CAPÍTULO 14

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Cidade de Cancún, 21 de agosto de 2021. O cheiro forte de fumaça se espalhou pelo acampamento, arrancando todos do sono em um susto. Em meio à escuridão, o brilho alaranjado das chamas iluminava o pânico estampado nos rostos do grupo. A barraca onde Sofya e Emma dormiam estava pegando fogo, e as labaredas cresciam rapidamente, ameaçando consumir tudo ao redor. Alec e Thomas agiram sem pensar duas vezes. Pegaram baldes d’água e areia, tentando conter as chamas antes que se espalhassem para a vegetação. O calor sufocante tornava cada movimento mais difícil, e a fumaça irritava os olhos e a garganta. Depois de minutos de esforço intenso, conseguiram apagar o fogo, impedindo um desastre ainda maior. Sofya e Emma saíram da barraca destruída, os corpos ainda trêmulos e o coração disparado. O susto era evidente, mas o medo real veio logo depois. Aquilo não tinha sido um acidente. Alguém queria machucá-las, talvez até matá-las. E esse pensamento era mais aterrorizante do que o próprio incêndio. Mas o dia seguinte chegava e era hora de continuar com tudo que elas tinha que fazer.

— Meu Deus, Alec, Thomas, muito obrigada. Não sei nem como agradecer a vocês. Se não fosse por vocês, o que poderia ter acontecido? Aquele fogo estava tão fora de controle. Quem teria coragem de fazer isso? Colocar fogo numa barraca com duas pessoas dentro? Eu realmente não entendo. Isso é crueldade pura. — Ambry falava, o tom de incredulidade claro na voz. Ela olhava para os restos da barraca, ainda em choque com o que acabara de acontecer.

— Foi a pessoa daquela conta anônima, eu sei disso. Está aqui, em algum lugar, e ninguém sabe quem é. O que eu fiz para merecer isso? Não sou famosa, não sou ninguém. Não entendo essa obsessão. Como alguém pode ser tão louco assim? Eu só quero saber quem é e o que querem de mim. — Emma se sentava no chão, com a expressão frustrada. Sua mente estava um turbilhão de perguntas, tentando entender o que poderia ter causado aquela perseguição.

— E o pior de tudo é que perdemos tudo, tudo o que estava lá. Minhas roupas, meus documentos, o dinheiro… Como vou conseguir superar isso? Não acredito que perdi as minhas roupas favoritas. — Sofya também se sentava, a voz carregada de desânimo. Ela olhava para as cinzas ao redor, sentindo-se completamente desamparada pela perda.

— Bom, pelo menos nem tudo se foi. Olhem o que eu encontrei: os colares. Achei os dois lá dentro, perto das camas de vocês. — Aurora falava, tentando trazer uma sensação de alívio para a situação. Ela entregava os colares com um sorriso, como se aquele pequeno gesto pudesse aliviar um pouco a tensão.

— Meu Deus, são os colares que a gente deu uma para a outra quando éramos pequenas! Eu nunca pensei que você ainda guardava o meu. Achei que tinha perdido ou jogado fora. — Emma dizia, um sorriso de surpresa se formando em seu rosto ao pegar o colar. O gesto era simples, mas carregava uma enorme carga emocional.

— Eu nunca jogaria o meu fora, Emma. Eu sempre guardei, só que depois de tudo o que aconteceu, parei de usar no pescoço. Mas ele sempre esteve comigo, guardado no bolso. Nunca deixei de lado. — Sofya falava com carinho, apertando o colar nas mãos. Era uma lembrança de tempos mais simples, mas também uma conexão com algo que não queria perder.

— Eu também sempre guardei o meu. Levo ele comigo para onde vou, porque ele significa muito para mim. Obrigada por nunca ter parado de usar o seu. Isso me faz sentir mais próxima de você, de tudo o que passamos juntas. — Emma sorria, sentindo uma onda de gratidão e alívio. A sensação de encontrar algo tão pessoal e significativo em meio a todo aquele caos era, de alguma forma, reconfortante.

— Bom, agora que vocês estão com pelo menos os colares salvos, vamos focar no que realmente importa. Temos uma prova para ganhar, e eu não vou deixar que nada nos pare. Vamos logo, Sofya. — Ster dizia com determinação, puxando Sofya para se levantar. Ela estava pronta para seguir em frente, sem perder mais tempo.

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