Prólogo

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Alguns dias atrás… 

Era para ser só mais uma ronda pelas proximidades, a Agência do FatGum ficava em um bairro perto da feira local e de vários restaurantes, ou seja era uma área bem movimentada e precisava ser observada para ver se nenhum movimento estranho acontecia. Kirishima e Tamaki ficaram responsáveis com a parte noturna, nenhum deles reclamou, afinal estavam ali para isso. Crimes não escolhiam os horários para serem feitos. 

Bom, nem todos. 

— Quer fazer uma pausa naquele café, Amajiki? - Kirishima perguntou. Após os dois terem dado algumas voltas, ambos acabaram cansando e precisavam de algo para beber. 

— E se brigarem com a gente? E se algo acontecer enquanto estamos nessa pausa? E se.. 

— Ei ei, calma ai! - O ruivo pegou em seus ombros e franziu a testa — Nós olhamos todos os lugares, mais de quatro vezes! Uma pequena escapada não vai fazer mal… mas se quiser continuar eu não vou retrucar. - “não em voz alta” Ele pensou. 

Tamaki deu uma boa olhada em seu companheiro e no ambiente em sua volta, realmente os dois tinham checado tudo e as ruas não estavam tão movimentadas como de costume, casais, famílias e universitários saíam dos restaurantes. Já se aproximava das 22:40, ou seja, pouquíssimas pessoas estavam vindo para aquela parte da cidade. 

Ele respirou fundo, como se estivesse fazendo a decisão mais importante de sua vida, e tentou esboçar um sorriso tímido no rosto. 

— Certo… acho que não vai fazer mal, mas não vamos demorar muito e quando a gente terminar, voltamos direto para a Agência. 

— Graças a deus - Kirishima riu — Minha garganta tá implorando por um líquido! 

Os dois se apressaram e entraram na cafeteria mais próxima, o lugar estava quieto e silencioso, mal sabiam eles que aquela era uma das cafeterias mais populares do bairro. Na verdade, é de se impressionar eles não saberem sobre isso, já que fazem estágio com o FatGum há alguns meses, mas ele não gosta muito de cafeína, por isso mal frequenta cafeterias. 

Kirishima guiou seu companheiro e foi até uma mesa bem afastada da entrada, nos fundos do salão principal. Fora eles, apenas um casal e um senhor lendo um jornal estavam presentes naquele estabelecimento. Uma das atendentes veio com o cardápio nas mãos e os avisou que eles precisavam ser um pouco rápidos, pois o horário de fechar já estava se aproximando. 

— Pode deixar! Vamos só escolher um cafezinho, amor - Eijirou disse, em um tom calmo, ao contrário de Tamaki que se segurou muito para não se levantar e sair imediatamente do lugar. 

— V-vamos logo com isso, não gosto de fazer os outros esperarem por mim… 

— Jesus, Tamaki! Já estou indo, espera só mais um segundinho… 

Foi realmente preciso de apenas alguns segundos para a invasão acontecer. Tudo foi rápido demais, o que era para ser um “simples” assalto se tornou em uma catástrofe terrível.

Acontece que três companheiros de crime entraram naquela cafeteria, eles tinham planejado roubar todo o dinheiro do caixa e sair antes que a polícia chegasse ao local, o senhor de idade que lia o jornal em uma das mesas era um informante. Foi confessado mais tarde que ele já tinha falado para eles invadirem antes dos estudantes da UA aparecerem, e como ele não era muito antenado acabou supondo que eram adolescentes comuns, não aspirantes a super heróis.

E como eles estavam treinando para aquele tipo de situação, não poderiam simplesmente ver o assalto acontecer enquanto se escondiam nos fundos da cafeteria. 

Foi Tamaki que tomou a iniciativa, ele havia comido polvo e crustáceos mais cedo então pode se beneficiar com o uso de sua individualidade. Kirishima foi logo atrás, se endurecendo e indo para cima dos assaltantes. Porém eles também estavam prontos para revidar com suas próprias individualidades, um deles tinha uma força sobre-humana, outro podia controlar qualquer objeto que fosse feito de madeira. O último deles, no entanto, era o mais forte. Ele podia se teletransportar. Não era parecido com o poder do Kurogiri, lembrava mais como o do Netuno dos X-Men, em uma hora ele estava ali, na outra estava atrás de você. 

Era imprevisível, silencioso e assustador. 

Amajiki ficou cuidando dos que estavam mais perto da caixa registradora, deixando Eijiro com o resto. O cara do teleporte parecia ser o cérebro da operação e por algum motivo estava mais afastado dos outros dois, Kirishima foi com tudo para ele, usando sua individualidade e seu amplo conhecimento de lutas marciais. 

Mas, como dito antes, esse vilão era imprevisível. Não demorou muito para o garoto notar qual era o seu poder e assim que identificou, era tarde demais. Em menos de segundos, o vilão estava nas costas de Kirishima, não deu nem tempo de piscar. Ele foi lançado contra a parede, mas não levou tanto dano por estar com sua quirk ativada. 

O cérebro dele concluiu que seria melhor usar o “Unbreakable”, uma de suas técnicas mais poderosas. Ele conseguia se endurecer mais ainda e cortar objetos duros, porém consumia muita energia e ele só ficava assim por 30 ou 40 segundos. “Deve ser tempo suficiente, certo?” Foi tudo que ele conseguiu pensar. 

A batalha prosseguiu, os estudantes infelizmente estavam em desvantagem, Tamaki conseguiu segurar os outros dois mas estava gravemente ferido, pingava sangue de seus braços e testa. Kirishima ficava rodando entre si, sem ter ideia de onde o próximo ataque do Vilão do Teleporte iria surgir. 

Quando Tamaki caiu no chão, seu desespero gritou mais forte. Ele o viu com sua visão periférica e foi correndo ajudá-lo, mas obviamente o vilão não tinha tempo para esperar o outro ser salvo. 

Kirishima Eijiro estava sem saber o que fazer, tudo acontecia ao mesmo tempo, sem dar um segundo de descanso. Aqueles vilões eram como máquinas, não paravam, não paravam de jeito algum. 

Ele sabia que aquele era o seu estágio de maior endurecimento e sabia que ainda lhe restava uns 10 segundos, mas ver aquela situação o deixou totalmente frustrado. Sua ajuda não era suficiente? Ele não iria conseguir salvar seu parceiro de equipe e as outras pessoas que estavam naquela cafeteria?

Eijirou respirou fundo, parou na frente de Amajiki e concentrou toda sua força restante. Os três vilões estavam vindo em sua direção, ele gritou a plenos pulmões. 

Aquela cena foi a última coisa que ele viu. Era a última coisa que ele lembrava. 

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Be my eyes, Katsuki | KiribakuOnde histórias criam vida. Descubra agora