Text Me ☏ Yeonbin

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• vida real •

Eu nunca fui de ficar muito nervoso, já que — sem querer parecer egocêntrico, mas já sendo — eram os outros que ficavam com esse nervosismo quando estavam perto de mim, mas agora, especialmente agora que eu estou tentando criar coragem enquanto caminho até o vestiário, sinto que todas as células do meu corpo iriam entrar em colapso umas com as outras.

Primeiro que eu não tenho nenhuma fala pronta para falar com Soobin, vou ter que me virar nos trinta e tentar fazer um bom improviso. Segundo que o moreno pode me ignorar e sair em disparada pela porta, ou então pular a janela — nunca se sabe.

Chego no vestiário e a porta estava entreaberto, dando para escutar algumas vozes.

— Se abrir a boca de novo eu te dou uns tabefe — Não consigo reconhecer a voz, mas com certeza já havia escutado ela. Entro de fininho no local, como um fuxiqueiro nato.

As paredes dalí eram cinzas e o chão de madeira, assim como alguns bancos. Armários vermelhos faziam corredores no local, um típico vestiário. A sala é maior do que eu imaginava, já que tinha outra "ala" atrás dos armários, canto onde as vozes estavam vindo.

— Tenta a sorte, poste humano — Essa é a voz do Soobin ou eu estou alucinando de tanto pensar nele.

— Pois eu tento sim — O som de algo estalando ecoa no ar e eu arregalo meus olhos, preocupado.

— Seu corno! — Mais e mais sons de estalos aparecem e os dois começam uma mini gritaria. Deixo de andar na ponta do pé e corro até lá, me esquivando dos bancos de madeira.

— Que merda é essa?!

Meus olhos se alternam entre os dois morenos na minha frente, ambos batendo um no outro com camisetas vermelhas e roxas, os uniformes dos times, como se fossem duas crianças se estapeando.

— EI! — Digo algo na tentativa deles me ouvirem, o que até dá certo — O que 'ceis tão fazendo?

Kim Mingyu e Soobin estavam descabelados,  prontos para começarem a se atacar de novo. O chão estava cheio de outros uniformes esparramados, parecia um chiqueiro colorido.

— Junnie, meu amor, a quanto tempo — Mingyu me olha e sorri ladino, recebendo uma bofetada de Soobin que o olhou com ainda mais descaso — Ai!

Eu namorei o Kim por três meses, até ele, ah, vocês sabem. Não que eu guarde remorsos, mas também não aceito de volta.

— Olha o tamanho de vocês! Parem de se espancar com essas camisetas suadas — Tiro as roupas das mãos deles e dou um tapa na cabeça de cada um com as mesmas, logo as jogando no chão — Parecem que tem 5 anos, sinceramente.

— E você continua tão bonito — Mingyu, que era alguns centímetros maior até que Soobin, ainda tem coragem pra afagar meus cabelos.

— É sério isso? — O olho com descrença e dou um tapa na sua mão, a tirando de mim — Você me traiu com o garoto de que 'tá do seu lado, tu não cria vergonha na cara não?

— É, não cria vergonha na cara não? — Soobin sai do lado dele e fica do meu, cruzando os braços. Parecia um coelho irritado, fofo.

— Nhinhinhi — O mais alto faz uma careta — Já que veio aqui e eu não sou bem recebido, arruma os uniformes aí com o Coelho Gigante — Ele passa por nós e mostra a língua para o rival. Eu não reclamo, já que era a chance para ficar sozinho com o Bunny.

— Na verdade, depois eu arrumo, vou embora também — Soobin dá uma risada sem graça e dispara até a saída.

— Ah, não! — Corro atrás dele, desviando do armário e indo para a outro parte do vestiário. Mingyu, que nem havia saído do local ainda, leva um empurrão de Soobin e geme de dor, segurando o braço dele antes que ele consiga fugir. Por conta do "trânsito" dos dois, passo na frente do Bin e me jogo na porta que ainda estava entreaberta, a fechando em um baque.

Se minha mãe estivesse aqui ela com certeza teria gritado um "QUEBRA TUDO MESMO!", porque além da porta ter feito um barulho exageradamente alto, o som de um metal caindo no chão também se fez presente.

— Virou lutador de judô agora é? — Mingyu reclama e solta Soobin, olhando para o metal no chão — Põe essa maçaneta no lugar logo, preciso ir embora.

Soobin vem na minha direção e pega a maçaneta, arregalando os pequenos olhinhos de coelho.

— O problema é que o Junnie não desmontou a maçaneta, ele quebrou ela — O moreno me olha de relance, mas desvia o olhar rapidamente, envergonhado.

— Então eu 'tô preso? Com vocês dois?

— A gente 'tá preso, não só você — Digo e sinto um nervosismo na pele. Minha mãe não iria ficar nada feliz com uma advertência minha e uma conta de uma porta do colégio pra pagar — Essa porta é muito cara?