.-Cinco minutos.

-Você não vai me dar algumas aulas de administração?

-Só se você me pedir.

-E meu salário?-A pergunta a diverte, mas eu não desisto. Ela já me deu uma abertura.

-Cento e sessenta mil mensal e participação nos lucros da empresa.

-Duzentos. E eu quero os melhores comigo.-Ela está se aproximando. Estamos encarando uma a outra como duas duelistas no meio da sala. A tensão que emana de nós não tem nada a ver com uma entrevista convencional.

-Estou acostumada a negociar, Letícia, mas o salário que eu concedi é justo.-Sua respiração quente acaricia meus lábios. Seus olhos são tão intensos que tenho dificuldade em não desviar os meus.

-Você vai ter que reavaliar sua parte, porque é pegar ou largar.-Ela inclina a cabeça para o lado e faz um beicinho fofo. Um pouco mais e eu poderia esquecer a empresária e ver a minha namorada que reclama de calor embaixo dos meus edredons... Mas eu não me deixo enganar. Ela faz esse beicinho para que eu caia em tentação.

-Cento e oitenta. E você pode escolher entre os nossos melhores colaboradores.

-Combinado, não vou decepcionar você, senhora Fitscher.-Reagan umedece os lábios, ainda me encarando. Eu perco um pouco da minha autoconfiança. Sem dizer uma palavra, ela se move em direção ao elevador. Eu observo seu fascínio e confiança, já conquistada por seu sex appeal, apesar da minha tentativa de negociar. Quando a Reagan pressiona o número do andar dela, ela se vira e olha para mim por um momento.