Capítulo 3

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De volta a CatCo, passei o dia me esgueirando da senhora Grant e trabalhei até as 7 da noite, quando todos do departamento já tinham ido.

Desci no elevador e, ao sair pelo hall, vejo uma Mercedez brilhante e uma figura encostada nela, tomo um susto. -Não pensou que ia se livrar fácil de mim, pensou? -A motorista pergunta imponente.

-Não, eu, eu só... - Gaguejava e arrumava os óculos tentando me explicar - Foi a confusão do incêndio!

-Ah, sim... Você sumiu quase tão rápido quanto a Supergirl surgiu!

-Ah, ela apareceu? Que bom...

-Não soube?

-Não, eu... Ei, como me encontrou aqui?

-A CatCo é um prédio bem grande, não foi tão difícil! -Disse com ironia.

-Mas como soube quando ia sair?

-Isso já me custou mais tempo. Que demora! É do tipo viciada em trabalho?

-Olha isso já é perseguição!

-Foi você quem começou! -Com um sorriso sarcástico.

-Bom, eu estou aqui agora....

-Aceita beber alguma coisa?

-Olha, eu...

-Vamos, não vai ser um interrogatório!

-Você não morde? -Perguntei com uma risadinha.

-Eu nunca disse isso...- Ela responde com um sorriso de lado e abre a porta do carro. Olho o assento do passageiro, pensando por um segundo "Agora é ela quem quer me encurralar?", e entro.

Ela dá a volta pela a frente do carro, põe o cinto de segurança e faço o mesmo.

-Pronta?

-Pronta!

Ela põe a mão no meu joelho, aperta. -Tenho certeza que vai ser uma noite interessante. -E o carro sai em uma arrancada.


XXX


Dirigimos por uns cinco ou sete minutos em silêncio, somente com o som do ronco do motor potente. Paramos em frente a um pub um tanto discreto - Gosto de lugares mais reservados - disse abrindo a porta do lugar para mim -nos dará mais privacidade... Ainda mais pessoas como eu um tanto... Expostas! -Sentamos em uma mesa, no canto.

-Boa noite, senhoritas! O que vão querer?

-Um whisky, por favor! Irlandês.

-Gelo? Não.

-E a senhorita? -Pergunta o garçom a mim.

-Ah... Eu... Eu...

-O mesmo pra ela! -Lena decide. O rapaz acena com a cabeça e se retira.

-Eu costumo pedir coisas mais doces...

-Tenho certeza que você já é doce o bastante!

-Então você é doce também?

-Eu? Não, pelo contrário. No meu caso os problemas são tantos que uma bebida quente parece com água! -O garçom chega com as doses e ergo o copo em um brinde e digo com um sorriso -Uma bebida forte para uma mulher forte, não é?!

-Se está dizendo... -diz ela devolvendo um sorriso de canto. Ela é do tipo que mantém os cotovelos na mesa e os olhos fixos no seu alvo, não como quem encara, mas observando todo o tempo...

-Então, senhorita Danvers! - Me fale sobre você!

-Sobre mim? O que gostaria de saber?

-Tudo! Digo, as outras vezes foram bem apressadas.

-Realmente, e esse é apenas nosso terceiro encontro, trocamos só umas poucas palavras... Me surpreende que tenha algum interesse em saber sobre mim!

-Bom, não deveria? Quero dizer, imagino que sinta o mesmo!

-Você é uma mulher... Intrigante, senhorita Luthor, não espere menos.

-Digo o mesmo! - Falou tomando um gole da bebida.

-É? e por que me acha interessante?

-Me diga você! Me mostra o porque vale meu tempo e minha companhia. Do contrário, vou embora. E imagino que não quer isso, afinal foi você quem me procurou primeiro!

Cada palavra sai limpa e decidida, não há tremor em sua voz. Lena Luthor é intimidante e direta, mas por sorte, mesmo me sentindo suscetível, há algo em tudo isso que me incita. Ponho um gole da bebida na boca e sinto bem o gosto antes de engolir. A encaro. -Tudo bem!

-Bem...Kara Danvers; repórter na CatCo; crescida em National City...

-Ok! Isso foi tudo? Uma entrevista de emprego? Garçom a conta, por favor...

-Ei! - Seguro a mão dela - Não... Eu só... Só sou ruim em falar sobre mim mesma. Pergunte o que quiser - Digo baixo como um cochicho e ela sorri

- Ou talvez, isso seja uma tentativa de esconder que não tenha nada que me surpreenda...

- Por que não tenta descobrir...?

Isso a faz morder o lábio inferior. Nessa jogada eu encurralo ela, mas ela também parece gostar disso.


XXX


Ela termina a bebida num gole e faço o mesmo. Ergue a mão, mas dessa vez é para pedir mais dois drinks e de trás do bar o garçom assentiu entendendo o pedido.

-Volto num minuto! - Ela avisa e vai ao sanitário. Aguardo inquieta. Ao redor há apenas um casal perto da entrada e um cara de gravata afrouxada no balcão do bar, minha ansiedade faz parecer uma eternidade, mas as várias olhadas no celular dizem que só se passou dois minutos. Mirando meu colo, me assusto sem perceber sua volta. Dessa vez ela não se senta à frente e sim ao meu lado me pegando desprevenida.

O garçom volta com os copos novos e brindamos novamente. -O que está achando da bebida?

-Nunca provei um escocês, mas com certeza o irlandês é muito agradável!

-Nós não deixamos a desejar! - Ela diz. Ergo as sobrancelhas, curiosa -Minha descendência é de lá - ela explica

-Dublin?

-Ashford! Deveria ir um dia.

-Não com o salário de uma repórter - digo.

-Quem sabe não vamos juntas? - ela me faz rir - Lhe apresentaria minha família.

-Sua família? - Pergunto e ela toma um pouco do líquido dourado. Quando entendi, senti meu rosto corar.

Sinto sua mão no meu joelho, e ela pressionou de leve. Passa a mão pela minha coxa e isso me arrepia. Entre conversas terminamos o segundo copo quase ao mesmo tempo. -Duas doses são o suficiente, mas adoraria sentir um pouco mais o gosto desse whisky - ela diz. Estava muito bom mesmo. Nunca tinha tomado antes, mas adorei, disse:

-Realmente... Ainda estou com o gosto na boca...

E sem que tivesse tempo de pensar minhas palavras ela segurou minha mandíbula com uma das mãos. -Então deixa eu sentir mais um pouco! - disse baixinho, e me deu um beijo denso e demorado.

Efeito KryptonitaOnde histórias criam vida. Descubra agora