Capítulo - Um

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Janeiro, de 2021

Minha mãe estava eufórica.

Acordou todos batendo de porta em porta para descermos e começar a fazer os planejamentos da festa de bodas dela e do papai — quem ficaria com o que. Eu tentei negar a participar, mas é impossível quando minha mãe e meu pai estão animados. Me dava ânimo para participar dessa loucura toda que seria esses dias na casa deles.

Minhas irmãs mais novas, Clara e Andreza, sempre entravam na pilha dos meus pais — mais da minha mãe que do meu pai —, e ficavam tão animadas quanto eles. Eu fui intimado a colocar as minhas primeiras férias pro mês de janeiro, só pra ajudar elas em todo o preparativo. Então eu tentei usar elas como desculpa para tentar correr da organização da festa, mas era impossível quando se tem minha mãe na frente.

Eu consegui aproveitar mesmo apenas duas semanas das minhas férias, viajei e só. Meus pais me ligaram há uma semana avisando que eu deveria estar aqui, e eu tinha certeza que eles me obrigariam a passar o restante do mês na casa deles. Vai fazer um ano que eu saí da casa deles, conquistei o meu espaço. Ainda estou pagando, mas pagando algo que futuramente será só meu.

A festa de bodas dos meus pais está sendo pensada a bastante tempo, não tinha como eu me importo a não ajudar, a não ser se eu quisesse que a minha mãe aparecesse na porta do meu prédio gritando pelo meu nome, fazendo todos os vizinhos descobrirem que existe um cara chamado Bruno morando ali, e que a mãe dele é maluca. E, não, eu não estou exagerando, ela faria exatamente isso.

— Escutem. — Começou minha mãe depois de reunir todos na mesa da cozinha. — Não teve nada de mais no Natal e nem no Ano novo. Não chamei família e nem coloquei vocês pra ralarem igual todos os anos, deixei vocês guardarem as forças e a disposição pra nossa festa de bodas de pérolas. Quero que todos vocês me ajudem, quero que seja tudo feito do nosso jeito. Não irei contratar decoradora porque sei que somos capazes de fazer isso. Apenas contratei um buffet. — Minha mãe está com uma caderneta e uma caneta nas mãos. — Andreza, que é viciada nesse celular, me orientou a comprar muita das coisas pela internet, e já chegaram. Outras coisas não vão ter jeito; vamos precisar ir na rua mesmo. Mas serão poucas, porque as mais pesadas o Cleiton, amigo do pai de vocês que é marceneiro, vai fazer pra gente. Então vamos apenas decorar mesmo. — Ela começa a escrever na caderneta. — Andreza irá fazer os enfeites das mesas, já expliquei como eu quero. Clara ficara comigo nos cortes dos tecidos das mesas e dos tecidos pro altar. Alguém vai ter que ir no centro comprar o que falta.

Claro que vai ter que ser eu, já que de todos o único sem tarefa até agora sou eu. Mas eu permaneço em silêncio pra ver se alguém se habilita antes de mim.

— Eu não posso. — Clara foi rápida ao falar.

— Clara não, você estará comigo nas compras de outras coisas. — Minha mãe voltou a falar — Andreza é avoada e acho perigoso ela ir no centro resolver isso.

— Ei! — Andreza cortou a minha mãe

— Ela não mentiu, pirralha — Eu digo apertando seu nariz. Andreza é a mais nova de nos três, Clara é a do meio e eu sou o mais velho. Ela é esperta e muito madura pra apenas dezesseis anos, porém é muito briguenta, talvez a preocupação da minha mãe seja mais isso, do que ela ser avoada.

— Então sobrou pra você, Bruno.

— E quando não sobra, senhora? — Digo bebendo meu café. — Mas só tem um problema, só vou pode ir na rua quando acabar de fazer um serviço que eu estou fazendo por fora. Estou de férias, mas ainda tenho uns serviços particulares.

— Ok. Seu pai te leva e te busca no metrô, pra ser mais rápido. Depois conversa com ele sobre as disponibilidades de vocês dois. — Minha mãe apontou sua xícara pra mim e pro meu pai, que fez um gesto continência

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