Primeiro estágio: negação e isolamento.

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Ele sabia que o loiro não era uma pessoa fácil de se lidar, o comportamento explosivo e até agressivo, faziam com que algumas pessoas se afastassem, embora em muitas, o efeito fosse o contrário. E ele, Eijiro Kirishima, era uma dessas pessoas que foram cativadas pela personalidade, de certo modo, excêntrica de loiro. Eijiro conhecia Katsuki Bakugou como a palma da sua mão. Se conheceram no fundamental, e desde então, nunca se separaram. Alugaram um apartamento juntos e começaram a frequentar a mesma universidade, embora os seus cursos fossem diferentes. Enquanto Katsuki fazia direito, Eijiro fazia gastronomia. Muitas pessoas ficaram chocadas, quando descobrem que Bakugou se formaria em advocacia. O loiro não tinha um perfil padrão de um advogado, em um tribunal, as pessoas apostariam que Bakugou estaria no lugar do processado, e não do advogado que defende o acusado ou a vítima. Mas ele se dava bem na área, era de conhecimento geral o quão profissional o loiro conseguia ser. Nem parecia ser a reencarnação de um pinscher, que mandava Deus e o mundo se foder em uma bela manhã de domingo. Já para Kirishima, não foi tanta a surpresa de seguir a carreira como chef de cozinha. Tinha uma mão abençoada, isso ninguém podia negar. Não havia receita que Kirishima não conseguisse fazer com perfeição, e por ser um ótimo aluno, já havia garantido um emprego em um dos melhores restaurantes da cidade.

Mas as coisas começaram a desandar na festa de formatura. O ruivo estava bêbado, completamente embriagado. Se lembrava de poucas coisas, como ter dançado no pole dance com Midoriya, quanto Jirou cantava uma música bem sugestiva para a sua namorada Momo; de Denki se atracando com um desconhecido de cabelos roxos e, ele não sabia se as manchas escuras abaixo dos olhos roxos eram rímel borrado ou olheiras. E o melhor, Iida, junto com Mina, Mirio e Ochaco, em uma competição para ver quem bebia mais doses de caipirinha. Se lembrava de se sentir leve, feliz e com o sentimento de que tudo ficaria bem. Bom...até acordar na manhã seguinte. Em sua casa. Com uma tremenda dor de cabeça, no pescoço e na bunda. Fora o fato de que aquele teto, não era o seu quarto. O cheiro do travesseiro e do cobertor, menos ainda. Olhou para o lado, dando de cara com Bakugou dormindo. Era isso, havia transado com o seu melhor amigo / paixão secreta de anos.

Ele esperou ouvir todo o tipo de insulto vindo de Katsuki. Esperava ser xingado, agredido, expulso de casa, ou até, assassinado pelo loiro. Mas não foi isso que ocorreu. Na verdade, não ocorreu nada. O loiro agia como se não tivessem tido uma foda – uma ótima foda, na humilde opinião de Kirishima – casual. O ruivo decidiu seguir em frente, para que atiçar a fera? Mas, para a sua surpresa, não demorou muito para a dose se repetir. E quando menos se esperava, estava transando pela casa inteira, no escritório do loiro e no banheiro do restaurante onde Kirishima trabalhava, em qualquer lugar que estavam. Ele tinha esperança de que os seus sentimentos fossem retribuídos um dia. Alimentava a chama com as migalhas que recebia por parte do loiro, que o tratava de forma especial. A ele e a Midoriya, as únicas pessoas com quem Bakugou se importava.

E por isso, doeu quando ouviu aquelas palavras duras. Em um timbre de alegria. O smoking que vestia era desconfortável, a gravata lhe apertava a garganta. Mas ele não sabia se o real culpado disso era a gravata, ou o bolo que se formou em sua garganta ao ouvir aquelas palavras, ditas no microfone do pequeno palco. Em cima dele, estava uma faixa de celebração, ao aniversário de Katsuki e de seu escritório de advocacia, que a cada ano, crescia e se tornava mais famoso e requisitado, assim como o dono.

– Himiko Toga, você é a mulher mais forte, corajosa, confiante e bonita, que eu já conheci na Terra. Fora a minha mãe, é claro. E é por isso, que eu estou aqui, lhe pedindo a mão em casamento. Himiko Toga, aceita se casar comigo?

Não!

– Sim. Sim. Sim! Mil vezes sim!

A mulher de madeixas loiras médias gritou do meio da plateia, correndo em direção ao palco, subindo pelas escadinhas que ficavam na lateral do mesmo e pulando em cima do loiro. Lhe roubando um grande beijo, de tirar o fôlego. Todos estavam felizes pelo casal, e o ruivo se obrigou a ficar também. Colocou um grande sorriso no rosto, felicitando o casal e dando um grande abraço nos dois. Não seria ele a destruir a felicidade do amigo e amor não correspondido. Uma semana depois, Bakugou não teve mais notícias sobre Eijiro. 

Estágios de um amor não correspondidoOnde histórias criam vida. Descubra agora