Capitulo 6

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Chamas, estava sob sua carne, se fundiam com sua alma, se entrelaçando internamente, rugindo em busca de uma brecha. Quebrar o selo de um herdeiro era impossível, era colocado desde o Nascimento para conter seus poderes, e impedir que se revelem contra os pais enquanto vivem, para manter a ordem. Mas ela sempre tinha sua escolhida, alguém com a essência. E não havia precipitação quanto a isso.

- As chamas não, escolhem alguém a séculos, não se engane acreditando ser você, por ter uma fagulha de poder a sua disposição.
- Continue fantasiando, e aproveite seu cárcere.

Uma risada sarcástica foi o último som emitido antes do réu sumir a escuridão.

O barulho das portas se fechando ressoou pela sala, que seria mais uma vez seu abrigo na quela noite. A janela acima da sua cabeça estava aberta, e não impedia a chuva voraz que começava a cair sobre ela. Impedida pelas correntes de alcançar seu poder, se entregou ao frio, sem poder se encolher ou se aquecer.

Para alguém em que o espírito crepitava, as gotas congelantes eram tortuosas. Hally se pegou suspirando enquanto olhava a lua, cuja luz transpassava as densas nuvens, se martirizado e contorcendo diante a chuva acida escorrer por suas costas.

Seus pulsos já continham marcas permanentes que eram escondidas debaixo de joias caras e arrogância, seu orgulho era vestido como capa aquecendo as noites gélidas, enquanto sua mente era escudo as afrontas.

Mas logo a escuridão a tomou, a reivindicando para si. Afastando o quanto possível da luz do sol.

Trovões rugiram nos céus, as portas se abriram com delicadeza em um ruído seco, os criados já arrastavam os pés. Mascarados e com os apetrechos em mãos.

O estômago da Herdeira se embrulhou, bile subindo pela garganta, mas continuou irredutível.

Os criados, desvencilharam as correntes das paredes, mas não as tiraram, não eram tolos. Sabiam que seriam carbonizados na mesma hora. A empurraram a direção da banheira a baixo da sacada, construída especialmente para isso, a encheram de gelo e vinagre.

Seguraram e jogaram, seus ferimentos latejavam, mas o máximo de expressão que arrancaram dela foi um grunhido baixo escruciante de dor. Sabia que deveria continuar respirando, e contando as horas. As correntes foram mais uma vez presas.

O vento a açoitava, não aguentava mais, porém, a escolha não lhe fora concedida.
Em seus pensamentos, a única coisa que a concentrava era a seu objetivo, pois sabia que daqui a alguns anos seria sua vez de governar, e ela faria de tudo para proteger seu povo da guerra eminente.

Seu corpo todo tremia, já havia chegado a uma temperatura muito baixa, era doloroso, sua pele estava úmida e dolorida, sal fora despejado giras mais tarde no gelo derretido que se misturou ao vinagre.

Era inquietante, pelo menos seus ferimentos não infecionariam, e seu pai sabia disso, e aproveitará a deixa de cumprir o objetivo a fazendo sofrer.

- As chamas são meu refúgio, e a lua minha luz.

Repetia para si mesma, toda vez.

Após horas angustiantes, o sol voltou a dar as caras, e ela transitava ansiedade reprimida para sair de lá.

- Me tirem logo daqui. - Rangeu tentando se levantar.

Os cariados se apressaram a tirar as trancas, e dirigiram um olhar de pena para sua herdeira que nem de longe merecia o que passava.

Quando se levantou se secou e se envolveu em tecido de seda, e seguiu para o café da manhã, começando mais um dia que sabia que se tornaria um inferno pelos próximos minutos.

A mesa estava posta, frutas, queijos, pães, salgados e iogurtes. E seus pais sentados, que lhe aguardavam.

- Espero que nunca mais nos insulte com uma derrota tão humilhante quando essa. - disse com tom arrogante e começando a comer.

- Farei meu pior, e a próxima derrota humilhante não será a minha. - Hally sibilou com sarcasmo entre dentes.

- Espere o influunt antes de se precipitar.

- O resultado é nítido, minha fagulha como chama, irá te consumir.

- Vamos quer Hally, se as chamas realmente a escolheram.

- Você não perde por esperar.

Assim seguiu para seu quarto a passos largos, com um sorriso sombrio, tão afiado quanto uma lamina, ela era uma pantera e conquistaria seu trono.

Sua cama enorme a abraçava, sentia o queimar das chamas em suas costas, curando suas feridas recém-abertas.

Mais uma vez vestiu seu oniforme, sua capa, sua tiara. No pescoço levava suas correntes, o colar com o brasão da família. Que só era autorizado tirar em batalha, de qualquer cunho.

O tecido a envolvia, seus olhos transbordaram escuridão, embutida em ansiedade latente. Teria que enfrentar todos hoje. E sabia que cobrariam uma desforra entre os herdeiros, e sabia que Jony não saíra ileso das mãos de seu pai. A vitória fora acirrada.

Se envolveu em escuridão antes de sair ao sol, e desfilou sinuosamente pelas largas entradas de sua casa. Na entrada sua familiar a esperava, feroz pelo ocorrido da noite anterior. Seus corvos já se uniam para escolta-la param um novo dia.

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KestderOnde histórias criam vida. Descubra agora