Cidade de Cancún, 26 de setembro de 2021. O sol começava a nascer, mas a cena do crime ainda estava impregnada no ar, com o cheiro de sangue ainda fresco e a sensação de que algo irreparável havia acontecido. A polícia finalmente liberava a área, e o corpo de Ster era retirado, levando consigo a última lembrança de uma noite que nunca poderia ser apagada. Emma e Sofya, ainda atordoadas, eram levadas para o hospital. Seus machucados eram superficiais, mas a dor real estava no peso da culpa que carregavam, como se o ar ao redor delas fosse mais denso. Elas estavam vivas, mas a vida de Ster se fora, e com ela, uma amizade que agora parecia distante. Ster não era uma estranha; ela havia sido amiga, pelo menos para Sofya, e o vazio deixado pela sua ausência era indescritível. Em seus corações, uma única pergunta ecoava: em que momento tudo desmoronou a ponto de chegar ao fim daquela noite trágica?
— Eu ainda estou em estado de choque... — Sara murmurava, secando as lágrimas com as costas da mão. Sua voz tremia, e o olhar perdido deixava evidente a incredulidade. — Eu não acredito que a Ster foi capaz de fazer algo assim. Eu vi essa menina crescer... Eu a conhecia desde pequena. Ela sempre foi doce, prestativa. Nunca, em todos esses anos, passou pela minha cabeça que ela fosse capaz de algo tão... tão extremo.
Sofya abaixava a cabeça por um instante antes de responder, a voz carregada pelo cansaço e pelo trauma. — Se a senhora não acredita, imagine eu e a Emma. Nós estávamos lá, olhamos nos olhos dela. A Ster não hesitou. Ela realmente queria nos matar. E depois... ela iria tirar a própria vida. — Sua respiração vacila, e seus braços, como se buscassem algo para se segurar, envolvem Sara em um abraço apertado. — O medo que eu senti... Eu nunca havia sentido nada parecido. Foi um medo que tomou conta de mim por inteiro, como se meu corpo inteiro estivesse congelado e queimando ao mesmo tempo.
Alexia observava as duas em silêncio, mas sua mente ainda estava presa na cena que jamais esqueceria. — Eu nunca vou conseguir tirar da minha cabeça a imagem do corpo da Ster. — Sua voz era quase um sussurro. Ela estava toda cortada, e havia tanto sangue... — Meu Deus, ela estava tão pálida. Parecia um fantasma. Vocês não têm ideia do quanto foi um milagre saírem vivas daquela situação. Vocês tiveram muita proteção divina... — Ela engolia em seco, os olhos arregalados denunciando o quanto aquilo a afetava.
Emma, que até então tentava se manter forte, sentia o peso das palavras de Alexia caindo sobre ela como um golpe. — Se a senhora não consegue tirar apenas a imagem, imagine para mim e para a Sofya que vamos carregar para sempre a dor de saber que fomos nós que a matamos. — Sua voz embargava, e as lágrimas, que ela tentava conter, finalmente começavam a escorrer. — Meu Deus... Eu estou muito mal com isso. Eu sinto como se tivesse um nó na minha garganta, como se meu peito estivesse preso em um aperto constante... Eu só queria que nada disso tivesse acontecido.
Sofya respirava fundo, tentando encontrar forças para não desmoronar junto com Emma. Ela se aproximava e a puxava para um abraço forte, como se tentasse segurá-la no mundo real, impedir que ela se afundasse ainda mais naquele peso insuportável. — Emma, eu sei... Eu sei que está doendo, está doendo em mim também. Mas a gente precisa seguir em frente. A Ster fez a escolha dela, e nós só queríamos sobreviver. Que Deus tenha piedade da alma dela... e que nos ajude a superar isso. Vamos ficar bem, ok? Juntas, nós vamos passar por isso.
Enquanto isso, em uma outra sala no mesmo hospital, Aurora, Thomas e Alec aguardavam atendimento. Os três estavam machucados, mas o cansaço e a tensão pesavam mais do que qualquer dor física. O silêncio entre eles era denso, carregado por tudo o que havia acontecido. Ninguém sabia o que dizer, e talvez nem houvesse palavras suficientes para expressar o que sentiam. Ambry chegava apressada, atravessando os corredores frios do hospital. Ela fora enviada para buscá-los porque seus pais estavam ocupados tentando acalmar Cristina, que estava inconsolável. A mulher simplesmente não conseguia lidar com a dor do luto, e o desespero dela só tornava tudo ainda mais pesado.
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Amizades imperfeitas
Ficção AdolescenteEm Cancún, no México, Sofya e Emma celebram 20 anos de amizade inquebrável, desde os tempos de infância. Elas são mais do que amigas; são irmãs que compartilham tudo, ou assim pensavam. Quando uma conta anônima misteriosa começa a publicar detalhes...