Capítulo 02

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Suas narinas dilataram instantaneamente ao inspirar o ar fresco. A brisa gélida em conformidade com os raios solares. Você e Hatake estavam em um gramado mais puramente verde. Diversas tonalidades de verdes revestidas por raios de sol. Desde as mais escuras às mais claras. A parte exterior da residência de seus pais sempre fará parte de suas memórias. O extenso e conflituoso jardim, com as flores mais coloridas naquela extensa casa tradicional.

Você não deixou de extraviar o olhar para uma árvore específica naquela área. A espécie Sugi. Árvore de cedro encontrada em templos budistas, construções arquitetônicas nipônicas e ironicamente no meio do jardim dos seus pais.

Suas folhas verdes e seu tronco de nove metros, ou mais, proporcionalmente marrom. Seus galhos extraviados e outros enrustidos. E, no centro do tronco, simetricamente medido na altura de seu abdômen, havia cortes profundos. Arranhões. Marcas desproporcionais e deformidades.

Recuando com passos silenciosos, Kakashi observava você. Ele contemplou cada ato seu. Como se simplesmente estivesse revivendo os mesmos flashbacks que você recebia naquele momento. Tudo ali lembrava o passado. O seu passado.

— Achei que tinham tirado a árvore daí… Ela ainda possui suas marcas. — você lembrou, a voz baixa e serena envolta pela taciturnidade do ambiente. Tudo estava quieto, apenas os pássaros cantavam. Lançou o olhar para as mãos e encontrou algumas cicatrizes. — Prodígio… Tch… — um riso soproso e amargo. — Eu detesto esse lugar.

Ele não respondeu, aquela expressão de vazio habitual e rotineira. As mãos dele nos bolsos e a sacola pendurada no pulso. Apenas o observou, lamentando mentalmente as situações que você precisou enfrentar desde muito nova. Hatake acompanhou a maioria delas. Essa era você quando pisava na casa de seus pais. Obtinha memórias desencadeadas, e a cada maldita lembrança, uma cicatriz pelo seu corpo era a prova da existência de todas estas.

— Veja… — Kakashi aproximou-se, tirando a mão do bolso quando apartou algo. Ele gentilmente não deixou você dar continuidade. — Precisamos entrar… Não há motivos específicos para ficar mais aqui, olhando… Sua avó pode se precipitar…

— Certo…

— Coloque isto em algum pulso. — ele pediu, expondo uma faixa escura, elástica e extensa. Deu-lhe antes de darem continuidade aos passos.

— O que tem em mente?

— Eu tive uma ideia… Talvez não acreditem intensamente, mas pode servir… O segredo é se manter em silêncio e entrar em sincronia comigo. Não responda o que for perguntado ou apontado. Elas mesmas se entregarão.

Desconexa, você consentiu e colocou o elástico em seu pulso. Enrolou-o muitas vezes até estar enfaixado. Não sabia o que ele faria, mas confiava em Kakashi. Com a sua vida. Até se lembrou de como ele fazia quando eram crianças, inventando alguma mentira para sua família juntamente. Ele não mudou nada, e você continuava o adorando.

Seguiram o caminho e atravessaram o shōji, deixando as sandálias no início do parquet. O corredor à frente era extenso, e a cada passo você sentia-se um pouco trêmula. A decoração tradicional nipônica e algumas plantas no ambiente, as luzes fracas e amareladas e até mesmo uma pequena fonte de água no canto, feita de bambu, o lembrava de quantas vezes já passou por ali quando pequena. A decoração japonesa continuava intacta, assim como os papéis tão brancos do shōji.

As vozes familiares ficavam cada vez mais rentes. Sabia que estavam vindo da cozinha, e por isso seguiram até lá. Kakashi não precisou de esforço algum para saber que estava nervosa. Ele apenas olhou no fundo de seus olhos e deu uma leve confirmação com a cabeça.

𝐀 𝐃𝐀𝐃𝐃𝐘 𝐅𝐎𝐑 𝐌𝐘 𝐁𝐀𝐁𝐘, kakashi hatake [hiatus]Onde histórias criam vida. Descubra agora