VI

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Nota da autora: hoje tem surpresinha de ano novo e natal pra vocês😘❤️

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Kaveh não se lembrava que a biblioteca da academia era tão grande. Quando na faculdade, ele adorava aquele lugar e admirava suas vidraças grandes que coloriram os livros com as conversão das cores. Suas mesas de madeira e ferro polidas que deixavam o lugar aconchegante. Sua época de universitário, não tão distante da realidade atual, foi umas das melhores da sua vida e ele amava a academia em que se formou.

Ao chegar, tudo estava em ordem e ele nem imaginava o caos de horas atrás e que só havia cerceado por conta de Alhaitham. Este mesmo que ele não queria encontrar, desconsiderando as altas chances e ignorando o fato de ser seu local de trabalho. Andou pelas prateleiras e procurou os livros de arquitetura. Não encontrava. Sessões de arte? Nada. Sessões de engenharia? Nada também. Por fim ele colocou as mãos na cintura e apoiou a cabeça sobre a prateleira de madeira.

"Que droga" pensou, desfrutando do seu próprio silêncio e do barulho frenético das batidas do seu pé contra o mármore do piso.

— Precisa de alguma coisa Kaveh? — o arquiteto escutou distante, aquela voz familiar e odiosa.

Ao levantar o olhar, lá estava Alhaitham, apoiado na varanda do seu escritório que ficava ironicamente no encontro das duas escadas, dentro da biblioteca, sendo o ponto intermediário entre ela e o salão principal, acima da serviço de atendimento e ouvidoria e abaixo da contabilidade. No centro.

Ele revirou o olhos e voltou a mexer nos livros , ignorando o escriba.  Obviamente ainda estava ressentido da noite anterior e não queria contato. Alhaitham desceu as escadas e foi em sua direção com sua expressão ilegível e cotidiana.

— Jogo do silêncio ? — indagou ele, sem ouvir uma contra-resposta.  — Eu não ligo para essa infantilidade boba mas os livros da sua áreas estão pra lá. — Apontou para outro lado.

O arquiteto andou até o outro lado, ainda ignorando ele. Oque nada adiantou pois Alhaitham continuava o seguindo, como uma sombra. Quando o livro foi avistado, o loiro apressou seus passos para tentar alcançá-lo. Antes que pudesse notar, O rapaz alto estava entre ele, sendo mais rápido e pegando pra ele.

— Não doeu em mim. Doeu em você? — disse irônico.

— Corta o sarcasmo Alhaitham. Você não me engana. Porque está sendo gentil ?

O acinzentado cruzou o cenho e arqueou as sobrancelhas. Encostou o corpo contra a estante e olhou pra ele.

— Só estou fazendo meu trabalhado, até porque, eu sou funcionário daqui.

— Tá, sei....— respondeu desconfiado.

Por um breve momento, Kaveh se permitiu olhar nos olhos dele, distraídos por um estante, estavam azuis e vibrantes como sempre. Olhos estes que também olharam de volta como um feche de luz entre o silêncio. O contraste do laranja avermelhando e azul oceânico era bonito de se admirar.

— Fiz uma coisa engraçada hoje... — Alhaitham respirou fundo.

— Seu trabalho não me interessa. — Kaveh cuspiu as palavras.

— Dessa vez talvez interesse...

O loiro tirou os olhos do livro e olhou confuso para o outro. Se perguntava mentalmente oque Alhaitham haveria feito dessa vez que sujaria mais sua integridade... Vale ressaltar que o arquiteto encarava aquela iniciação de diálogo como uma provocação e não como oque realmente era: um desabafo.

— Oh, não...Oque você fez com meu nome?

— Nada. Eu só, — O mais alto limpou a garganta, rindo um pouco. — disse pra Nahida que me comprometi a sermos amigos. Que idiotisse. 

•Nimbostratus•  enemies to loversOnde histórias criam vida. Descubra agora