Capítulo - Cinco

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And you said you'd make a promise

But a promise never stays

So how am I supposed to act when

It's just how it is nowadays?

Wish I Loved You In The 90s – Tete McRe

Janeiro de 2021

Com a festa de bodas dos meus pais chegando, as coisas estavam ficando mais corridas aqui em casa. Já perdi as contas de quantas vezes eu já fui na rua comprar coisas pra decoração. Tive que modificar todo o portfólio de como seria a decoração umas mil vezes. Minha mãe estava uma pilha. Meu pai estava na maior tranquilidade, apenas acatando todas as ordens em silêncio para não deixar minha mãe mais pilhada do que ela já estava.

Janeiro é um mês meio doido, pode fazer um sol escaldante de dia, mas de noite pode chover como se o mundo fosse acabar, e esse era meu maior medo, por mais que a festa fosse ser a tarde, não podíamos prever se ia ou não chover. O quintal aqui de casa não tem cobertura e em momento nenhum pensamos em tendas ou lonas. Na verdade, eu pensei, mas minha mãe disse que não precisava não irá chover no meu grande dia. Se ela disse, quem sou eu pra discordar?

Andreza estava na cozinha montando os enfeites das mesas. Ela usava duas pistolas de cola quente ao mesmo tempo, me choco com a habilidade.

— Você é boa nisso, pirralha. — Me sento em uma das cadeiras vaga da mesa. Em cima da mesa tinha um monte de fitas, flores de plástico, algodões coloridos espalhados. Uma verdadeira zona de guerra, mas era a zona dela, não ousei tentar arrumar. — Já estão quase todos prontos?

Ela termina de colar mais uma margarida antes de me responder.

— Acho que só faltam uns dez. São enfeites pra trinta mesas ao todo, mas a mamãe mandou fazer o dobro, caso alguém queira levar pra alguém, sei lá. — Ela me diz sem perder a concentração ao preencher mais um pote de vidro com os algodões coloridos e depois preencher com margaridas, as flores favoritas da mamãe. — Como estão as coisas da decoração lá fora, tudo certo?

— Até agora, sim. Vamos ver daqui a meia hora. — A gente rir. — Mamãe já me fez mudar o quadro-portifólio umas mil vezes só hoje. Ela tá surtando.

— Ela tá. — Andreza para de fazer o que estava fazendo. — Mas estou amando ver ela assim. Ela vai fazer a festa de casamento que ela não teve. São trinta anos de casamento, imagina estar trinta anos com a mesma pessoa... — Minha irmã reflete sobre o que ela mesmo disse. — Papai foi o primeiro namorado dela. Se casaram cedo pra ela pudesse sair de casa porque o vovô não gostava do papai por ele não ser o tipo de homem que ele queria que ela se casasse. Maior merda. E agora ela vai ter a festa dela.

Andreza tem dezesseis anos, é extremamente inteligente e eu a admiro muito. Ela é minha bebê e eu não consigo imaginar nada de ruim acontecendo com ela. Ela tem a cara de durona, mas é toda manteiga derretida. Vive dizendo que não sonha em casa, ter filhos; e eu acredito e ninguém a força pensar o contrário. Mas quando se trata dos outros ela é toda pomposa e sonhadora.

— Como você e o Júnior estão? — Ela pergunta depois de uns minutos.

— Não estamos... — Uma corrente de ar sai da minha boca, como se eu tivesse prendendo a respiração. — Acho que nunca vou conseguir olhar pra ele de novo e ver aquele amigo que eu tinha. Sei lá...

— Mas porquê? O que ele fez pra você foi tão grave assim? — Ela para novamente o que estava fazendo pra prestar atenção no que eu fosse falar

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