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A grande casa dada pela academia, com suas arejadas janelas de vitral que já tinham o hábito natural de acordar Alhaitham no mesmo horário, faziam funcionalmente seu trabalho quando aquele par de olhos azuis lentamente se abriram em uma segunda feira na nebulosa em Sumeru. Um pouco receoso e sonolento, caminhava devagar até as portas da varanda; abriu as mesmas e se sentiu invadido pela claridade que vinha do sol coberto pelas nuvens.

— Acho...que devo pegar um guarda-chuva.

[...]

Ao descer pelas escadas, Alhaitham prolongou o olhar adiante como se tivesse pressa em ver o andar de baixo antes mesmo de chegar nele. Curvou um pouco a coluna e pode ver os pés descalços do arquiteto dando a volta no balcão da cozinha e em seguida se levantado na tentativa de alcançar algo.

— Ora ora, passei pelo seu quarto e a porta estava fechada. Achei que ainda estava dormindo como sempre. — o mais alto disse, vendo kaveh deslisar a mão pelas tigelas de porcelana.

O loiro arqueou as sobrancelhas e rebateu — Ainda bem que sempre tenho tempo pra estar dormindo. Melhor do que andar pra cima e pra baixo sendo o "faz tudo" da academia.

As provocações matinais sem motivo algum já havia virado rotina, brigavam e se alfinetavam simplesmente por estarem no mesmo ambiente. Não sabiam quando isso havia começado ao certo mas sabiam que isso estava longe de acabar.

— Pelo menos eu tenho um emprego fixo... — Alhaitham jogou de volta, levantando o olhar diretamente ao colega que ainda permanecia de costas — Sou reconhecido pelo meu excelente trabalho... Não vivo de arrumar trampos depois ficar brincando com palitinho de picolé. — enfatizou.

"Desgraçado" pensou o loiro enquanto se virava rapidamente. Com um sorriso sínico e um uma tigela de cereal, Kaveh passou pelo outro homem com o olhar cerrado e seguindo em direção as escadas. O acinzentado ria silenciosamente,de forma fechada e convencida pelas costas do rapaz.

— Sabe, senhor gênio...— o menor parou e se virou do volta pra Alhaitham que cruzou os braços dizendo "hm" ainda com o olhar levantado enquanto ele se aproximava. — Deveria cobrar mais pelo seu "reconhecimento" até porque eu não vejo uma plaquinha de funcionário do mês com a sua foto quando vou na academia...

— I daí ? — o Maior indagou.

— I dai que você não passa de um empregadinho. — ele riu — Não é forte o bastante pra ser um cavaleiro, nem tem autonomia pra parar de ser escravizado. Você é um completo idiota Alhaitham.

O mais alto mantinha a expressão fechada e simplista de desdém que ele sabia que seu colega tanto odiava. Sentia que poderia esmagar aquele rosto convencido mas sabia que era ele quem tinha o provocado inicialmente, não estava não posição de se exaltar e não ia dar aquele gosto der perder a linha para Kaveh. O mesmo que enfatizava aquelas palavras ao bater com os dedos contra o peito do colega.

— Espero que já tenha acabado porque eu estou de saída. — Alhaitham disse afastando a mão do menor e seguindo em direção à porta.

— Já vai tarde. — O loiro disse se virando e subindo as escadas.

O acinzentado se conteve de continuar aquela discussão em respeito a sua própria moralidade; "que tipo de pessoa eu seria se ficasse dando palco pra esse ninguém aí" pensou. Enquanto caminhava até a porta tropeçou nas chaves de Kaveh e logo se lembrou vagamente do mesmo a procurando dias passados. Com um sórdido pensamento de simplesmente as chutar para debaixo da geladeira, Alhaitham preferiu recolhê-las e levá-las consigo, obviamente trancando o loiro em casa sem pestanejar.

— Quero ver você ficar vagabundando nessa cidade enquanto eu trabalho agora, otario.

                                           [...]

•Nimbostratus•  enemies to loversOnde histórias criam vida. Descubra agora