Outubro, de 2014
Bruno estava na biblioteca junto de duas meninas de sua turma, Ana e Carla. Eles estavam fazendo um trabalho de história enquanto conversavam sobre assuntos banais.
Ana tinha cabelos volumosos, ele parecia com o de Clara, sua irmã. Carla tinha o cabelo ruivo desbotado — ela precisava retocar a coloração. As meninas estavam contando a Bruno sobre os acontecimentos da última festa na casa de uma menina do terceiro ano. Eles já tinham sido advertidos duas vezes por causa das risadas altas. Bruno não conseguia controlar sua risada, sempre que uma das meninas contava alguns vexames que alguém que ele conhecia passou na festa, ele desatava a rir. Ele ficou surpreso sobre alguns casais que se formaram lá.
Em alguns momentos ele se arrependia por não ter ido, seria divertido ter assistido tudo isso de perto, mas a sensação de paz — porque ele não era fofoca na boca de ninguém — era muito boa. Ele podia julgar em paz sem ter ninguém para lhe apontar o dedo por ter feito algo vergonhoso também — não que ele fosse fazer algo vergonhoso caso fosse na festa. E não que ele fosse de fato julgar alguém, quem ele era ele pra isso.
As meninas revelaram que cada uma ficou com algum garoto do time, e nesse momento ele sentiu um alívio grande por saber que Junior não era um desses meninos, porque o mesmo estava com ele assistindo filmes de terror até tarde da noite de um sábado, deitados na cama dele.
Bruno já tinha terminado sua parte do trabalho e estava apenas observando as meninas fazer a parte delas, enquanto ele fazia hora esperando o treino de futebol de Júnior acabar pra eles irem embora juntos.
De repente eles foram surpreendidos por um garoto que entrou gritando na biblioteca. Eles voltaram sua atenção pra onde vinha a pessoa gritando o nome de alguém.
— Bruno! — Bruno escutou gritar seu nome. Quando o garoto apareceu na parte da biblioteca que eles estavam, Bruno percebeu que ele estava com o uniforme do time, na mesma hora seu corpo gelou. — Bruno! Corre. Júnior desmaiou no campo, cara. — O garoto disse ofegante. Ele devia ter corrido muito até ali, já que a biblioteca e o campo ficavam em lados opostos da escola.
Bruno levantou, tonto com a notícia. Ele já estava prestes a sair correndo quando Clara o chamou:
— Bruno, sua mochila! — Ela jogou pra ele, enquanto Ana já catava tudo que estava sobre a mesa para que elas pudessem ir com ele também. Mas Bruno não as esperou.
Mesmo tendo corrido muito até ali, o garoto do time ainda tinha mais disposição que Bruno para correr até o campo, pois ele conseguia ir na frente. Algumas pessoas que ainda estavam na escola tinham sua atenção chamada pelos dois correndo pelos corredores desesperados.
Quando passou pela porta pros fundos da escola, Bruno teve que desacelerar um pouco por causa da claridade do sol.
Quando chegaram no campo, havia um grupo de garotos em uma roda do lado de fora do campo. Bruno abriu caminho entre eles e viu que Júnior estava deitado sobre um dos bandos de descanso.
— Will! — Bruno chamou o melhor amigo assim que parou ao seu lado. — Júnior! — Ele pensou em sacudi-lo, mas não seria uma atitude inteligente.
— O treinador foi pegar o carro pra levar ele pro hospital. — Alguém do time disse.
— Cadê a mochila dele. Cadê a bombinha dele? — Bruno gritou.
— Não achamos na mochila dele.
Bruno procurou aonde ele jogou sua mochila. Quando a achou, abriu com brutalidade, sem se preocupar se estragaria o fecho dela. Ele a revirou e achou o que procurava. Ele correu pro lado do melhor amigo novamente e colocou a bombinha de asma em sua boca e a apertou.
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Sempre Foi Você
Romance::::::::::LIVRO CONCLUÍDO:::::::::: Cinco anos é tempo suficiente para esquecer uma mágoa? Cinco anos é tempo o suficiente para perdoar alguém? . Bruno terá que descobrir isso na marra, agora que seu ex melhor amigo está vindo para a festa de bodas...