Não estava preparado para ter aquele tipo de conversa, tinha ficado dois anos sem se ver, sem se falar direito. Katsuki, por muito tempo, alimentou um ódio de Midoriya, por sentir que o esverdeado estragou a sua vida. Durante dois anos, o processo de entender o que aconteceu em sua vida, foi doloroso. Não existia palavra melhor para se definir isso, doloroso. Seu sopro de esperança, foi quando Kirishima começou a dar os primeiros sinais de que acordaria. Mas não passava disso, se lembrava de como era doloroso a espera. Mas tinha que se resolver com quem havia machucado, e Deku, era uma dessas pessoas. Conversou com Mina, e explicou o que queria fazer. A rosada o acompanhou até a nova casa de Midoriya. Era uma típica manhã de domingo, clima agradável, poucas pessoas na rua. A casa de Izuku era grande, mas nada exagerado. Era bem bonita, de dois andares, pintada em um azul-escuro, que destacava as grades brancas da varanda do segundo andar. O casal de amigos saiu do carro que estava estacionado no meio-fio da calçada. Mina guardou as chaves do seu quarto, enquanto Katsuki esfregava as mãos na parte de trás da calça preta jeans que usava. Estava nervoso. Ambos estavam. Haviam perdido o contato com o esverdeado, e somente agora, conseguiram o localizar. Mina apertou a campainha da casa, não demorou muito para a porta ser aberta e eles terem uma surpresa.
– Pois não?
Não era Izuku Midoriya que estava do outro lado da porta, e sim um homem alto, poucos centímetros a mais que Bakugou. Ele era bem bonito e tinha um corpo forte e musculoso. Cabelos sedosos, sendo metade ruivo e metade branco, assim como os seus olhos, um lado verde e o outro azul. Havia uma cicatriz no olho esquerdo, parecia e era uma queimadura. A blusa branca simples caia muito bem no corpo do desconhecido, assim como a calça de moletom preta e as pantufas de coelho verde. A rosada decidiu quebrar o gelo, antes que o homem desconhecido fechasse a porta.
– Ah...bom dia. Eu sou Mina, amiga do Midoriya. Ele está em casa? Ou melhor, ele mora aqui?
– Sim, sim. Pode entrar. Amor! Visita.
O casal de amigos trocaram olhares questionadores. Amor? Izuku tinha arrumado um namorado? Era possível. O esverdeado era bonito, gentil e cativante, não seria uma surpresa que ele estaria comprometido. Mas o que eles não esperavam, era encontrar Izuku Midoriya, vestindo uma blusa de moletom – que claramente não pertencia a ele pelo tamanho – e um short curto. Os cabelos estavam maiores, passando do queixo. A atenção do casal de amigos foi para a protuberância na barriga do esverdeado. Izuku segurou com força o copo de suco de laranja em suas mãos. Respirou fundo, sabia que um dia teria que encarar os amigos, principalmente depois de ter dado o seu endereço para Mina no dia anterior. Mas não esperava que eles viessem no dia seguinte! O bicolor notou um certo desconforto do esverdeado com as visitas, o abraçou com cuidado, sussurrando no ouvido do mais baixo.
– Está tudo bem amor?
– Tá sim Shoto. Você pode terminar o café da manhã?
– Claro. – deu um beijo na testa e nos lábios de Izuku, para logo em seguida, dar um beijo na barriga do esverdeado. Se virou para as visitas, ainda abraçado com o mais baixo –Vocês vão ficar? Garanto que faço as melhores panquecas.
Mina logo se animou. Era uma verdadeira formiguinha e não deixaria a oportunidade de comer de graça.
– Agradecemos...Shoto. Não é? Vamos ficar para degustar de suas especialidades.
– Sim. Shoto Todoroki. Muito prazer. Izuku me falou muito sobre vocês. Podem se sentar no sofá. Acho que vocês têm muito o que conversar.
E era verdade. Tinha muita coisa para conversar. Os três amigos seguiram para a sala, Midoriya se sentou em uma poltrona, enquanto os outros dois se acomodaram no sofá de dois lugares ao lado de onde o esverdeado havia se sentado com cuidado por causa da barriga. Mina já foi logo perguntando, não era conhecida por ter papas na língua.
– Então... quem é o gostosão com olhos heterocromáticos?
– Mina!
– Nem me venha com essa Katsuki. Com todo o respeito, esse cara é uma delícia.
– É o meu marido.
Os dois recém-chegados ficaram espantados com a notícia. Mina decidiu guiar a conversa, já que Katsuki parecia muito chocado com as notícias.
– Você se casou?!
– Sim, faz uns sete meses.
– E pelo visto, já tem um mini Izuku vindo.
– Vai ser uma menina. Embora Shoto e sua irmã achem que é um menino, pela tendência da família dele.
– E quando você contaria para gente?
– Talvez quando as coisas se acalmassem. Ele...ainda está dormindo?
– Sim. – Dessa vez, quem respondeu a pergunta foi Bakugou. Que respirou fundo em busca de coragem – Eu vim até aqui, para lhe pedir perdão.
– Está tudo bem...
– Não Deku. Não está tudo bem. Eu acabei com a nossa amizade. Briguei com você, com a Mina, com todo mundo. Eu entendi, depois de todo esse tempo, que a culpa só foi daquele motorista. Eu quero consertar os meus erros. Fazer o que é certo. Lutar pelo que eu quero. E eu quero que a nossa amizade volte a ser como era antes. Eu quero lutar pela minha felicidade, pelo que eu quero. Eu acredito que Kirishima vai acordar. Em algum momento. E por isso, eu tenho que começar a mudar, para que os mesmos erros não se repitam. Você me perdoa? Me perdoa por ter sido um escroto com você? Por ter jogado toda a culpa do que aconteceu em suas costas?
Midoriya já estava se debulhando em lágrimas. Palavras não foram ditas, mas estava claro que ele perdoava as atitudes do amigo. O abraço dos três demorou um tempo para ser desfeito. As cicatrizes ainda estavam ali. As palavras nunca serão esquecidas. Mas seria um novo recomeço. E torciam, para que Kirishima estivesse presente nesse novo recomeço.
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Estava cansado, o funeral foi desgastante e regado a muito choro e gritos de dor. Nunca era fácil perder alguém. Midoriya foi um dos primeiros a ir embora, fazia poucos dias que havia dado à luz a pequena Tsubaki, e aquela atmosfera não fazia bem para quem havia acabado de sair do hospital. Bakugou nunca foi muito fã de crianças, mas aquele pequeno pedaço de gente no colo de Izuku parecia ter algum tipo de poder, que fazia com que todos ficassem bobos com ela. Custava admitir, mas seria um tio babão. E com certeza, se Kirishima o visse no momento em que pegou a pequena Tsubaki no colo, ele iria dizer como o loiro estava diferente. E era verdade, ele estava diferente. A perda fazia isso com as pessoas. As mudava. E Bakugou iria ser uma pessoa melhor, por Kirishima.
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Estágios de um amor não correspondido
Fiksi PenggemarAssim como o luto, o amor não correspondido também tem as suas fases, e Kirishima procura uma forma de passar por elas, sem que Bakugou saiba. Ou Onde Kirishima sabe que nunca vai ter o amor de Bakugou. E Bakugou percebe que se não se apressar, pod...