━━━━━ 𝐀𝐦𝐚𝐥𝐝𝐢𝐜𝐨𝐚𝐝𝐨𝐬
Após anos morando em Kawagoe, Himawari volta para Tókio para reencontrar sua mãe, que agora tem sua guarda devido ao falecimento de seu pai. Sua mãe lhe contou sobre os bens que sua falecida irmã, Ahmya, deixou pa...
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O tempo nublado me fazia questionar o fato de se, talvez, o sol apareceria ainda hoje. Estava no avião, um vestido preto de mangas compridas e gola alta descansava sobre meu corpo, junto à uma sandália da mesma cor. Nada de colares, anéis, unhas pintadas, brincos ou qualquer tipo de maquiagem. Apenas eu.
Meus olhos ainda inchados devido ao excesso de lágrimas que derramei durante toda a viajem para Tóquio. Estava destruída.
Meu pai, meu doce e maravilhoso pai havia falecido há dois dias, morto atropelado por algum idiota bêbado que com certeza não sabe o quão errado é dirigir após uma noite louca com os amigos, causando a infelicidade não só de famílias alheias, como de sua própria, com sua morte e a morte do trabalhador a quem atropelou.
Realmente não entrava em minha mente como seria minha vida sem meu pai. Ele foi tudo para mim após seu divórcio com minha mãe há dois anos. Ele estava se recuperando. Estava em um emprego bom, com colegas que realmente gostavam dele, de conversa com uma mulher linda e gentil, um bom pai após sair de todo aquele vício com bebidas alcoólicas.
Eu o amo, sempre o amarei.
Mas agora estaria vivendo com minha mãe, sem ele, sem seu amor, mas agora, com o amor de minha progenitora.
Estava pousando no aeroporto, limpava uma lágrima que cismava em cair contra minha vontade, respirava fundo e finalmente me levantava para de pudesse sair do avião.
Ao sair, senti o vento gélido do dia, mas continuei, indo em direção a cobertura no intuito de achar minha mala, soltando um leve suspiro de satisfação ao vê-la na esteira de bagagens. Peguei o objeto preto um pouco pesado devido ao conteúdo em excesso que continha dentro. Saí dali e peguei um taxi em direção a casa de minha mãe, agora minha.
Via as casas, lojas, prédios, instituições e qualquer outra estrutura que Tóquio tinha a oferecer, era lindo e era bom estar em Tóquio outra vez, mas não nesta situação. Quero ir para casa e chorar, é pedir muito?
Alguns minutos se passaram até finalmente chegar na moradia da família Mikan, paguei o taxi e saí do veículo com minhas malas, meu olhar acompanhou o carro seguir caminho até sutilmente sumir de minha vista. Fechei meus olhos e suspirei antes de olhar para frente e ver uma casa pequena de dois andares de cores bege e marrom com um lindo jardim em sua frente, causando uma falsa sensação de conforto.
Suspirei um pouco nervosa e me direcionei até a porta da casa, batendo levemente. Esperei um pouco e logo o objeto de madeira foi aberto e uma mulher de longos cabelos vermelhos amarrados em uma trança bagunçada, vertida de um simples vestido florido verde e um avental preto apareceu.
Seus olhos âmbar se arregalaram e seus finos braços me agarraram em um abraço desesperado e rodeado de carinho e aconchego. Senti suas lagrimas em meus ombros, ela então começou a soluçar, a abracei. Mamãe sempre foi sentimental e muito chorona, uma das coisas que herdei dela.
Sentia seu avental molhado em contato com meu vestido seco, mas não me importei, apenas de estar nos braços de minha mãe outra vez me deixa feliz.
Ela saiu de meus braços ainda tremula.
- Oi, mamãe. - disse simples com lágrimas em meus olhos.
- Meu bebê... É tão bom vê-la novamente. - suas mãos descansavam em meu rosto com tanta delicadeza que por um segundo questionei-me se realmente era uma humana ou uma boneca de porcelana de um colecionador dedicado.
Olhei para trás da ruiva e pude ver minha irmã parada, em um completo choque. Seus olhos encheram-se de lágrimas e seu rosto se contorceu em uma expressão chorosa, ela correu em minha direção, correu como se sua vida dependesse disso, e me abraçou, tão forte que cambaleei para trás, quase caindo.
Eu a abraçava fortemente. Seus cabelos estavam curtos e mais vermelhos do que nunca, seu suéter preto caia super bem nela e seu cheiro estava tão forte quanto jamais foi. Ela não só chorava, ela berrava enquanto me apertava ainda mais. Mamãe abaixou-se e nos abraçou, depositava beijos por nossas cabeças enquanto apertava o abraço.
Chorávamos como três crianças.
- Não vá embora... Eu te imploro, Samy... - implorou minha irmã.
- Não irei, Mit... Nunca mais as deixarei. - prometi tocando seus rostos e intercalando meus olhos entre os de Mitsuke e os de minha mãe.
...
Fazia algumas horas que já estava em casa, mamãe e eu tivemos uma longa conversa enquanto Mitsuke comia uma sala de frutas e fazia sua lição de casa. Tínhamos muito o que falar, tanto sobre meu pai e minha vida em Kawagoe quanto sobre o falecimento de minha irmã e como ficou a vida após sua partida.
Minha falecida irmã, Ahmya, morreu há dois anos, foi um acontecimento horrível. Após a morte de seu namorado, Ahmya se suicidou dias depois. Lembro-me de ter que ir em dois funerais em uma única semana. De ver os irmãos de meu cunhado chorarem tanto que tremiam. Não fiquei por muito tempo, vendo que meu pai não aguentou continuar na cidade, aproveito que já estava divorciado de mamãe e me puxou para Kawagoe sem me dar chances de me despedir dos meus amigos.
Ela me contou sobre tudo, sobre o clima que ficou a casa, sobre como foi difícil fechar a casa do falecido casal após suas mortes, sobre as investigações, o intrometimento de gangues, a criação de novas gangues, a volta do perigo nas ruas...
Ela me contou tudo.
Também contei sobre minha vida em Kawagoe, como papai havia deixado o vicio em álcool, sobre minhas brigas na escola que quase me levaram ao reformatório, sobre meus romances que deram errados, minhas brincadeiras com meu pai e seus amigos, a vez que briguei com mais de dez garotas e como deixei metade no hospital.
Ela apenas ria de tudo, em seus olhos, uma pequena tristeza descansava. Ela sempre amou meu pai, mas seu vicio a obrigou a se divorciar, todos sabiam disso.
Escurecia e o cansaço me dominava, ajudei minha mãe na janta e depois de muita conversa tanto na cozinha quanto na mesa de jantar, finalmente fomos dormi.